Centenas de pessoas prestam homenagem em túmulo de Alexei Navalny, um ano após a morte do oposicionista

2025-02-17 IDOPRESS

Flores colocadas sobre o túmulo do ativista Alexei Navalny em Moscou — Foto: Alexander NEMENOV / AFP

RESUMO

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GERADO EM: 16/02/2025 - 19:38

Homenagens a Navalny: Resistência e Legado

Centenas homenageiam Navalny um ano após sua morte; viúva cria prêmio em seu nome. Resistência a Putin refletida em Paris e em vitória prevista por Navalny. Viúva destaca luta contínua do ativista e agradece apoio corajoso em meio a repressão na Rússia.

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Centenas de pessoas prestaram uma homenagem a Alexey Navalny ativista e algoz do presidente russo,Vladimir Putin,que morreu há um ano em uma prisão no Ártico. A multidão se reuniu no cemitério onde ele está enterrado,na capital russa,apesar do risco de prisão. Na Alemanha,a viúva de Navalny,Yulia Navalnaya,anunciou a criação de um prêmio com o nome de seu marido,destinado a jovens políticos.

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Apesar do gélido inverno na capital russa — os termômetros marcavam -8ºC pela manhã —,a fila começou a se formar nas primeiras horas de domingo. Muitos carregavam flores e velas,que tentavam colocar no túmulo. Havia uma grande presença policial,mas não foram registradas prisões ou agressões. Segundo representantes do cemitério,cerca de 1,5 mil pessoas passaram por ali ao longo do domingo,mas uma organização de oposição afirmou que 5,3 mil pessoas estiveram no local entre as 9 e as 17 horas.

Anna,uma psicóloga infantil de 63 anos,disse à AFP que não esperava "ver tanta gente",em um contexto no qual,segundo ela,"o medo está presente em todos os lares". Em março do ano passado,quando Navalny foi sepultado,ativistas afirmaram que mais de 400 pessoas foram presas no cemitério Borisov e em atos ao redor da Rússia. Além de apoiadores e parentes,havia diplomatas de países europeus na multidão.

Pessoas aguardam para entrar em cemitério onde está sepultado o ativista Alexei Navalny,em Moscou — Foto: Alexander NEMENOV / AFP

Perto do túmulo,os pais de Alexei Navalny,Lyudmila e Anatoly,além da mãe de Yulia Navalnaya,Alla Abrasimova,realizaram uma pequena homenagem,e a mãe do oposicionista pediu que os responsáveis pelo seu “assassinato” fossem punidos.

— Todo mundo sabe quem ordenou. Mas queremos saber quem executou,quem permitiu que acontecesse e quem o fez — disse Lyudmila Navalnaya,usando óculos escuros e segurando o choro.

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Considerado o maior algoz de Putin na Rússia,Alexei Navalny foi preso em janeiro de 2021,quando retornou à Rússia meses depois de ser envenenado em um voo na Sibéria,um ato associado ao Kremlin. Posteriormente,a Justiça o condenou a 19 anos de prisão,cumpridos em algumas das mais duras colônias penais do país.

Durante o período em que esteve preso,sua saúde se deteriorou,e ele chegou a fazer uma greve de fome para protestar contra as condições que dizia serem desumanas. No dia 16 de fevereiro de 2024,as autoridades prisionais afirmaram que ele perdeu a consciência após uma caminhada e foi encontrado morto em sua cela. Segundo a Comissão de Investigações da Rússia,uma série de problemas de saúde combinados levaram à morte,incluindo pressão alta e problemas cardíacos — segundo Yulia Navalnaya,o marido jamais teve qualquer problema no coração.

Memorial improvisado a Alexei Navalny em São Petersburgo — Foto: OLGA MALTSEVA / AFP

Navalnaya vive na Alemanha com os filhos e pode ser presa caso retorne à Rússia. Sem poder comparecer ao cemitério,ela participou de uma cerimônia em uma igreja em Berlim,e antes divulgou um vídeo no qual afirmou que seu marido,mesmo morto,continua a “ajudar as pessoas” e inspira muitos ao redor do mundo.

— Me parece que,mesmo nestes últimos 366 dias,Alexei brigou com Putin não menos do que antes. Isso não é humor negro,mas realidade. Seu livro foi publicado,é lido no mundo todo,está incluído nas seleções mais famosas dos principais livros do ano. Seus discursos nos tribunais são citados pelos maiores políticos e celebridades do mundo,e seus pensamentos só ganham força e relevância — disse a viúva do ativista.

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Ela afirmou que “devemos sair [para protestar] em nome das pessoas na Rússia que não podem,e agradeceu aos que foram ao cemitério em Moscou e aos que prestaram outros tipos de homenagem em território russo.

— As pessoas que saem em uma situação assim são muito corajosas e sou muito grata.

Participar de protestos de organizações consideradas extremistas — como foi denominada a Fundação Anticorrupção,de Navalny — pode levar a penas de até seis anos de prisão na Rússia,e centenas de pessoas foram processadas nos últimos anos,especialmente após o início da invasão da Ucrânia,há quase três anos.

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Navalnaya,que deixou a introspecção dos tempos em que o marido estava vivo e tem assumido um papel de protagonismo na oposição russa no exterior,anunciou ainda a criação de um prêmio,com o nome de Alexei Navalny,a jovens políticos que lançarem “iniciativas de base brilhantes”. A honraria será entregue anualmente no mês de junho.

“Parece-me que deixamos de lhes dar atenção [às iniciativas de base]. Eles se perdem,têm dificuldades,e assim por diante. E todo ano,no dia 4 de junho,no aniversário de Alexei,quero entregar este prêmio”,escreveu em suas redes sociais.

O aniversário de um ano da morte de Navalny foi lembrado por políticos europeus,como o chanceler alemão,Olaf Scholz,que em comunicado afirmou que Navalny morreu "porque lutou pela democracia e pela liberdade na Rússia". Kaja Kallas,chefe da diplomacia europeia,disse que "Navalny deu sua vida por uma Rússia livre e democrática".

(Com AFP)

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