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Vale registra lucro de R$ 31,6 bi em 2024, queda de 20% ante 2023
2025-02-20
HaiPress
Operação em mina da Vale — Foto: Bloomberg
RESUMO
Sem tempo? Ferramenta de IA resume para vocêGERADO EM: 20/02/2025 - 00:08
"Vale registra lucro de R$31,6 bi em 2024 apesar de desafios na sucessão e impactos do dólar e minério"
A Vale teve lucro de R$31,6 bi em 2024,queda de 20% devido ao dólar e preços do minério. Crise na sucessão do comando marcou o ano,mas nova gestão e investimentos em terras raras em MG trazem otimismo. Acordos positivos e relação com governos melhoram,refletindo em paz e investimentos.O Irineu é a iniciativa do GLOBO para oferecer aplicações de inteligência artificial aos leitores. Toda a produção de conteúdo com o uso do Irineu é supervisionada por jornalistas.
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A mineradora Vale registrou lucro líquido de R$ 31,592 bilhões ano passado,uma queda de 19,7% ante os R$ 39,940 bilhões de 2023,informou a mineradora no fim da noite de quarta-feira. No quarto trimestre,a companhia registrou prejuízo líquido de R$ 4,677 bilhões.
A alta do dólar ante o real,com o câmbio disparando em dezembro,um preço médio de venda do minério de ferro abaixo do registrado em 2023 e algumas baixas contábeis atrapalharam os resultados financeiros.
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Em comunicado distribuído junto dos dados financeiros,o CEO da companhia,Gustavo Pimenta,comemorou “o forte desempenho operacional e financeiro em 2024”. Ano passado,a Vale se saiu melhor em termos operacionais,com o maior nível de produção de minério de ferro desde 2018.
Só que os preços médios de venda (US$ 93 por tonelada) foram 21% menores do que em 2023,com a desvalorização da matéria-prima,que é cotada globalmente.
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No comunicado,a companhia justificou o mau resultado do quarto trimestre com o “efeito da depreciação do real na marcação a mercado de swaps de obrigações”,ou seja,por causa da alta do dólar.
O prejuízo,quando considerado o resultado “líquido atribuído aos acionistas”,foi creditado a duas baixas contábeis referentes a minas da subsidiária Vale Base Metals (VMB),que opera as minas de cobre e níquel.
Desde que separou esses negócios na subsidiária,a Vale vem fazendo “uma revisão abrangente dos ativos”,que inclui atualizar o valor contábil das minas no balanço financeiro. Se houve baixa,significa que o valor daqueles ativos ao longo dos anos será menor do que o esperado antes.
'Abordagem disciplinada'
Gustavo Pimenta,CEO da Vale,falou em "abordagem disciplinada",em comunicado sobre os resultados — Foto: Ben Hider/Divulgação/Vale
Apesar desses efeitos negativos,Pimenta destaca no comunicado a “abordagem disciplinada em custos e eficiência operacional”. Segundo o texto,os custos de produção,que,na medida mais usada pela empresa,ficou em US$ 18,8 por tonelada de minério de ferro no quarto trimestre,ficaram nos mais baixos níveis desde 2022.
A disciplina se refletiu também numa redução na previsão de investimentos para este ano,mesmo após,na semana passada,Pimenta ouvir diretamente do presidente Luiz Inácio Lula da Silva uma cobrança pública por aumento de aportes.
A Vale agora espera investir US$ 5,9 bilhões este ano,em vez dos US$ 6,5 bilhões previstos anteriormente. A revisão maior foi nos projetos voltados para o crescimento da produção de “metais para transição energética”,como cobre e níquel.
Nas projeções anteriores,a Vale estimava que esses tipos de minerais receberiam investimentos entre US$ 2,5 bilhões e US$ 3 bilhões este ano. Agora,o valor está em US$ 2 bilhões,informou a mineradora,num comunicado específico.
Quase US$ 2 bi em dividendos
Apesar do resultado financeiro pior,a Vale anunciou também um pagamento de US$ 1,984 bilhão em repasses do lucro aos acionistas,como dividendos. Os valores serão pagos em março.
