Flordelis concorre no concurso Voz da Liberdade,da Seap,mas perde a disputa musical — Foto: Vera Araújo

RESUMO

GERADO EM: 28/11/2024 - 23:29

Flordelis: Música gospel global e planos pós-prisão

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O tempo parece ter parado para a ex-deputada federal,cantora gospel e pastora Flordelis dos Santos,de 63 anos,condenada a 50 anos de prisão pelo assassinato do próprio marido,o pastor Anderson do Carmo. Presa desde agosto de 2021,Flordelis continua negando ter planejado o crime com a participação de filhos biológicos e adotivos. Ontem,ao participar do concurso “Voz da Liberdade”,promovido pela Secretaria de Administração Penitenciária (Seap),foi uma das 17 finalistas,mas não venceu.

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Visivelmente frustrada,afirmou que a derrota não a abalou. Em entrevista ao GLOBO,disse que ainda se considera uma referência como cantora gospel e pastora,acrescentando que recebe cartas de apoio “do Brasil e do mundo”. Sobre a vida na prisão,confessou estar enfrentando dificuldades:

'Eu ainda sou uma referência',diz Flordelis em entrevista na cadeia

— Viver aprisionada é muito ruim. Difícil. Tomo muitos remédios aqui,mas sou muito apoiada pelas detentas e pela administração do presídio. Sinto que sou tratada como todas as outras internas. Faço parte do coral e não abro mão de cantar. É minha essência,está no meu DNA. Agora,aguardo um novo júri.

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Questionada sobre seu relacionamento com o produtor cultural Allan Soares,de 25 anos,Flordelis confirmou que continuam juntos. Segundo ela,Allan foi uma sugestão de sua psiquiatra como apoio durante um episódio de depressão após sua prisão.

Flordelis divide cela na Penitenciária Talavera Bruce,em Bangu,Zona Oeste do Rio,com sua filha Simone dos Santos Rodrigues. Ambas estão na ala conhecida como “seguro”,destinada a detentas com comorbidades. Flordelis tem problemas cardíacos,enquanto Simone está em tratamento contra o câncer. Apesar de afirmar que a filha cuida dela,Flordelis lamenta a situação:

— Nenhuma mãe desejaria estar presa com a filha,mesmo recebendo o melhor tratamento. Qualquer mãe preferiria estar no lugar do filho.

A vencedora do concurso "Voz da Liberdade" Cassiane Victoria comandou o show gospel num calor de mais de 40 graus no Instituto Penal Djanira Dolores de Oliveira,em Bangu — Foto: Divulgação Seap

Simone foi condenada a 31 anos e 4 meses de prisão pelos crimes de homicídio,tentativa de homicídio e associação criminosa armada. Além dela,dois filhos biológicos e alguns adotivos de Flordelis também foram condenados. O pastor Anderson do Carmo foi assassinado em junho de 2019. No julgamento realizado em novembro de 2022,oito pessoas foram condenadas,enquanto três foram absolvidas. Depoimentos e provas periciais apontaram como motivação do crime,disputas por dinheiro,influência política e negócios no meio gospel.

Planos para o futuro

Flordelis continua negando envolvimento na trama para assassinar o marido,culpando a vítima pela própria morte. Segundo ela,Anderson controlava sua carreira e,devido à amnésia e problemas psiquiátricos,ela não tinha controle sobre sua vida:

— Gostaria que meu marido estivesse vivo hoje para lhe perguntar o que ele fez com a minha filha (disse,referindo-se à alegação de que Anderson mantinha um relacionamento com Simone).

A ex-deputada afirmou que,ao sair da prisão,pretende retomar seu trabalho de "resgate de meninos e meninas apadrinhados pelo tráfico de drogas". Antes de ingressar na política,Flordelis ficou conhecida como mãe de dezenas de filhos adotivos e de criação,além dos três biológicos.

Entretanto,as investigações revelaram que muitas dessas crianças não foram adotadas de forma regular. Um dos supostos filhos biológicos,que ela dizia ter tido com Anderson,era,na verdade,uma criança retirada de uma mãe que procurou ajuda.

Além de homicídio,Flordelis foi condenada pela 3ª Vara Criminal de Niterói por tentativa de homicídio duplamente qualificado,uso de documento falso e associação criminosa.

A vencedora do concurso “Voz da Liberdade” foi Cassiane Victoria Moura Martins,presa por tráfico de drogas. A secretária da Seap,Maria Rosa Lo Duca Nebel,que integrou o júri,destacou o propósito do evento:

Cassiane Victoria,Desirreé Felipe e Rayane Dutra,da esquerda para a direita,vencedoras do concurso Voz da Liberdade — Foto: Vera Araújo

— Não dá para liderar uma secretaria penitenciária sem olhar com sensibilidade para essas mulheres e pessoas LGBTQIAP+. Se nas ruas elas são vulneráveis e rejeitadas,aqui buscamos acolhê-las e abraçá-las.