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Uma década após a derrocada de sua petroleira, veja como Eike tenta voltar à cena com combustível verde e cripto
2025-02-26
HaiPress
Eike apresenta projeto de supercana e lança token que custa US$ 1 com seu rosto — Foto: Glauce Cavalcanti/O Globo
RESUMO
Sem tempo? Ferramenta de IA resume para vocêGERADO EM: 25/02/2025 - 23:02
Eike Batista lança Supercana Criptoativo com Parceria Bilionária
Eike Batista retorna com projeto de supercana e cripto após derrocada. Empreendimento verde e criptoativo com imagem do empresário. Token lastreado na empresa de etanol e embalagens biodegradáveis. Parceria com Abu Dhabi Investment Group. Meta de US$ 100 milhões e valorização prevista de 63 vezes. Investidores apostam em SAF e bioplásticos.O Irineu é a iniciativa do GLOBO para oferecer aplicações de inteligência artificial aos leitores. Toda a produção de conteúdo com o uso do Irineu é supervisionada por jornalistas.
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Uma década depois do colapso de sua petroleira OGX (e consequentemente de sua holding EBX e do posto de um dos mais ricos do mundo),o empresário Eike Batista quer produzir combustível verde. Ele diz estar de volta aos projetos bilionários,mas em versão repaginada,reciclável,ou como ele mesmo diz “green,green,green” e disruptiva.
Estas foram as palavras usadas para apresentar sua nova empreitada: cultivo de uma supercana-de-açúcar para a produção de etanol,combustível sustentável de aviação (SAF,na sigla em inglês) e embalagens biodegradáveis.
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Mas não basta deixar para trás o petróleo e a mineração que marcaram o apogeu e derrocada do Grupo X e que levaram e tiraram o nome de Eike da lista dos maiores bilionários do país e do mundo. No ensaio para voltar aos holofotes,ele agora aposta em empreendimento verde e adere ao cripto.
Para financiar seu “unicórnio disruptivo de biotecnologia”,o caminho escolhido foi lançar um token que junta passado e presente. A imagem do criptoativo é o rosto do empresário no centro de um sol,ícone da antiga EBX e agora Batista Group.
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O diálogo entre o Eike de ontem e de hoje é visível até no local da apresentação,o restaurante Mr. Lam,no Rio,um dos poucos ativos dos dias de glória do Império X que permaneceram nas mãos do empresário.
Entre rolinhos primaveras e espetinhos de frango empanados,prato que é marca registrada de Eike,o empresário afirmou que pretende levantar US$ 100 milhões,ou 10% do que seria o atual valor do negócio,de US$ 1 bilhão. O criptoativo foi desenvolvido na plataforma de blockchain Solana e o token é lastreado na própria companhia e sua produção."
A imagem do criptoativo que será lançado por Eike Batista é o rosto do empresário no centro de um sol,ícone da antiga EBX e agora Batista Group — Foto: Glauce Cavalcanti/O Globo
O preço da promessa é mais em conta do que os itens do cardápio. Com preço de US$ 1,a previsão,segundo Eike,é de valorização de 63 vezes quando o negócio estiver maduro,o que nas contas dele significa valer US$ 63 bilhões.
Para quem apostar na nova empreitada,o token é lastreado nos ativos da empresa,a EBX Digital Green,sediada nos EUA,e que,pelos planos de expansão,terá subsidiárias com unidades produtivas no país — casando com a política de reindustrialização de Donald Trump —,no Brasil e nos Emirados Árabes,de onde vêm recursos para o projeto.
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Eike é o rosto no centro do sol do token,é o apresentador do projeto,mas,na prática,não é sócio da empresa. Depois de protagonizar diversas aberturas de capital na Bolsa de empresas do grupo,Eike viu a maré mudar quando sua petroleira revisou estimativa de reservas para apenas uma fração do previsto inicialmente.
Daí,passo a passo,a crise engoliu o grupo. No ano seguinte a OGX,nome da petroleira à época,entrou em recuperação judicial e arrastou as outras empresas do grupo.
