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Projeto que impõe prisão para 'deepnudes' não basta, dizem especialistas, que cobram regulação das plataformas de IA
2025-02-21
HaiPress
Ísis Valverde (à esquerda) procurou a polícia por fotos forjadas em que apareceria nua; Ana Castela (à direita) denunciou vídeos falsos na internet em que sua imagem foi usada — Foto: Fotos de reprodução
RESUMO
Sem tempo? Ferramenta de IA resume para vocêGERADO EM: 20/02/2025 - 22:33
Projeto de lei contra 'deepnudes' é criticado por falta de regulação de IA
Especialistas criticam projeto de lei contra 'deepnudes' por falta de regulação de plataformas de IA. Crime digital que simula nudez preocupa,principalmente mulheres. Projeto prevê prisão e multa,mas falta controle das tecnologias. Regulação das plataformas é essencial para combater efetivamente esse tipo de crime.O Irineu é a iniciativa do GLOBO para oferecer aplicações de inteligência artificial aos leitores. Toda a produção de conteúdo com o uso do Irineu é supervisionada por jornalistas.
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Aprovado na terça-feira pela Câmara dos Deputados,o projeto que criminaliza a criação e a divulgação de imagens manipuladas por inteligência artificial para simular nudez,ou deepnude,é uma resposta a uma onda de crimes digitais cometidos principalmente contra mulheres. Mas especialistas consideram a norma insuficiente e apontam que a falta de regulação das plataformas de Inteligência Artificial no país pode dificultar o combate a esse crime.
Deepfake: Entenda técnica de manipulação de imagem que expôs Mel Maia na webMudança: Google altera ferramenta de busca para reduzir exibição de 'deepfake' pornô
No deepnude,a IA simula a remoção de roupas em imagens estáticas ou vídeos. A prática foi popularizada por um software já desativado,mas tecnologias semelhantes circulam ilegalmente. Os objetivos mais frequente são exploração sexual,assédio e extorsão.
O projeto que agora irá para o Senado prevê reclusão de dois a seis anos e multa pelo crime. A pena será aumentada de um terço até a metade se a vítima for mulher,criança,adolescente,pessoa idosa ou com deficiência. Quando o ato for cometido com a disseminação em massa nas redes sociais ou em plataformas digitais,a pena será aumentada de um terço ao dobro.
Para coibir a prática em campanhas eleitorais,o projeto define a reclusão de dois a oito anos e multa. Quando o crime tiver sido praticado por um candidato,ele perderá o registro de candidatura ou do diploma,de acordo com o texto.
Para a advogada Karina Bueno Timachi,especialista em crimes sexuais contra a mulher,a aprovação do projeto é importante. Mas não impede a prática de maneira efetiva,porque as plataformas que produzem as imagens funcionam sem regulamentação.
— O Código Penal brasileiro já prevê como crime quem registra a intimidade sexual de outra pessoa sem autorização. O que o Brasil precisa é de uma regulação das plataformas de IA,que devem se responsabilizar por fiscalizar essas manipulações de imagem e ter esse recurso proibido em casos de nudez — explica a advogada.
Presidente da SaferNet,ONG que acompanha crimes virtuais,Thiago Tavares lembra que o projeto que pretende regular a IA no Brasil está parado no Senado.
— O Brasil é um dos países com maior número de vítimas. O projeto que regula a IA aborda em escala de risco a atuação das plataformas — defende.
Em 2019,um estudo da empresa de tecnologia Sensity AI mostrou que 96% das imagens geradas por aplicativos para deep fake são pornográficas,e as principais vítimas são mulheres. Desde 2023,cerca de 70 jovens foram afetadas por esse conteúdo em escolas de São Paulo e do Rio.
A agressão também atinge celebridades. No fim do ano passado,a cantora Ana Castela denunciou ter tido vídeos íntimos falsos com seu rosto circulando pela internet. A atriz Ísis Valverde registrou um boletim de ocorrência na Polícia Civil do Rio por fotos forjadas de nus.
A deputada federal Tabata Amaral (PSB),ex-candidata à prefeita de São Paulo,apresentou notícia-crime à Justiça Eleitoral após serem divulgadas fotos manipuladas por IA em que aparece em poses sensuais. A prática foi usada durante a campanha eleitoral contra ao menos cinco candidatas.