Contra tiros de revólver, pistola e até submetralhadora: entenda o tipo de blindagem do 'minicaveirão' do tráfico apreendido no Complexo da Maré

2025-02-07 IDOPRESS

Policial examina seteira no vidro traseiro em que fuzil era usado em carro blindado improvisado pelo tráfico — Foto: Gabriel de Paiva/Agência O Globo

RESUMO

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GERADO EM: 06/02/2025 - 18:40

"BMW blindado do tráfico apreendido na Maré"

Um veículo BMW adaptado com blindagem capaz de resistir a tiros de submetralhadora,conhecido como "minicaveirão do tráfico",foi apreendido no Complexo da Maré. Utilizado por criminosos do Comando Vermelho em roubos de alto valor,o carro modificado tinha seteiras para fuzis e placa clonada. A polícia desmantelou um esquema criminoso de roubos de cargas e veículos,resultando em prisões e bloqueio de milhões em contas bancárias ligadas à quadrilha.

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Um carro de luxo BMW com sete seteiras adaptadas para colocação de fuzis,uma espécie de "minicaveirão" do tráfico,apreendido nesta quinta-feira,no Complexo da Maré,na Zona Norte do Rio,estava equipado com uma blindagem tipo 3-A,capaz de suportar tiros de calibres que vão do 22 ao 38,além de disparos de revólveres Magnum 357 e 44,e até de uma submetralhadora Uzi. Segundo Marcelo Silva,presidente da Associação Brasileira de Blindagem (Abrablin),que assistiu a vídeos com imagens do veículo,enviados por O GLOBO,só uma perícia da Polícia Civil poderá confirmar a capacidade de resistência do equipamento,que era utilizado pelos bandidos da facção criminosa Comando Vermelho.

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O carro apreendido por agentes da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas( DRFC) na Favela Nova Holanda,em Bonsucesso,tinha duas seteiras nas portas dianteiras,duas nas portas traseiras,duas no vidro traseiro e uma no para-brisa dianteiro,localizada no lado do carona.

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— Aparentemente (a blindagem) é de nível 3-A,mas vale dizer que somente a perícia dará a avaliação correta,lembrando que a blindagem no Brasil segue normas que estabelecem esses níveis de proteção. Trata-se de um veículo modificado e,por isso,não é possível cravar o nível de blindagem recebido originalmente. A blindagem certificada e dentro das normas como tem que ser não contempla esse tipo de perfuração em vidro e outras modificações — explica Marcelo Silva,presidente da Abrablin.

A BMW blindada apreendida tem uma seteira no para-brisa dianteiro — Foto: Gabriel de Paiva/Agência o Globo

A Polícia Civil vai fazer uma perícia para saber se houve ou não algum reforço na blindagem original do carro. Segundo o delegado Fábio Asty,da DRFC,o veículo era usado em ações de roubo e em disputas territoriais com outras facções criminosas. De acordo com os policiais,as perfurações na carroceria e nos vidros blindados,para colocação de seteiras,foram feitas por alguém com algum tipo de conhecimento técnico. 

Carro usado pelo tráfico com dois buracos no vidro traseiro para colocação de fuzis — Foto: Gabriel de Paiva/Agência O Globo

— A BMW foi apreendida no Complexo da Maré. Ela tinha seteiras nas suas laterais e na sua parte traseira,que serviam para colocar as armas de fogo,principalmente fuzis,para poderem praticar roubo de cargas. Esse veículo já era procurado pela DRFC e pela Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis. Sabíamos que ele estava sendo usado para praticar roubos de alto valor econômico,e até mesmo ataques a carro forte. Conseguimos fazer a apreensão e tirar das mãos dessa quadrilha o uso desse veículo BMW. O carro era roubado e ostentava placa clonada— disse o delegado,acrescentando que o carro havia sido roubado há seis meses. 

Segundo a Abrablin,a blindagem tipo 3-A é o nível mais usado no Brasil. Além dele,também é permitido o uso da blindagem nível 1,que protege contra armas de calibres 22 a 38,e do tipo 2-A,que além das armas citadas anteriormente,é capaz de resistir a tiros de revólver Magnum 357 e de pistola calibre 9 milímetros. 

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O "minicaveirão" do tráfico foi apreendido durante operação deflagrada pela DRFC que desbaratou um sofisticado esquema criminoso envolvendo roubos de cargas e de veículos,receptação e lavagem de dinheiro. A investigação começou em meados de 2024,após registros de ocorrências indicarem que dois grupos criminosos,estruturados e organizados,estariam baseados nas comunidades Parque União e Nova Holanda. Seus integrantes são vinculados ao Comando Vermelho (CV) e seriam responsáveis por roubos de cargas no Estado do Rio.

A DRFC identificou a estrutura desses grupos após a prisão de um de seus integrantes,que relatou a existência de um local na Maré chamado por eles de "escritório",onde os bandidos se reuniam para planejar os roubos de cargas e posteriores revendas delas. De acordo com o relato,o grupo tinha no espaço computadores,em que estariam armazenados dados de funcionários das empresas que fornecem informações privilegiadas para a quadrilha e também dados de empresários responsáveis por receptar cargas roubadas. 

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Durante a ação,quatro pessoas foram presas e uma morreu,em Duque de Caxias. Além deste município,a operação também aconteceu simultaneamente em Goiás,Ceará,Bahia e Santa Catarina,onde estariam pessoas ligadas ao esquema de lavagem de dinheiro. Pelo menos R$ 18 milhões da quadrilha foram bloqueados pela Justiça em 68 contas bancárias,usadas por pessoas físicas e jurídicas supostamente ligadas ao grupo criminoso. Durante a ação,a polícia apreendeu ainda computadores e R$ 25 mil em espécie.

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