Apresentação de Eike foi realizado no restaurante Mr.Lam,de propriedade do empresário — Foto: Divulgação
Após idas e vindas,Eike foi denunciado por crimes contra o mercado de capitais,tendo sido condenado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM,órgão regulador do mercado). Acabou pego na Operação Lava-Jato,condenado por corrupção ativa,manipulação de mercado e lavagem de dinheiro. Teve bens bloqueados,foi preso em duas ocasiões e assinou um acordo de delação premiada.
— Eu tive aí meus problemas — disse Eike. — A empresa quebrou de fora para dentro. Um juiz,por campanha eleitoral,me joga para dentro da Lava-Jato — justificou,enquanto desfiou elogios a empreendimentos que hoje estão em outras mãos.
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O empreendedor Eike justificou a captação de recursos via blockchain como forma democrática de levantar dinheiro. O homem que já foi o 7º mais rico do mundo achou por bem contornar o uso de bancos,a quem chamou de “sanguessugas do sistema”.
Desta vez,Eike fez questão de frisar que o projeto da supercana já foi testado:
— Tem que testar,mostrar o que está feito. Já temos o quarto corte de cana,ou seja,quatro anos de cultivo. É o que o meu pai chamaria de “touro testado” — falou em referência a Eliezer Batista,que comandou a Vale.
Na linha “ver para crer”,Eike apresentou embalagens produzidas com bioplástico e passou a conversa segurando um canudo feito do material a partir de biomassa de cana.
Não é a primeira nova ideia aventada por Eike nos últimos anos. Ele já flertou com projetos tão diversos quanto o lançamento de um remédio contra impotência sexual que dissolve embaixo da língua,pasta de dente de base mineral e até mesmo clonagem de gado. Recentemente,passou a compartilhar seus conhecimentos em mentorias para grupos de executivos.
Dinheiro dos Emirados
O diferencial do negócio,diz ele,reside na capacidade da supercana de produzir de duas a três vezes mais etanol e de sete a 12 vezes mais biomassa que a cana tradicional. Com a escala,a produtividade cresce e o custo cai,ganhando competitividade para avançar em direção à produção de SAF e como opção ao plástico usado em embalagens.
Haverá módulos de produção no Norte Fluminense,começando por Quissamã. Em um lote de 70 mil hectares,estima o plano de negócios,é possível produzir 12 milhões de toneladas de supercana por ano.
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Todos os números do empreendimento são grandiosos. O caldo de cana produzido no lote será destinado a três usinas de etanol,que poderiam fabricar 1 bilhão de litros por ano e 537,6 milhões de litros de SAF.
A Honeywell,de serviços e produtos para o setor de petróleo,foi anunciada como parceira. Procurada,a empresa não confirmou a participação até o fechamento desta edição.
Já o bagaço da cana seria usado para produzir perto de 980 mil toneladas de embalagens biodegradáveis,a exemplo do canudo exibido por Eike e hamburgueiras e recipientes para apoiar copos.
Perguntado se conversou com a Petrobras sobre a supercana,Eike disse que não,“sempre dá encrenca (risos)”.
— Deus não quis que eu mexesse com petróleo. Então,estou aqui: green,green... — brincou.
O negócio não para por aí. Eike levantou US$ 500 milhões com Mário Garnero,da Brasilinvest,com recursos de um fundo de infraestrutura custeado pelo Abu Dhabi Investment Group (Adig),dos Emirados Árabes. Mais uma vez o empresário recorreu ao país como fonte de recursos para seus empreendimentos.
Garnero,que não participou do evento por questões de saúde,mas enviou vídeo confirmando os recursos,terá 40% da empresa,enquanto os outros 60% estão nas mãos do administrador Luis Rubio e do agrônomo Sizuo Matsuoka,originalmente à frente do projeto de melhoramento genético da cana-de açúcar. Desde 2011,botaram R$ 350 milhões no negócio.
Eike não tem ações,mas pode ganhar se o negócio for bem-sucedido.
— Tenho direitos de subscrição de ações da companhia sujeitos a performance — explicou o empresário.