Incêndio revela precariedade do trabalho de quem faz o luxo do carnaval carioca; entenda

2025-02-13 IDOPRESS

Bombeiro remove estrutura de ferro da janela para resgatar funcionários da fábrica de fantasias de carnaval que pegou fogo na manhã de ontem — Foto: Reprodução

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GERADO EM: 12/02/2025 - 22:17

Incêndio em fábrica de fantasias expõe más condições de trabalho

Um incêndio em fábrica de fantasias para o carnaval expõe más condições de trabalho. Trabalhadores dormiam no local sem licença dos bombeiros,resultando em 21 feridos. Ministério Público do Trabalho investiga,enquanto empresa enfrenta problemas legais. Perícia determinará a causa do incêndio.

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A cena é angustiante: em meio à densa fumaça preta que tomava conta do interior do prédio,funcionários de uma confecção quebram os vidros e buscam espaço entre os vãos estreitos de janelas do tipo basculante. Em busca de ar e ajuda,gritam por socorro. A pouco mais de duas semanas do início do carnaval,o incêndio que atingiu,na manhã de ontem,a fábrica de roupas Maximus,em Ramos,na Zona Norte,dedicada a confeccionar fantasias para escolas de samba,chamou a atenção para antigo problema que cerca a preparação dos desfiles no Sambódromo: a precariedade das condições de trabalho a que são submetidos muitos dos trabalhadores encarregados de dar vida ao rico e glamouroso espetáculo que encanta o mundo.

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Alicate ‘desencarcerador’

O local não tinha licença do Corpo de Bombeiros. Embora estivesse repleto de material altamente inflamável como tecidos,isopor,cola,papéis,plásticos e espumas para preenchimento de fantasias,nenhum sinal de extintores ou mangueiras para combate a incêndio. Rota de fuga sinalizada? Nem pensar. E,na hora do desespero,as poucas janelas disponíveis pareciam mais grades. No salvamento das pessoas encurraladas pelo fogo,os bombeiros usaram um alicate hidráulico para cortar ferro que,no jargão da corporação,é chamado de “desencarcerador”.

— A edificação não possuía aprovação do Corpo de Bombeiros,não tinha a condição de segurança necessária para estar funcionando — disse o coronel Luciano Sarmento,subcomandante geral do Corpo de Bombeiros.

Para completar,de acordo com relatos dos próprios trabalhadores ao deixar o prédio com os rostos cobertos de fuligem,muitos dormiam no local de trabalho,por conta da produção intensa às vésperas do carnaval. Uma das funcionárias,identificada apenas como Roberta,disse à TV Globo que se preparava para tomar banho quando o fogo começou,por volta das 7h30,e que estava ali desde segunda-feira.

Ao todo,21 pessoas foram levadas para cinco hospitais da cidade,boa parte vítima de intoxicação devido à inalação de fumaça. No início da noite de ontem,13 seguiam internadas,nove delas em estado grave. Na rede municipal,duas pessoas estavam no Hospital Souza Aguiar,sendo uma delas em estado grave,e uma no Hospital Salgado Filho,com quadro estável. Já na rede estadual,dez vítimas foram atendidas no Hospital Getúlio Vargas. Dessas,oito permaneciam em estado grave e duas estáveis.

O Ministério Público do Trabalho (MPT) quer respostas sobre a situação dos funcionários. A Maximus Confecções atende escolas de samba da Série Ouro do carnaval carioca — entre as quais Império Serrano,Unidos de Bangu e Unidos da Ponte,que tiveram as maiores perdas — e produz uniformes militares. As pessoas que trabalhavam na fábrica no momento do incêndio eram terceirizadas das agremiações,segundo informou o presidente da Liga RJ,Hugo Júnior. Na parte da tarde,a fiscalização do MPT esteve no local.

— Ainda temos informações muito preliminares. Viemos entender o que aconteceu e o que podemos fazer para resguardar os direitos dessas pessoas. Saber também se existem crianças trabalhando no local. Isso é um acidente de trabalho ampliado. Também queremos saber quem são as pessoas que administram esse local — disse Ana Luísa Horcades,auditora fiscal do trabalho e chefe da seção de Segurança e Saúde do Trabalho do MPT no Rio.

Mais cedo,em nota,o MPT informou que “autuou com urgência uma Notícia de Fato para apurar as condições de trabalho na fábrica onde ocorreu o incêndio”. O delegado Thiago Dorigo,da 31ª DP (Bonsucesso),informou à TV Globo que encontrou ligações elétricas clandestinas no local. A causa do incêndio,que teria começado no primeiro andar do prédio,ainda depende de resultado da perícia.

‘Inapta’ na receita federal

Na Receita Federal,a empresa Maximus Confecções consta como “inapta” por “omissão de declarações” desde outubro de 2023. Para a Secretaria estadual de Fazenda,a fábrica está com situação cadastral “impedida” e “desativada de ofício” desde maio do mesmo ano. A prefeitura do Rio informou que há no endereço uma empresa com a razão social Bravo Zulu Confecções e Representações,que tem alvará válido. Procurados,os proprietários optaram por não falar sobre o incêndio.

*Estagiária sob a supervisão de Leila Youssef

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