Além disso,a mineradora anunciou mais uma rodada do programa de recompra de ações. Geralmente,as empresas abertas fazem isso para sinalizar ao mercado que consideram o preço das ações abaixo do justo.
Conforme comunicado,a Vale pretende comprar 120 milhões de ações ou 3% do total de papéis em circulação,num prazo de 18 meses.
Clima de crise em 2024
Apesar do lucro menor,o que chamou mesmo a atenção de investidores e analistas foi o clima de crise em torno da sucessão do comando da Vale.
A companhia começou 2024 no olho do furacão. O término do mandato de Eduardo Bartolomeo como CEO,em maio do ano passado,esquentou disputas entre acionistas. O Conselho de Administração da mineradora ficou rachado ao decidir pela renovação do mandato do antigo CEO ou por sua substituição.
O governo fez pressões para dar um cargo para o ex-ministro Guido Mantega na alta direção da mineradora,mas viu sua influência ser limitada pela falta de um controlador definido e por regras de governança.
No fim de agosto,a indicação de Pimenta,que era o diretor responsável pela área financeira e de relações com investidores,para substituir Bartolomeo surgiu como solução para apaziguar os ânimos. O novo CEO assumiu o cargo em outubro.
Eventos positivos
Ainda no quarto trimestre do ano passado,a empresa colheu eventos positivos. Também em outubro,a Vale e a BHP Billiton assinaram um acordo de reparação de cerca de R$ 170 bilhões – incluindo R$ 38 bilhões já desembolsados – com o governo federal e autoridades locais de Minas e Espírito Santo por causa do rompimento de uma barragem de rejeitos em Mariana (MG),em 2015.
A barragem era da Samarco,produtora de pelotas,um derivado do minério de ferro,cujo controle é dividido igualmente entre Vale e BHP. O rompimento deixou 19 mortos e contaminou o Rio Doce até sua foz,no litoral do Espírito Santo.
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Apesar dos valores bilionários,o acordo em torno da reparação é visto como positiva por investidores,porque reduz a incerteza em torno dos negócios da Vale. É melhor ter um valor certo que será gasto do que correr o risco de as indenizações aumentarem ao longo do tempo.
Já em dezembro,o Ministério dos Transportes chegou a um acordo com a Vale sobre a revisão dos valores dos contratos de concessão da Estrada de Ferro Carajás (entre Pará e Maranhão) e da Estrada de Ferro Vitória-Minas. Essas concessões foram renovadas antecipadamente no governo Jair Bolsonaro. Com a volta do PT ao poder,em 2023,o novo governou buscou repactuar as renovações,cobrando mais das empresas envolvidas.
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A Vale terá que gastar R$ 17 bilhões no processo. Os entendimentos precisarão ser validados pelo Tribunal de Contas da União (TCU). E,assim como no caso da reparação por Mariana,é melhor ter uma definição dos valores do que correr o risco de futuros aumentos.
Discutindo a relação com os governos
Os dois avanços envolveram a relação da companhia com governos. As dificuldades de relacionamento não só com Brasília,mas também com os governos de Minas e do Pará,onde estão a larga maioria das minas da Vale,foram frequentemente citados como um dos motivos para a saída de Bartolomeo.
Ou seja,um ano após o auge da crise de sucessão na virada de 2023 para 2024,os últimos meses foram de alívio no relacionamento com os governos. Sinais claros de paz já haviam sido dados no fim de janeiro,quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou a jornalistas,dias após uma reunião com Pimenta em Brasília,que teve uma “conversa extraordinária” com o executivo.
Se ainda persistiram dúvidas sobre o alívio nas tensões,elas foram desfeitas na semana passada. Lula visitou as operações da Vale no complexo de Carajás,no sul do Pará,para o lançamento,pela mineradora,de um projeto de investimentos de R$ 70 bilhões,nos próximos cinco anos,no local. Foi a primeira visita presidencial a instalações da companhia desde a época de Dilma Rousseff,ressaltou Pimenta em discurso.
Lula afirmou que,desde a primeira conversa entre os dois,sentiu que Pimenta “queria passar pra história como o melhor presidente que a Vale já teve”. E garantiu “que,naquilo que for necessário,o meu ministro de Minas e Energia vai estar junto de você”.