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Foz do Amazonas: Lula foi 'desrespeitoso' e intensificar exploração de petróleo é 'negacionismo', diz presidente do Ibama
2025-02-13
IDOPRESS
A ex-presidente do Ibama Suely Araújo — Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
RESUMO
Sem tempo? Ferramenta de IA resume para vocêGERADO EM: 12/02/2025 - 19:59
Críticas a Lula por exploração de petróleo na Amazônia: Impactos ambientais e climáticos em destaque.
O presidente do Ibama critica Lula por pressionar exploração de petróleo na Foz do Amazonas. Suely Araújo,ex-Ibama,considera a ação negacionismo em meio à crise climática. A abertura do bloco 59 pode intensificar a exploração na região,desconsiderando impactos ambientais e climáticos. Araújo destaca a contradição entre proteção ambiental e expansão de atividades prejudiciais ao clima. A especialista alerta para o aumento da temperatura e a necessidade de transição energética.O Irineu é a iniciativa do GLOBO para oferecer aplicações de inteligência artificial aos leitores. Toda a produção de conteúdo com o uso do Irineu é supervisionada por jornalistas.
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Ex-presidente do Ibama e atual coordenadora de políticas públicas do Observatório do Clima,Suely Araújo afirma que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi "inaceitavelmente desrespeitoso" com servidores e o atual chefe do Instituto Brasileiro e Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis,Rodrigo Agostinho,ao dizer que o órgão ambiental parecia agir contra o governo. Araújo também afirmou que ampliar a exploração de petróleo em "plena crise climática" é "negacionismo".
Ao se referir à exploração da chamada Foz do Amazonas,Lula criticou o Ibama pela falta da autorização para explorar petróleo pela Petrobras e defendeu a pesquisa na região. O tema é alvo de disputa interna no governo.
— O presidente da República foi inaceitavelmente desrespeitoso com os servidores do Ibama e seu dirigente. É preciso lembrar que todos os empreendimentos da Petrobras e de outras petroleiras no mar foram licenciados pelo Ibama — afirmou ao GLOBO.
Lula tem feito declarações públicas pressionando o Ibama a liberar a perfuração do bloco 59 da Margem Equatorial para a Petrobras realizar pesquisas para a exploração de petróleo.
Araújo negou em 2018 a exploração de cinco blocos próximos ao 59. À época,o órgão citou a sensibilidade ambiental da região,mesmo ponto apontado atualmente. Além de correntes fortíssimas,que potencializa a ocorrência de acidentes,a região também tem chuvas fortes,além de ser cercada por manguezais e populações originais.
— O bloco 59 está localizado numa nova fronteira exploratória,com grande sensibilidade ambiental e correntes fortíssimas. Esse quadro potencializa a ocorrência de acidentes e no processo necessita estar assegurado que a Petrobras terá estrutura para gerenciar essas situações.
Apesar do bloco 59 não ser o único na região,a pressão política por sua perfuração ocorre por ter potencial de destravar outros licenciamentos para a Margem Equatorial. Atualmente,9 blocos já foram leiloados e estão sob contrato de concessão,ente eles o 59,e 47 estão na oferta permanente,ou seja,em oferta de venda.
— A pressão política toda vem do fato de que o bloco 59 será uma abertura de porteira para facilitar a liberação de muitos outros blocos na região,indo na direção da forte intensificação da exploração de petróleo no país. Em plena crise climática,isso configura negacionismo,na minha opinião.
Araújo também reforçou que a decisão pela perfuração é exclusiva do Ibama e que há discussões que precisam ser feitas para além do bloco em questão destacando especialmente a crise climática.
— Não sei qual vai ser a decisão do presidente do Ibama,mas cabe somente a ele e sua equipe aprovar ou rejeitar essa perfuração. Há outra discussão importante a ser feita,que vai muito além do bloco 59. Somente no leilão do dia 17 de junho há 47 blocos ofertados na Foz e outros na bacia Potiguar,que também integra a Margem Equatorial.
Aumento da temperatura
Um dos principais pontos levantados por Araújo é o aumento da temperatura que,segundo ela,surpreende até mesmo cientistas,o que seria intensificado com a abertura de novos pontos que exploração e queima de combustíveis fósseis.
— A situação é muito complexa. O aumento da temperatura tem vindo de um jeito que nem os cientistas esperavam. Mesmo que o Brasil faça opção por exportar,esse petróleo vai ser queimado em algum lugar. Não resolve falar que vai exportar para pegar dinheiro — afirmou,completando: — Tenho maior receio com a decisão governamental de expandir muito a exploração de petróleo no país. 2024 foi o ano mais quente registrado,o segundo ano mais quente foi 2023. A crise climática chegou e estamos com eventos extremos para todo lado
A especialista afirma ainda que há uma "narrativa" que coloca o bloco 59 como sendo a solução dos problemas de recursos do Brasil e rebate "narrativas governamentais" que tentam justificar a necessidade da pesquisa para eventual exploração.
— A própria narrativa governamental de usar dinheiro para transição é furada. Você pode usar para transição energética,pode e deve,mas nas plataformas que estão abertas. Você abrir novas fronteiras,como querem na Margem Equatorial,você vai estar sempre piorado a causa o problema que a transição energética quer resolver. Vou justificar a expansão para investir na transição energética,mas a expansão tá piorando — afirmou,completando: — Petróleo também não traz justiça social e distribuição de renda. Rio de Janeiro,Campos,Macaé não tem indicadores sociais elevados,mesmo tendo exploração de petróleo. Não tem padrão claro de exploração e geração de renda.
Araújo aponta ainda uma contradição entre a posição do Brasil de tentar se destacar na proteção ambiental e a defesa do presidente pela exploração.
— Quando o Brasil opta em plena crise climática caracterizada,bem clara,pela expansão de uma atividade econômica que está no coração das causas da crise climática é complicado. Petróleo dá dinheiro,com certeza,mas no planeta temos que nos livrar dessas fontes fosseis. Não é para amanhã,mas temos que ter um cronograma sério "