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A crise global dos antibióticos e a resistência microbiana na pecuária
2024-11-29 HaiPress
Antibióticos são usados em rebanhos confinados em espaços reduzidos — Foto: Pexels
RESUMO
Sem tempo? Ferramenta de IA resume para vocêGERADO EM: 28/11/2024 - 21:16
"Pecuária e resistência antimicrobiana: desafios e soluções"
A resistência antimicrobiana na pecuária ameaça a saúde global. O uso excessivo de antibióticos gera bactérias perigosas. Soluções incluem regulamentações mais rígidas,conscientização dos consumidores e investimento em novos medicamentos. A colaboração é crucial para preservar esses recursos e garantir um futuro saudável e sustentável.O Irineu é a iniciativa do GLOBO para oferecer aplicações de inteligência artificial aos leitores. Toda a produção de conteúdo com o uso do Irineu é supervisionada por jornalistas.
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A resistência antimicrobiana é considerada uma das maiores ameaças à saúde global no século XXI. Desde a descoberta da penicilina em 1928,os antibióticos revolucionaram a medicina,salvando milhões de vidas. No entanto,o uso indiscriminado desses medicamentos,especialmente na pecuária industrial,tem acelerado o surgimento de bactérias resistentes,colocando em risco os avanços médicos das últimas décadas. Existe uma profunda interconexão entre o uso de antibióticos em animais,a saúde humana e o meio ambiente.
Estima-se que cerca de 70% dos antibióticos consumidos globalmente sejam utilizados na criação de animais. Na pecuária industrial,são empregados para promover o crescimento dos animais e prevenir infecções em ambientes superlotados. Essa prática,embora economicamente vantajosa,cria um terreno fértil para o desenvolvimento de cepas bacterianas resistentes,que podem se disseminar para os seres humanos por meio do consumo de carne contaminada,do contato direto com animais ou pela contaminação do solo e da água. A consequência é alarmante: infecções que antes eram tratáveis tornam-se intratáveis.
A resistência antimicrobiana já é responsável por cerca de 1,3 milhão de mortes anuais,e esse número pode atingir 10 milhões até 2050,segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS). Infecções simples,como urinárias ou de feridas cirúrgicas,podem voltar a ser fatais,revertendo décadas de progresso médico. Além disso,procedimentos que dependem de antibióticos para prevenção de infecções,como transplantes de órgãos e cirurgias,tornam-se mais arriscados. O uso indiscriminado de antibióticos na pecuária também compromete a segurança alimentar. Resíduos dessas substâncias na carne e a contaminação cruzada no processamento de alimentos são problemas sérios.
A liberação de resíduos de antibióticos no meio ambiente por meio de fezes de animais e sistemas de esgoto contribui ainda mais para a disseminação de resistência. Esses resíduos entram em ecossistemas aquáticos e terrestres,afetando a microbiota natural e ampliando a resistência em bactérias.
A solução para essa crise requer uma abordagem multidimensional. Regulamentações mais rígidas sobre o uso de antibióticos na pecuária são essenciais. Alguns países,como a Dinamarca,já demonstraram que é possível reduzir drasticamente seu uso sem comprometer a produtividade,implementando boas práticas de manejo animal. Além disso,é crucial promover a conscientização entre os consumidores. Escolhas alimentares mais conscientes,como o consumo de produtos orgânicos e livres de antibióticos,podem pressionar a indústria a adotar práticas mais seguras.
Investimentos em pesquisa e desenvolvimento de novos antibióticos também são fundamentais,mas devem ser acompanhados por estratégias para preservar a eficácia dos medicamentos existentes.
A resistência antimicrobiana é uma crise global que exige ação imediata. A colaboração entre governos,organizações internacionais,indústrias e consumidores é essencial para reverter esse cenário. O uso de antibióticos deve ser tratado como um recurso finito e precioso,com aplicação restrita e criteriosa. A proteção desse recurso não é apenas uma responsabilidade dos profissionais de saúde,mas de toda a sociedade
A preservação dos antibióticos como ferramenta essencial para a saúde humana depende de escolhas conscientes. Consumidores,governos e indústrias devem se comprometer com práticas responsáveis e sustentáveis. Com medidas adequadas,podemos não apenas evitar o agravamento da crise,mas também criar um mundo onde a saúde,a segurança alimentar e o equilíbrio ambiental coexistam de maneira harmoniosa.