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Lula precisa de seu próprio 'Desenrola'
2025-02-26
IDOPRESS
Nísia Trindade ao lado de Lula em seu último ato como ministra da Saúde — Foto: Ricardo Stuckert/PR
RESUMO
Sem tempo? Ferramenta de IA resume para vocêGERADO EM: 25/02/2025 - 22:53
Desafios de popularidade de Lula no terceiro mandato
No terceiro mandato,Lula enfrenta dificuldades de popularidade devido à sua gestão confusa e demissões controversas. Busca soluções como o programa Mais Acesso a Especialistas,mas precisa melhorar sua comunicação e decisões para evitar mais problemas. Medidas pontuais,como a liberação do saldo do FGTS,podem não ser suficientes para reverter a insatisfação popular. A clareza e organização são essenciais para sua recuperação.O Irineu é a iniciativa do GLOBO para oferecer aplicações de inteligência artificial aos leitores. Toda a produção de conteúdo com o uso do Irineu é supervisionada por jornalistas.
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Num momento em que atira para vários lados em busca de uma bala de prata que lhe devolva a popularidade ainda em queda,o presidente Lula carece,neste terceiro mandato,de seu próprio Desenrola,pois vem se esmerando em dificultar ainda mais as coisas para si.
A demissão de Nísia Trindade da Saúde,que cravei no site do GLOBO ainda no início da tarde de sábado,só foi confirmada nesta terça-feira,mesmo assim de forma oblíqua,que expôs uma cientista respeitada no meio acadêmico a um desgaste desnecessário e imerecido. Sim,porque uma coisa é reconhecer que Nísia padecia de problemas de gestão,que venho apontando nesta coluna há pelo menos um ano e que nada tinham a ver com a cobiça do Centrão por sua cadeira,aqui repudiada. Outra,completamente diferente,é submeter uma auxiliar a humilhação pública.
De nada adianta culpar a imprensa por cumprir sua obrigação de informar conversas,movimentos e decisões do presidente da República e de seus auxiliares mais próximos. Buscar bodes expiatórios para a forma atabalhoada como Lula vem conduzindo os processos nessa sua volta ao Planalto só dificultará que ele encontre a saída do labirinto de popularidade em que está metido.
Se a reforma ministerial está anunciada pelo menos desde o segundo turno,e se já começou torta com a demissão,também em capítulos,do responsável pela comunicação do governo,Paulo Pimenta,era de esperar que ela fosse feita de forma racional e ordenada,com diagnóstico mais claro do que se quer — e que a mudança na maneira de comunicar as coisas (para fora e para dentro) já começasse a surtir efeito.
Leia também: Reforma sem rumo não conserta nada
É inútil investir em vídeos simpáticos de Lula e Janja nas redes sociais para tentar aumentar a aprovação do petista quando os problemas de fundo seguem tratados na base da tentativa e erro,e mesmo a configuração do primeiro escalão atende a critérios tão pouco claros e a um cronograma tão atabalhoado.
Lula quer baixar a inflação com um estalar de dedos e,se não for possível,quer dar um jeito de anestesiar a população insatisfeita com a alta dos preços baixando medidas no varejo,como a ainda não detalhada liberação do saldo congelado do FGTS daqueles que optaram pelo saque-aniversário,mas foram demitidos depois e não puderam acessar o valor remanescente.
O casuísmo da medida fica evidente por um contexto óbvio: ainda em janeiro,o ministro do Trabalho,Luiz Marinho,disse na reunião ministerial que “sonhava” em acabar com essa modalidade de saque-aniversário,uma criação do governo de Jair Bolsonaro.
Não só não acabará,como o saque-aniversário parece ter passado a ser visto como uma forma de injetar dinheiro nas contas de quem compra menos com o salário. Qual a duração da medida? E,mais que isso,qual a chance de algo tão pontual levar quem acha o governo ruim a mudar de ideia?
Ainda no afã de melhorar sua avaliação,Lula parece aflito por marcas de gestão. Como o próprio Desenrola,aqui citado,não decolou,e o Pé-de-Meia,apontam ministros e especialistas em educação,tem alcance tão restrito que também não consegue emplacar,voltou suas baterias para o programa Mais Acesso a Especialistas.
Mas,de novo,quem é da área da Saúde diz que não será essa a salvação da lavoura e que os velhos mutirões conseguem resultados mais rápidos e mais facilmente associáveis ao governo federal por parte da população.
Se o presidente desenrolar seus processos decisórios,de preferência sem queimar aliados na fogueira da desorganização,passar a ouvir mais,retomar a ideia de frente ampla que o elegeu e deixar seu time saber o projeto para estes dois anos de mandato — não um slogan,mas um propósito —,deixará de criar mais dificuldades para a própria recuperação.