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GE termina este ano investimentos para ter no Rio sua maior oficina de motores de avião
2025-02-20
IDOPRESS
Fábrica da GE Aerospace em Petrópolis — Foto: Gabriel de Paiva
RESUMO
Sem tempo? Ferramenta de IA resume para vocêGERADO EM: 19/02/2025 - 16:47
GE investe R$430 mi em maior oficina de motores de avião no Rio: inauguração em 2023
A GE finaliza investimentos para tornar sua unidade no Rio a maior oficina de motores de avião. Com projeto de R$430 milhões,a expansão em Três Rios prevê inauguração em 2023. A capacidade será de 800-900 motores por ano em 2030,necessitando contratar 1 mil trabalhadores. A competitividade inclui preços atrativos e rapidez na manutenção,com prazo médio de 80-85 dias. A empresa atende 95% de clientes estrangeiros e minimiza possíveis impactos do governo Trump.O Irineu é a iniciativa do GLOBO para oferecer aplicações de inteligência artificial aos leitores. Toda a produção de conteúdo com o uso do Irineu é supervisionada por jornalistas.
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A direção da subsidiária da GE Aerospace no Brasil trabalha para tornar sua unidade de manutenção no Rio uma das maiores oficinas de motores de aviões do mundo,após terminar a oficina que está construindo em Três Rios,um projeto de R$ 430 milhões. A empresa prevê a inauguração para agosto ou setembro.
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Com ela,a capacidade da base de manutenção do Rio,espalhada entre a capital,Petrópolis e Três Rios,chegará,em 2030,a de 800 a 900 motores por ano,superando as outras cinco unidades do tipo da GE ao redor do mundo.
Para atingir esse nível máximo de capacidade,será preciso contratar em torno de 1 mil trabalhadores,segundo Júlio Talon,presidente da subsidiária da gigante americana no Brasil. Hoje,a base da GE Aerospace espalhada pelo Rio emprego 3,5 mil pessoas,entre diretos e indiretos. Serão em torno de 4,5 mil em 2030.
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Em 2024,as oficinas da GE Aerospace no Rio fizeram a manutenção de 570 motores. A expectativa para este ano é de crescimento de 10%,com 630 motores passando pelas linhas instaladas no Rio,segundo Talon.
Faturamento global de US$ 38,7 bi
No mundo todo,a divisão aeronáutica da GE,desde o ano passado cindida e listada como companhia independente na Bolsa de Nova York,registrou faturamento de US$ 38,7 bilhões em 2024. Desse total,US$ 24,8 bilhões vieram das vendas de serviços de manutenção.
De acordo com Luiz Froes,vice-presidente de Relações Governamentais da GE Aerospace no Brasil,o peso dos serviços nos resultados tem a ver com o modelo de negócios das fabricantes de motores aeronáuticos.
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Retomada começou com a instalação de uma oficina da companhia americana United Airlines no hangar que foi da antiga Varig,no Aeroporto Internacional do Galeão. Inaugurada em julho de 2023,unidade recebeu investimentos de R$ 100 milhões — Foto: Vinicius Neder/Agência O Globo
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Inaugurada em maio,oficina de trens de pouso da Drayton Aerospace ocupará 19 mil metros quadrados no polo do Galeão. Capacidade de reparos mais que triplicará quando atingir o máximo planejado. — Foto: Beatriz Orle/Agência O Globo
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Técnicos inspecionam perna de trem de pouso na oficina da Drayton Aerospace,que ocupará 19 mil metros quadrados no polo do Galeão. Capacidade de reparos mais que triplicará quando atingir o máximo planejado. — Foto: Beatriz Orle/Agência O Globo
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Técnicos inspecionam perna de trem de pouso na oficina da Drayton Aerospace,que ocupará 19 mil metros quadrados no polo do Galeão. Capacidade de reparos mais que triplicará quando atingir o máximo planejado. — Foto: Beatriz Orle/Agência O Globo
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Técnico inspeciona turbina na oficina da GE Aerospace em Petrópolis. Multinacional americana investe R$ 430 milhões para ampliar suas unidades no Rio. — Foto: Gabriel de Paiva/Agência O Globo
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Técnico inspeciona turbina na oficina da GE Aerospace em Petrópolis. Multinacional americana investe R$ 430 milhões para ampliar suas unidades no Rio. — Foto: Gabriel de Paiva/Agência O Globo
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Técnico inspeciona turbina na oficina da GE Aerospace em Petrópolis. Multinacional americana investe R$ 430 milhões para ampliar suas unidades no Rio. — Foto: Gabriel de Paiva/Agência O Globo
Reaquecimento da demanda por viagens aéreas em meio ao atraso nas encomendas de novas aeronaves ajuda a revitalizar o tradicional polo industrial de reparos fluminense,que atrai clientes e investimentos de fora
O desenvolvimento,a fabricação e a venda dos equipamentos novos têm margens de retorno apertadas. No mundo todo,os motores dos jatos regionais,de médio e grande portes produzidos pela americana Boeing,pela europeia Airbus,pela brasileira Embraer ou pela chinesa Comac são fornecidos por GE Aerospace,Pratt & Whitney e Rolls-Royce,além da CFM,empresa dividida meio a meio entre a GE e a francesa Safran,famosa por seus helicópteros.
Como os motores têm vida útil de vários anos,a manutenção é essencial,e faz sentido que o próprio fabricante ofereça o serviço. Ao mesmo tempo,quando os aviões já propiciam receita constante para as companhias aéreas,é possível para a indústria aplicar margens maiores nos serviços,resume Froes.
