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O momento da animação chinesa
2025-03-11
IDOPRESS
Imagem do filme 'Ne Zha 2' — Foto: Divulgação
RESUMO
Sem tempo? Ferramenta de IA resume para vocêGERADO EM: 10/03/2025 - 21:02
"Ne Zha 2" Bate Recordes e Destaca Avanço Tecnológico Chinês
A animação chinesa "Ne Zha 2" quebra recordes de bilheteria,arrecadando mais de US$ 2 bilhões,e se destaca por sua excelência técnica,sinalizando avanços na corrida tecnológica com os EUA. Baseado na mitologia chinesa,o filme resgata o orgulho nacional e é visto como uma resposta ao autoritarismo. O sucesso reflete o crescente nacionalismo e a busca por autossuficiência tecnológica promovida pelo governo chinês.O Irineu é a iniciativa do GLOBO para oferecer aplicações de inteligência artificial aos leitores. Toda a produção de conteúdo com o uso do Irineu é supervisionada por jornalistas.
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Um sugestivo jogo de palavras se oferece a quem observa a atual turbulência geopolítica mundial juntamente com o momento vivido pela cultura de massa da China. Nas salas de cinema do país,um filme de animação tem quebrado recordes de bilheteria,com uma história que resgata o orgulho chinês em suas tradições folclóricas ao mesmo tempo em que inspira otimismo na competição com os Estados Unidos.
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Desde sua estreia oficial há pouco mais de um mês no feriado do Ano Novo chinês — a alta temporada de lançamentos de produções nacionais — o filme “Ne Zha 2” arrecadou mais de US$ 2 bilhões (R$ 11,5 bilhões). Tornou-se a primeira produção chinesa a entrar na lista das 20 maiores bilheterias do cinema mundial de todos os tempos. Subiu tão rápido que já está em sexto lugar,na cola de megassucessos de Hollywood como “Titanic” e “Avatar”.
Baseado num clássico da mitologia chinesa do século XVI,o filme conta a história de um menino com superpoderes,numa versão daoista da luta do bem contra o mal que embaralha o papel de heróis e vilões. Sinal dos tempos,muitos viram na trama um enredo antiamericano. Outros perceberam na rebeldia do protagonista uma rejeição ao autoritarismo em geral,ecoada em frases de tom anarquista de Ne Zha como essa: “Deuses e demônios nada mais são do que grilhões a aprisionar todos os seres.”
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Filmes com mensagens nacionalistas não são novidade na China. Muitos acabam virando estouros de bilheteria,com o incentivo do Estado. Quando Donald Trump deflagrou a guerra comercial de seu primeiro governo,TVs estatais mudaram a programação para ampliar o número de filmes antiamericanos. Na falta de novas produções,incluíram épicos dos tempos da vovó. A maioria sobre a Guerra da Coreia,quando soldados chineses e americanos ficaram pela primeira (e única) vez frente a frente no campo de batalha.
A mensagem agora não é tão óbvia contra os EUA,mas o primor técnico de “Ne Zha 2” virou motivo de orgulho associado à competição tecnológica entre as duas potências. Ao ser exibido em Nova York,os efeitos especiais arrancaram elogios até de críticos americanos. No ano em que o cinema chinês completa 120 anos,recordes de bilheteria foram celebrados na mídia estatal chinesa pela excelência técnica,quase tanto quanto o aplicativo de inteligência artificial DeepSeek.
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Enquanto isso,na economia e na política,a animação vem de sinais positivos que dão gás ao nacionalismo promovido pelo governo. Hoje,termina a sessão anual do Legislativo chinês,o acontecimento mais importante do calendário político. O evento serve como demonstração de força do Partido Comunista e de suas prioridades. Entre elas,a recuperação da economia e o investimento em ciência estão no topo. Algumas metas domésticas,como autossuficiência tecnológica,fazem parte da defesa contra ameaças externas. No discurso principal do evento,Li Qiang,o premier chinês,citou o termo “segurança” 25 vezes.
De modo inusitado,o caos gerado por Trump é visto como oportunidade. Ações agressivas como o tarifaço aplicado indiscriminadamente contra rivais e aliados abrem espaço para a China conquistar novos parceiros,acredita a elite do país. Depois dos últimos anos de baixo astral na economia,indícios de recuperação,como no combalido mercado imobiliário,dão esperança de que o pior já passou. Falta convencer a população de que não é mito.