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Artigo: Trump ameaça interesses dos EUA e estabilidade global ao cortar verba da Usaid
2025-02-24
HaiPress
David Koranyi,presidente da Action for Democracy — Foto: Divulgação
RESUMO
Sem tempo? Ferramenta de IA resume para vocêGERADO EM: 23/02/2025 - 22:56
Corte de verba da Usaid por Trump ameaça democracia global
Trump causa perplexidade ao cortar verba da Usaid,ameaçando interesses dos EUA e estabilidade global. Congelamento de US$ 72 bilhões prejudica a defesa da liberdade e permite ascensão de inimigos como China e Rússia. Impacto direto em programas de combate à corrupção,tráfico humano e AIDS. Apelo para que outras democracias,como Brasil e África do Sul,fortaleçam ações em prol da democracia global. Ação urgente requerida para manter segurança e esperança em um mundo mais democrático.O Irineu é a iniciativa do GLOBO para oferecer aplicações de inteligência artificial aos leitores. Toda a produção de conteúdo com o uso do Irineu é supervisionada por jornalistas.
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O presidente dos EUA,Donald Trump,é um perturbador no comando. Sua ascensão política está intrinsecamente ligada à sua vontade de violar as normas americanas. No entanto,sua decisão de congelar abruptamente cerca de US$ 72 bilhões (cerca de R$ 410,5 bilhões) em ajuda externa dos EUA ainda conseguiu provocar comoção no país e no exterior,em razão do grau de prejuízo aos interesses americanos e à estabilidade global.
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A decisão representa um perigoso retrocesso na defesa da liberdade dos Estados Unidos em todo o mundo. A Usaid foi criada pelo presidente John F. Kennedy e a Fundação Nacional para a Democracia (NED) foi fruto da visão do presidente Ronald Reagan para promover a democracia global. Juntas,estas instituições têm defendido inúmeras pessoas diante de abusos abomináveis dos direitos humanos e servido como baluartes contra a corrupção e o autoritarismo. A Usaid,com seus parceiros na sociedade civil,tem sido a primeira defesa dos interesses dos EUA por mais de 60 anos. Ela fornece até 40% da ajuda global e o congelamento súbito do financiamento cria um vácuo de poder que os inimigos,incluindo a China,a Rússia e o Irã,irão preencher. Como o próprio Kennedy disse uma vez: “[Os cortes na ajuda dos EUA] seriam desastrosos,e a longo prazo,ficariam mais caros. Nossa própria segurança estaria em perigo e nossa prosperidade em risco”.
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Em questão de dias,o corte de verbas conseguiu o que os presidentes da Rússia e de Belarus desejavam há várias décadas: dar a estocada final ao restante da imprensa independente nos antigos países soviéticos. A Meduza,que fornecia cobertura independente sobre tópicos censurados pelo regime Putin,agora enfrenta um futuro incerto. Sem surpresa nenhuma,Moscou elogiou a medida de Trump. Na Ucrânia,a Usaid respaldava o Anti-Corruption Action Center,que expõe a corrupção oligárquica.
No Sudeste Asiático,o programa apoia a Freedom Collaborative,que trabalha para resgatar vítimas de tráfico humano,de esquemas de fraudes cibernéticas que defraudam cidadãos americanos ano após ano. A China Labor Watch,que conta com o apoio da NED,combate o trabalho forçado de operários chineses através da realização de investigações,do suporte às vítimas de tráfico e da promoção da aplicação das leis. A supressão do Plano de Emergência do Presidente dos EUA para o Alívio da AIDS (PEPFAR),uma iniciativa de George W. Bush,também ameaça milhões de vidas na África. Estas iniciativas e outras tantas mais agora estão em perigo. O presidente Jimmy Carter afirmou uma vez que “todas as embaixadas americanas deveriam ser um vistas como um refúgio para aqueles que sofrem de abusos dos direitos humanos”. De fato,o governo dos Estados Unidos deu abrigo real ao cardeal József Mindszenty,que se opôs à ditadura comunista na Hungria,entre 1956 e 1971.
Manifestantes apoiam a USAid em Washington,em 3 de fevereiro de 2025,em meio a temores de seu desmonte pelo governo Trump — Foto: Tierney L. Cross/The New York Times
Como húngaro-americano,respeito profundamente o legado da revolução de 1956,que durou 12 dias antes de ser esmagada pelas tropas soviéticas. O apoio à democracia é pessoal para mim. Minha família e meus amigos em casa passaram mais de uma década convivendo com as consequências deste retrocesso democrático. Inclusive eu e a minha organização,a Action for Democracy,temos sido alvo do governo pró-Putin de Viktor Orbán. Pensei que havia encontrado um porto seguro nos Estados Unidos,onde a defesa da democracia é um dos valores nacionais que unem todos nós.
Precisamos manter esta tradição. Os Estados Unidos são uma nação de imigrantes excepcionalmente qualificados para sustentar a democracia global. Ao mobilizar nossas comunidades ultraperiféricas e canalizar sua energia,conhecimento e recursos,podemos persistir mesmo quando o governo federal fraquejar. As cidades,os estados,os cidadãos e os grupos da sociedade civil devem agir agora e intervir. Todos devemos escolher e adotar uma causa que apoiamos no exterior,além daqueles que já doam em casa.
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O resto do mundo também tem um dever. As democracias devem mobilizar seus próprios recursos de forma inovadora. A Fundação Europeia para a Democracia deve ser fortalecida e sua missão deve se tornar global. O Reino Unido tem uma chance única de alavancar sua estratégia Britain Reconnected. O Canadá deve reforçar o seu Pro-Dem Fund e o seu papel de liderança na Coalizão para a Liberdade de Imprensa.
A África do Sul deve revitalizar o Fundo de Renascimento Africano e Cooperação Internacional para promover sua visão de um continente democrático e livre de conflitos. O Brasil deve aproveitar sua posição como a maior democracia da América do Sul para preencher a lacuna deixada pela retirada dos EUA. O Brasil e a África do Sul,como membros democráticos do Brics,devem explorar seu peso na organização para neutralizar os esforços potencialmente corrosivos dos membros autoritários.
Não há tempo a perder. A necessidade de ajuda humanitária é uma imposição moral e estratégica para manter os Estados Unidos livres e seguros,e preservar a esperança de um mundo mais democrático.
*presidente da Action for Democracy