Ataque americano redefine futuro do Oriente Médio

2025-06-23 HaiPress

Pentágono apresenta cronograma operacional de ataque ao Irã durante entrevista coletiva em Washington,nos EUA — Foto: Andrew Harnik/ AFP

Há diversas dúvidas sobre os desdobramentos do ataque inédito dos Estados Unidos contra as instalações nucleares do Irã na madrugada deste domingo. Um fato,contudo,está claro: se ele destruiu a capacidade iraniana de fazer a bomba atômica,o Oriente Médio e,portanto,o planeta estão mais seguros.

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Depois de simular hesitação e de afirmar que levaria duas semanas para responder ao pedido de Israel por bombardeios às centrais de enriquecimento de urânio do Irã,Donald Trump,autorizou um ataque surpresa que,nas palavras dele,“obliterou completamente” o programa nuclear iraniano. Pela primeira vez foram usadas armas capazes de atingir centrífugas e outros equipamentos instalados nas profundezas subterrâneas. A atitude de Trump foi correta.

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O principal alvo foi a usina de Fordow,incrustada numa montanha e apontada como principal base do programa secreto da bomba iraniana. Também foram atingidos o subsolo da central de Natanz (já danificada por bombardeios israelenses) e instalações de Isfahan onde se acreditava haver urânio em quantidade suficiente para uma dezena de artefatos nucleares. Os ataques se voltaram sobretudo contra alvos que Israel não teria como atingir com os armamentos de que dispõe. Até pelo ineditismo,é incerta a extensão dos danos,e o Irã afirmou que manterá seu programa nuclear.

A principal dúvida para o mundo está no alcance da reação iraniana,que determinará o grau de envolvimento dos americanos na guerra. Do ponto de vista militar,o Irã está enfraquecido pelos ataques israelenses das últimas semanas e pelo desmantelamento de suas forças títeres — como Hamas em Gaza,Hezbollah no Líbano e o governo Bashar Assad na Síria. O temor é que tente atingir os 40 mil soldados americanos em bases do Oriente Médio,boa parte em países do Golfo que não têm simpatia pela bomba iraniana,mas querem distância do conflito.

O regime dos aiatolás ainda conta com apoio dos houthis do Iêmen,que ameaçaram voltar a atacar navios americanos no Mar Vermelho. Com autorização do Parlamento,o governo de Teerã também se prepara para fechar militarmente o Estreito de Ormuz,passagem do Golfo para o Oceano Índico por onde circula diariamente um quinto do consumo global de petróleo. O impacto imediato será a alta no preço do barril,embora seja difícil avaliar por quanto tempo tal medida seria eficaz,tamanha a a devastação que Israel tem provocado nas Forças Armadas e no comando militar iraniano.

O governo Trump deu sinal de que não haveria mais ataques se o Irã voltasse à mesa de negociação,comprometendo-se a abandonar suas ambições nucleares. Também descartou pressão militar para derrubar o regime teocrático. As cicatrizes do Iraque e do Afeganistão são recentes e,apesar do ataque de domingo,há nítida vocação isolacionista nas hostes trumpistas. Um conflito amplo também não interessa a China ou Rússia,sustentáculos dos aiatolás. Ainda que a teocracia se mantenha,o Irã ficou mais fraco.

Um Irã sem artefatos nucleares é um cenário positivo para o planeta. O melhor que os iranianos têm a fazer é aceitar a derrota e negociar um cessar-fogo. Os fatos recentes demonstram que a insistência em criar uma potência nuclear capaz de ameaçar Israel e Estados Unidos só tem causado sofrimento — sobretudo para os próprios iranianos.

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