Áudios detalham discussão sobre tentativa de golpe envolvendo militares no governo Bolsonaro

2025-02-24 HaiPress

Manifestantes durante atos golpistas do 8 de janeiro,na Praça dos Três Poderes — Foto: Cristiano Mariz/Agência O Globo/08-01-2023

RESUMO

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GERADO EM: 23/02/2025 - 22:58

Áudios revelam trama golpista no governo Bolsonaro

Áudios revelam detalhes de trama golpista envolvendo militares e civis no governo Bolsonaro. Conversas indicam incitação de oficiais do Exército a invadir sedes dos Três Poderes. Generais pedem interferência de Bolsonaro para proteger envolvidos. Defesa de acusados nega participação. Investigação aponta Bolsonaro por crimes de organização criminosa armada e tentativa de golpe. Áudios mostram edição de decreto golpista. Ex-presidente teria analisado minuta para prender autoridades.

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Áudios obtidos pela Polícia Federal ao longo da investigação sobre uma trama golpista para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro no poder detalham discussões entre militares e civis a respeito do assunto. As conversas,reveladas pelo Fantástico,da TV Globo,indicam que oficiais do Exército incitaram manifestantes que estavam acampado em frente ao Quartel-General da Força,em Brasília,e que invadiram as sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro.

Um desses áudios foi enviado pelo tenente-coronel Guilherme Marques de Almeida,então lotado no Comando de Operações Terrestres do Exército (Coter),no qual ele diz que os acampados deveriam "descer" para o Congresso,o que acabou ocorrendo. O militar foi um dos 34 indiciados pela Procuradoria-Geral da República por tentativa de golpe e de abolição violenta do Estado de direito na semana passada.

"Eu acho que o pessoal podera fazer essa descida. E ir atravancando mesmo. Porque a massa humana chegando lá,não tem PM que segure.Vai atropelar a grade e vai invadir. Depois não tira mais",diz Almeida na mensagem de voz. "Não adianta protestar na frente do QG do Exército,tem que ir para o Congresso. E as Forças Armadas vão agir por iniciativa de algum poder",completa ele.

Em outro áudio apreendido pela PF,o general Mario Fernandes,que era o número 2 da Secretaria-Geral da Presidência,pede ao tenente-coronel Mauro Cid que peça a Bolsonaro para que interfira a fim de evitar uma ação contra os acampados em frente ao QG do Exército. Cid era ajudante-de-ordens do então presidente e um de seus auxiliares mais próximos.

"Parece que existe um mandado do TSE ou do Supremo,em relação aos caminhões que estão lá. Já andou havendo prisão realizada ali,pela Polícia Federal. Se o presidente pudesse dar um input ali para o Ministério da Justiça,para segurar a PF. Eu estou tentando agir diretamente junto às Forças,mas pô,se tu pudesse pedir para o presidente ou para o gabinete do presidente atuar. Pô,a gente tem procurado orientar tanto o pessoal do agro,como os caminhoneiros que estão lá em frente ao QG",diz Fernandes a Cid.

Fernandes também faz um pedido similar ao general Walter Braga Netto,ex-ministro de Bolsonaro e candidato a vice dele em 2022. "Se o senhor puder intervir junto ao presidente,falar com o ministro Anderson. Segurar a PF,para esse cumprimento de ordem. Ou com o Comandante do Exército,para a gente segurar,proteger esses caras ali."

Em outro áudio,Fernandes também pediu que Bolsonaro fosse “blindado” contra qualquer influência para desistir de participar de uma trama golpista. "Kid preto,algumas fontes sinalizaram que o Comandante da Força foi ao Alvorada,para sinalizar ao presidente que ele podia dar a ordem. Se o senhor está com o presidente agora e ouvir a tempo,blinda ele contra qualquer desestímulo. Isso é importante,kid preto. Força."

A defesa do general tem negado qualquer envolvimento dele em uma trama golpista. Ao Fantástico,os advogados de Fernandes disseram que não tiveram acesso completo ao conteúdo resultante das quebras de sigilo e que a denúncia apresenta apenas trechos desconexos.

A PF também apreendeu um áudio de Cid,que fechou um acordo de delação premiada,em que o ex-ajudante de ordens diz que Bolsonaro editou uma minuta golpista. "Ele entende as consequência do que pode acontecer. Hoje ele mexeu naquele decreto,ele reduziu bastante,fez algo mais direto,objetivo e curto. E limitado,né?",diz o ex-ajudante-de-ordens.

De acordo com a acusação da PGR,Bolsonaro cometeu os crimes de organização criminosa armada,golpe de Estado,tentativa de abolição do estado democrático de direito,dano qualificado pela violência e grave ameaça contra patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado.

A investigação lista provas que,para a PGR,comprovam que o ex-presidente analisou e pediu alterações no texto de uma minuta golpista. Entre as propostas aventadas nesse texto estava a possibilidade de prisão de ministros do Supremo Tribunal Federal,como Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes,e do presidente do Senado,Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Conforme as apurações,Bolsonaro pediu para retirar os nomes de Gilmar e Pacheco da minuta. A defesa do ex-presidente nega que ela tenha participado de uma trama golpista.

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