Trump assina decretos que impõem tarifas ao aço e ao alumínio que entram nos EUA. Entenda por quê

2025-02-11 HaiPress

O presidente dos EUA,Donald Trump — Foto: Jim Watson / AFP

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GERADO EM: 10/02/2025 - 20:25

"Trump Impõe Tarifas para Aço e Alumínio"

Trump assina decretos que impõem tarifas de 25% sobre aço e alumínio importados pelos EUA,afetando o Brasil. Decisão visa combater concorrência desleal,principalmente da China,e reconfigura cenário global. A medida,sem exceções,amplia a proteção à indústria americana,impactando diversos setores e gerando incerteza econômica.

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O presidente dos Estados Unidos,Donald Trump,cumpriu a promessa feita no domingo de impor taxas de importação de 25% sobre o aço e o alumínio que entram no país. Segundo a Casa Branca,os decretos foram assinados na noite de hoje e entram em vigor no dia 4 de março,informaram agências internacionais.

A decisão pode prejudicar a indústria brasileira,uma das principais exportadoras de aço para os EUA. O Brasil também é um relevante fornecedor de alumínio para o país,mas o maior impacto é no setor siderúrgico.

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— Hoje,estou simplificando nossas tarifas sobre o aço e o alumínio — disse Trump no Salão Oval enquanto assinava as ordens executivas. — É 25%,sem exceções nem isenções.

Trump ainda listou novos alvos. Ele acrescentou que consideraria impor tarifas adicionais sobre automóveis,produtos farmacêuticos e chips de computador.

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Segundo o jornal The New York Times,um funcionário da Casa Branca confirmou que não haveria exclusões oferecidas e que o presidente estava instruindo os funcionários da alfândega a aumentar drasticamente sua supervisão sobre essas importações.

As tarifas serão amplamente aplicadas a todas as importações americanas de aço e alumínio,incluindo as provenientes dos vizinhos Canadá e do México,os dois principais fornecedores estrangeiros desses metais.

Os impostos de importação incluirão produtos metálicos acabados e não haverá isenções para parceiros comerciais. As medidas visam combater o que autoridades do governo disseram ser esforços de países como Rússia e China para contornar as tarifas já existentes.

Trump autorizou as novas tarifas com base na Seção 232 da Lei de Expansão do Comércio,que concede ao presidente ampla autoridade para impor restrições comerciais com base na segurança nacional. É o mesmo caminho usado por ele em 2018 para impor tarifas. Com os decretos de hoje,o republicano está,na prática,revivendo e expandindo essas tarifas.

Um alto funcionário do governo afirmou que a medida era necessária porque exportadores de aço e alumínio abusaram das exceções previstas na política anterior,o que prejudicou os produtores americanos,informou a Bloomberg.

A decisão de Trump de incluir produtos acabados no processo industrial é um movimento significativo que terá forte impacto nos preços para uma grande parcela dos consumidores americanos.

Enquanto as tarifas de 2018 de Trump se concentravam principalmente na fabricação de aço bruto e na produção primária de alumínio,essas novas tarifas abrangerão itens como extrusões e placas,que são transformadas em produtos de maior valor agregado necessários em setores,que vão desde a indústria automobilística até a fabricação de esquadrias de janelas e arranha-céus.

A medida atenderia ao que os protecionistas comerciais mais radicais vêm defendendo há anos.

Brasil é um dos principais exportadores

Em 2024,o Brasil foi o segundo maior fornecedor de aço para os Estados Unidos,atrás apenas do Canadá. No acumulado do ano,as siderúrgicas brasileiras forneceram 4,08 milhões de toneladas de aço para o mercado americano,representando 15,5% do volume total que o país comprou de fora. De acordo com os dados do governo americano,o montante foi de cerca de US$ 3 bilhões em exportações brasileiras da commodity.

Os dados mostram que o volume de aço brasileiro importado pelos Estados Unidos cresceu 14,11% de 2023 para o último ano,o que fez o país ultrapassar o México e ocupar a segunda posição entre os principais fornecedores do produto para o mercado americano.

A guerra comercial prometida pelo presidente Donald Trump desde seu retorno à Casa Branca entra em uma nova fase agora com a introdução de tarifas de 25% sobre o aço e o alumínio importados pelos Estados Unidos.