95% dos serviços são para o exterior
Por isso,o trabalho das seis bases de manutenção da GE Aerospace no mundo é essencial. Além do Rio,há uma base nos EUA,duas na Europa e duas na Ásia. É um negócio global: 95% dos clientes atendidos na base do Rio são do exterior,algumas das principais companhias aéreas do mundo,como American Airlines,United Airlines,Southwest Airlines e Ryan Air.
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Os executivos da subsidiária brasileira minimizam as chances de o novo governo Trump – que tem anunciado medidas,com destaque para sinalizações de aumentos nas tarifas de importação – atrapalhar a atuação global da GE Aerospace e,assim,tirar negócios do Brasil.
– Já trabalhamos com os mais variados tipos de governo,de sanções e tarifas. Esse é só mais um governo ao qual vamos ter que nos adaptar. A boa notícia é que nós somos uma empresa americana baseada no Brasil – diz Froes,ressaltando que “ainda está muito cedo para avaliar os impactos”.
Competitividade do Brasil
Segundo os executivos da GE Aerospace no Brasil,a competitividade da base de manutenção do Rio justifica os investimentos em expansão.
As vantagens incluem preço mais em conta – a desvalorização do real perante ao dólar tornou o valor dos serviços prestados na base brasileira menores lá fora –,qualidade e o fato de que a base brasileira é completa,com capacidade para executar 90% dos reparos entre as diferentes oficinas localizadas no Rio.
O último fator sustenta um diferencial: a rapidez na execução da manutenção. No setor aéreo,cujos equipamentos custam milhões,o custo de manter uma aeronave no chão,sem faturar com venda de passagens,é enorme. Por isso,rapidez nos reparos é fundamental.
– Temos hoje um dos prazos de entrega mais competitivos do mundo. Me arriscaria a dizer que nenhuma oficina revise os modelos de motores que revisamos aqui mais rapidamente do que a gente – diz Talon.
O tempo médio de manutenção de um motor na base do Rio está entre 80 e 85 dias,segundo o executivo.
Motores vêm em aviões cargueiros; rota mais comum é via Campinas
Esse prazo não inclui a chegada e a saída dos equipamentos. Os motores veem já desacoplados das aeronaves – normalmente,a companhia aérea usa sua oficina para desacoplar,coloca outro equipamento no lugar e manda o motor para a manutenção do fabricante.
O transporte mais eficiente é o aéreo,dada a necessidade de rapidez. Para isso,é preciso usar grandes cargueiros,em rotas de aviação de carga.
Por causa da frequência de voos de carga,a operação típica da GE é entre Miami e Campinas. O trecho de Campinas a Petrópolis é feito de caminhão.
Expansão nos últimos 10 anos
A inauguração da oficina em Três Rios completará investimentos em expansão feitos nos últimos dez anos.
Motor da linha GEnx,que equipa aeronaves de grande porte,preparado para iniciar testes no banco de provas da GE Aerospace em Três Rios — Foto: Vinicius Neder
A unidade de lá foi inaugurada em 2018,quando a GE Aerospace instalou num terreno recém convertido para uso industrial um “banco de provas”,como são chamados no setor os centros de testes dos motores – uma espécie de sala onde o equipamento reparado é ligado e colocado para rodar em todas as condições possíveis de serem necessárias durante um voo,para verificar se a manutenção foi bem-sucedida.
Desde então,o banco de provas de Três Rios tem testado os motores revisados nas duas unidades de Petrópolis. A ideia é levar para nova oficina em Três Rios todas as linhas do Leap,motor da CFM,empresa em sociedade da GE com a francesa Safran. Eles equipam os 737-Max da Boeing e os A320 Neo da Airbus,tidos como “sucesso de vendas” na indústria aeronáutica.
Obras da nova oficina de motores de avião da GE Aerospace,em construção em Três Rios,com previsão de inauguração para agosto ou setembro de 2025 — Foto: Vinicius Neder
Como essas aeronaves entraram em operação nos últimos anos,começarão a atingir um pico de demanda por manutenção nos próximos anos. Mais um motivo para seguir com o plano de expansão.
A unidade original da GE Aerospace em Petrópolis também está recebendo investimentos. Está em construção um novo prédio na entrada,onde serão concentrados os recebimentos de motores para reparos e peças,otimizando a movimentação de materiais e evitando manobras com caminhões.
História começa em 1951
As instalações originais são de 1951. A empresa foi fundada como Celma,uma fabricante de ventiladores. Ainda na década de 1950,a fábrica foi comprada,e convertida em oficina de motores de aviação,pela Panair,companhia aérea fundada em 1930,que chegou a ser a maior do país.
Após o golpe de estado de 1964,a Panair teria suas concessões de voos cassadas,o que levaria à falência da empresa,em 1965 – o caso chegou a ser examinado pela Comissão Nacional da Verdade,em 2014. Com a falência,a Força Aérea do Brasil (FAB) assumiu a oficina de motores,que permaneceu estatal,prestando serviços para as aeronaves militares,até os anos 1990.
Na onde de privatizações iniciada no governo Fernando Collor,a Celma foi vendida. A GE já tinha uma participação no consórcio vencedor do leilão. Em 1996,a gigante americana comprou a totalidade da empresa e ela passou a fazer parte do sistema global de manutenção da multinacional.