‘Ex-jovem’, Thiago Amud confirma suas promessas em ‘Enseada perdida’, disco com Chico Buarque e Caetano Veloso

2025-02-06 IDOPRESS

O cantor e compositor Thiago Amud — Foto: Leo Martins

RESUMO

Sem tempo? Ferramenta de IA resume para você

GERADO EM: 05/02/2025 - 20:14

Thiago Amud lança "Enseada Perdida" com Chico Buarque e Caetano Veloso: parcerias e sonoridade diversificada

Thiago Amud,renomado músico da MPB,lança "Enseada Perdida" com Chico Buarque e Caetano Veloso. O álbum traz composições marcantes e parcerias inusitadas,revelando uma sonoridade rica e diversificada. Com influências ecléticas e uma abordagem experimental,Amud explora temas como ecologia e experiências pessoais,promovendo uma obra complexa e emocionante.

O Irineu é a iniciativa do GLOBO para oferecer aplicações de inteligência artificial aos leitores. Toda a produção de conteúdo com o uso do Irineu é supervisionada por jornalistas.

CLIQUE E LEIA AQUI O RESUMO

Pedra sempre cantada quando se fala da resistência daquilo que um dia se chamou de MPB,o cantor,compositor,violonista e arranjador carioca Thiago Amud,de 44 anos,chegou ao streaming semana passada com o seu quinto álbum solo,“Enseada perdida”.

Após críticas,Kanye West comenta sobre vestido transparente de mulher no Grammy: 'A pessoa mais buscada no planeta'BK’: Rapper volta com álbum marcado por samples de Djavan e Milton,dores de amor e espetadas na indústria

Compositor gravado por Milton Nascimento,Ana Carolina e Alcione,ele porta uma credencial de respeito: no disco,ninguém menos que Chico Buarque e Caetano Veloso cantam com ele duas de suas composições (respectivamente “Cidade possessa” e “Canção de ninar o mar”). O mais curioso é que foi justamente por causa delas que Thiago se deu conta de que tinha um novo álbum a fazer.

— O estopim para “Enseada” foi uma coisa que eu nem busquei. Foi quando Zeca Veloso (seu parceiro,filho de Caetano) perguntou: “Por que você nunca gravou com meu pai?” Aí mandei uma música que tinha acabado de fazer,e eis que,não contente,Zeca falou: “Não,essa música acho que tem muito a cara do Chico” — conta. — Pensei que Chico não fosse topar,já que pelo menos com Caetano eu tinha certa proximidade (Thiago escreveu arranjos de sopros para a faixa-título de “Meu coco”,disco mais recente do cantor),e com ele,não. Mas Chico não só topou como disse que estava querendo gravar umas duas semanas depois.

Um frevo carnavalesco de fato bem buarquiano,“Cidade possessa” ganhou voz de Chico em uma sessão no estúdio da gravadora Biscoito Fino,no Humaitá,no Rio.

— Quando vi Chico chegando,eu não disse “oi,tudo bem?”,eu disse “ah,então era verdade!” — diverte-se Thiago. — Chico fez alguns takes e,no fim,quando já estava tudo bom,ele ainda se ofereceu para fazer mais um take,caso eu quisesse. Ele foi muito doce e muito educado,foi muito divertido gravar com ele.

Thaigo Amud e Chico Buarque,em estúdio — Foto: João Atala/Divulgação

Restava compor a tal música para Caetano. Thiago fez “Dinamismo”,“que tem uma rítmica um pouco próxima da marcha caetaneada”,mas acabou que ele mesmo cantou na gravação. Nesse ínterim,o baiano ouviu “Cantiga de ninar o mar” e acabou escolhendo-a para gravar. E aí Thiago recebeu do antropólogo e pesquisador musical Hermano Vianna a tarefa de compor um samba-enredo para o filme “A baleia”,de Felipe Bragança e Marina Meliande,ainda a ser lançado. Nascia o single e motivador do título do álbum,“Baía de Janeiro”.