A tarifação complica ainda mais esse mercado estratégico para muitos setores,já desestabilizado pelo excesso de produção chinesa e pelas dificuldades dos produtores europeus.

Durante seu primeiro mandato (2017-2021),Trump impôs tarifas de 25% para o aço e de 10% para o alumínio para proteger a indústria doméstica,que,segundo ele,enfrenta concorrência desleal. Após retaliações dos países produtores atingidos,entre eles o Brasil,o governo do republicano estabeleceu cotas de importação sem imposto para a maioria dos grandes produtores,que foram expandidas no governo do republicano Joe Biden.

A decisão de hoje de taxar países exportadores de aço e alumínio aconteceu quase ao mesmo tempo em que a China iniciou a cobrança de tarifas de importação sobre US$ 14 bilhões em mercadorias e serviços americanos,em retaliação a uma taxação extra de 10% sobre produtos chineses determinada pelo presidente americano na semana passada.

Quem mais exporta aço para os Estados Unidos?

A produção mundial de aço bruto atingiu 1,89 bilhão de toneladas em 2023,das quais mais da metade (1,02 bilhão de toneladas) foi produzida pela China,o principal produtor mundial,conforme os últimos dados disponíveis da World Steel.

Os EUA,bem atrás,com 82 milhões de toneladas produzidas,importaram 26,4 milhões de toneladas desse metal em 2023,tornando-se o segundo maior importador do mundo,atrás da União Europeia.

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Ele é abastecido principalmente pelo Canadá,com 5,95 milhões de toneladas importadas em 2024,de acordo com a administração comercial dos EUA.

Em seguida,vêm o Brasil,a UE e o México,com 4,08,3,89 e 3,19 milhões de toneladas,respectivamente,à frente de outros países,como Coreia do Sul,Vietnã,Japão,Taiwan e China.

Por que Trump está falando sobre concorrência desleal?

Os preços mundiais do aço caíram drasticamente no ano passado devido ao excesso de produção. De acordo com a OCDE,o excedente global de aço está entre 500 e 560 milhões de toneladas. A maioria vem da China,que está "inundando" os mercados mundiais,diz um siderúrgico europeu à AFP,sob condição de anonimato.

— As capacidades de produção nos Estados Unidos e na Europa têm sido historicamente equilibradas e adaptadas à demanda doméstica,mas no Sudeste Asiático elas superam em muito a demanda — acrescentou a fonte.

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A economia do aço,cíclica por 50 anos,agora enfrenta um problema “estrutural” de superprodução,afirmam os especialistas. A China reduziu drasticamente seu consumo,em parte devido à paralisação de seus enormes projetos de construção.

Além disso,suspeita-se que o gigante asiático subsidie sua produção de forma mais ou menos direta,o que reduz os preços,colocando sob pressão as tradicionais empresas europeias e americanas.

A US Steel,que está passando por um período difícil,foi objeto de uma tentativa de aquisição pela Nippon Steel,bloqueada por Joe Biden e depois por Donald Trump. A empresa alemã ThyssenKrupp anunciou cortes de milhares de empregos.

Para ilustrar a intensidade da atual guerra comercial,o empresário europeu entrevistado pela AFP apontou que “a China exportou entre 110 e 120 milhões de toneladas no ano passado,o que é praticamente equivalente ao consumo europeu”,que é de 126 milhões de toneladas por ano.

Por que o aço ainda é estratégico na era digital?

O aço,que estava no centro da revolução industrial iniciada na Europa no século XIX,continua sendo a base de muitos outros setores da indústria tradicional. Em 2023,52% do aço produzido ainda era destinado à construção,enquanto o setor automotivo absorvia 12%.

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Os setores de armamento e ferroviário também estão entre os principais clientes do aço,que também é fundamental para a transição energética,com as turbinas eólicas,e digital,nos data centers. No entanto,seu processo de fabricação,que usa carvão para remover o oxigênio do minério de ferro,faz com que seja o setor industrial com as maiores emissões de gases de efeito estufa.

Com isso,o setor deu início a um planejamento de transição e investimentos maciços para descarbonização na Europa,embora estejam parados devido ao difícil contexto atual.

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