Dinheiro apreendido na operação Ouro Negro,que investiga furto de combustível de dutos — Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo

RESUMO

GERADO EM: 05/02/2025 - 19:15

"Herdeiro do Jogo do Bicho Suspeito de Financiar Esquema de Furto de Petróleo no RJ"

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A investigação da Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados (DDSD) que serviu de base para a Justiça expedir 25 mandados de busca e apreensão,cumpridos por policiais nesta quarta-feira,durante a deflagração da Operação Ouro Negro,em endereços ligados a uma quadrilha responsável por furtar petróleo de dutos da Petrobras,apontou que dinheiro do jogo do bicho foi usado financiar o esquema criminoso da quadrilha. Os gastos para realizar os furtos incluíram,entre outras coisas,valores para a compra de equipamentos especiais de perfuração e ainda despesas de aluguel de veículos para fazer o transporte do produto furtado.

Contravenção e furto de petróleo: polícia apreende joias,carros de luxo e R$ 200 mil na mansão do bicheiro Vinícius DrumondOuro Negro: operação mira quadrilha que furta petróleo; contraventor Vinícius Drumond é 'cérebro' da organização criminosa,diz polícia

Segundo a polícia,o homem apontado como "cérebro" da quadrilha é o contraventor Vinícius Drumond. Ele é filho do falecido bicheiro Luizinho Drumond e é o atual vice-presidente executivo da Imperatriz Leopoldinense. Numa casa onde Vinícius mora,na Barra da Tijuca,na Zona Oeste do Rio,onde foi cumprido um dos mandados de busca e apreensão,os policiais apreenderam joias (uma delas um cordão com pingente da Imperatriz),cerca de R$ 200 mil em espécie,telefones,um notebook e dois carros de luxo. Todo o material será periciado e analisado por investigadores.

A perfuração de dutos e o furto de petróleo e derivados,crime geralmente associado a grupos de milicianos,já ocorre no Rio pelo menos desde 2017. Esta,no entanto,foi a primeira vez que uma investigação apontou a participação da contravenção neste tipo de esquema criminoso.

Joias apreendidas durante a ação. Uma delas tinha pingente com logo da Imperatriz Leopoldinense — Foto: Fabiano Rocha/Agência O Globo

— Foi uma surpresa,ainda não tínhamos nos deparado com a contravenção associada a esse tipo de crime,que é a perfuração de dutos. Esse crime já existe aqui no Rio de Janeiro há muito tempo. É um crime que ocorre no Brasil inteiro,aliás ocorre em vários países do mundo,mas a participação na contravenção foi uma novidade para a gente — disse o delegado Pedro Brasil,da DDSD,explicando que uma prisão feita na Bahia,com participação de policiais baianos e fluminenses,foi o pontapé inicial para descoberta do grupo que age em todo o país.

— A investigação iniciou-se a partir de uma prisão em flagrante que ocorreu no Estado da Bahia,uma investigação que teve uma colaboração nossa com a Polícia Civil da Bahia,e a partir dessa prisão em flagrante,elementos foram recolhidos. Nós fizemos uma investigação reversa,fomos seguindo as pistas,e chegamos nos executores e também no financiador,que é o contraventor Vinícius Drummond— detalhou o delegado.

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Uma outra investigação,feita pela polícia do Rio de Janeiro,em 2022,mostra como um grupo ligado à milícia costumava agir para roubar petróleo e derivados. Segundo dados que constam no processo,bandidos costumavam escolher os dutos que seriam perfurados a partir de trechos de áreas de sítios ou de terrenos com poucas residências. Em seguida,a quadrilha fazia a perfuração na tubulação subterrânea de alta pressão,usando ferramentas ou material específico.

Por último,o grupo criminoso utilizava uma espécie de válvula para engatar mangueiras que desviavam o produto furtado para caminhões.

Responsável por chefiar a investigar que descobriu a ligação da contravenção com o furto de petróleo,o delegado Pedro Brasil vai tentar identificar os receptadores do produto furtado dos dutos da Transpetro.

— Levando em consideração outras investigações feitas pela nossa unidade,o petróleo é levado através de caminhões para receptadores. Basicamente,ele é utilizado como matéria-prima para a produção de asfalto — concluiu o delegado.

O Globo não conseguiu localizar os responsáveis pela defesa de Vinícius Drumond. Um advogado chegou a ir na DDSD,nesta quarta-feira,mas afirmou que nada declararia por não saber ainda se ficaria ou não com o caso.

Procurada,a Transpetro preferiu não informar o prejuízo sofrido com o furto de petróleo em seus dutos. Em nota,a empresa disse que disponibilizou uma linha telefônica para receber denúncias sobre ações criminosas. "O transporte de combustíveis por dutos é seguro e eficiente,mas intervenções criminosas podem trazer riscos à comunidade. A companhia disponibiliza o telefone 168,um canal gratuito que funciona 24 horas por dia,nos sete dias da semana,para receber denúncias sobre movimentação suspeita nas faixas de dutos,com sigilo garantido",diz um trecho do documento enviado pela Transpetro.