Nascido da leitura do livro “As águas encantadas da Baía de Guanabara” (Numa,2021),de Jorge Luiz Barbosa,Diogo Cunha e Ana Thereza de Andrade Barbosa,o samba promoveu “um certo acerto de contas com uma fase nova da vida” (depois do fim de um casamento,Thiago voltou ao Rio em 2023,depois de três anos em Belo Horizonte) e deu uma das chaves para que “Enseada perdida” tivesse uma unidade: a “presença ameaçadora da questão ecológica”,que conduz também a jobiniana “Oração da cobra grande” (parceria com a mineira Luiza Brina,já gravada por ela) e “Mapa-múndi” (para ele,a “faixa mais triste do disco,quase que um corpo a corpo com o niilismo”).

Outra chave que ele descobriu depois do álbum pronto foi a do núcleo “meio dionisíaco no disco” representado por músicas como o mambo “Dela”,o blues “Orgia” e a “antierótica” “Penteu” (parceria com Sylvio Fraga,sócio da Rocinante,gravadora que lança o disco) — uma canção baseada,diz ele,“em um personagem ultrarreacionário das ‘Bacantes’ (tragédia grega de Eurípedes)”.

Pastiche da vanguarda

No meio disso tudo,coube até “um rock mesmo,rock que não tem nem harmonia,que eu fiz quando estava com um dedo quebrado e não podia tocar violão”,chamado “Se você pensasse”:

— E nela ainda botei uma orquestra para tocar numa outra tonalidade. É um pastiche de coisas tipo (as do compositor francês) Edgar Varèse,dos procedimentos da vanguarda. Mas é um pastiche,não é que eu esteja escrevendo um capítulo relevante da história desse tipo de música experimental. É uma coisa que o (arranjador da Tropicália) Rogério Duprat fazia muito.

O cantor e compositor Thiago Amud — Foto: Leo Martins

Com 11 faixas,“Enseada perdida” sai também em vinil. Para Amud,é garantia de longevidade (“sinto um certo alívio de saber que existe esse suporte físico,porque um dia vai ter uma tempestade solar e tudo (os arquivos digitais magnéticos) vai cair”,brinca. Mas também um exercício de concisão importante para quem,depois de um disco de banda,mais enxuto,(“São”,de 2021),redescobriu “aqueles arcabouços orquestrais dos discos anteriores,que eram fios desencapados”.

— Uma das coisas que mais me enchem de alegria é ir para o estúdio e construir uma sonoridade com vários músicos,é essa possibilidade de criar orquestrações diferentes,de combinar,de narrar com o som — admite ele,para quem parece ser “uma insanidade,nessa quadra da vida,buscar algo assim” e ainda tentar algum diálogo com o mainstream (embora tenha até gravado um clipe para “Baía de Janeiro”). — Não sei nem como fazer isso!

Thiago Amud,a promessa da MPB,hoje se define como “um ex-jovem”.

— Durante muito tempo eu era sempre o mais jovem dos grupos que frequentava. E agora estou virando meio que o mais velho,até porque as pessoas um pouco mais velhas com quem eu privava viraram pais,mães e tocaram suas vidas,enquanto que eu fico na minha errância — explica-se. — Dos mais jovens com quem colaboro eu sou colega,ainda me sinto chegando. Muitos deles têm uma capacidade de comunicação mais natural do que a minha.

Declaração: Este artigo é reproduzido em outras mídias. O objetivo da reimpressão é transmitir mais informações. Isso não significa que este site concorda com suas opiniões e é responsável por sua autenticidade, e não tem nenhuma responsabilidade legal. Todos os recursos deste site são coletados na Internet. O objetivo do compartilhamento é apenas para o aprendizado e a referência de todos. Se houver violação de direitos autorais ou propriedade intelectual, deixe uma mensagem.
©direito autoral2009-2020European Financial Journal      Contate-nos   SiteMap