Eficácia e treinamento em xeque: morte de estudante amplia questionamentos sobre a atuação da PM em SP

2024-11-22 HaiPress

Policiais durante abordagem que resultou na morte de Marco Aurélio Cardenas Acosta,de 22 anos — Foto: Reprodução/g1

RESUMO

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GERADO EM: 21/11/2024 - 22:25

Caso Marco Aurélio Acosta: PM de SP sob escrutínio

A morte de Marco Aurélio Acosta levanta dúvidas sobre a atuação da PM em SP. Caso se soma a outros incidentes,questionando eficácia e treinamento policial. Especialistas apontam uso excessivo de força e falta de retreinamento como problemas. Mortes em intervenções policiais aumentaram 75% em SP este ano.

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A morte do estudante Marco Aurélio Cardenas Acosta,de 22 anos,na madrugada de quarta-feira,alimentou mais questionamentos sobre a eficácia e o treinamento dos policiais militares de São Paulo. Nas últimas semanas,a PM se viu responsabilizada pela morte de uma criança na Baixada Santista e teve agentes envolvidos nas investigações do homicídio do delator do PCC Antonio Vinicius Gritzbach no Aeroporto de Guarulhos.

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Acosta foi atingido no tórax ao ser cercado pelos policiais Guilherme Augusto Macedo e Bruno Carvalho do Prado em um quarto de hotel na Vila Mariana,na Zona Sul da capital paulista. Autor do tiro,Macedo foi indiciado por homicídio doloso e,assim como Carvalho,afastado de suas funções enquanto o caso é investigado.

Segundo o boletim de ocorrência feito pelos dois PMs,o estudante de medicina da Faculdade Anhembi-Morumbi havia corrido para o estabelecimento depois de bater no espelho retrovisor do carro em que estavam os policiais,pouco antes das 3h de quarta-feira,ao ser abordado. Imagens de uma câmera de segurança do hotel mostram Macedo apontando uma arma e Prado tentando imobilizar Acosta,que derruba o PM ao segurá-lo pelo pé.

É nesse momento que o tiro é disparado. Acosta foi operado no Hospital Ipiranga,mas não resistiu. A Secretaria de Segurança informou que apura a conduta dos agentes,inclusive por que eles não usaram uma arma de choque. Os dois PMs usavam câmeras corporais,que terão imagens incorporadas à investigação.

Os policiais teriam sido chamados pela recepcionista do hotel,de acordo com uma garota de programa com quem Acosta estava no estabelecimento. À policia,ela afirmou que o estudante a agrediu ao ser cobrado por uma dívida de R$ 20 mil.

Marco Aurélio Cardenas Acosta,morto por policial militar durante abordagem na Zona Sul de São Paulo — Foto: Reprodução Instagram

Segurança e criança

Acosta foi morto menos de duas semanas depois do assassinato de Griztbach,no dia 8. Um dos aspectos investigados no crime do aeroporto é a contratação pelo delator de policiais militares como seguranças,o que é proibido,e porque quatro deles não estavam no terminal no momento do crime. Eles alegaram que o carro que usavam havia quebrado e por isso se atrasaram.

Três dias antes da execução de Gritzbach,Ryan da Silva Andrade Santos,de 4 anos,foi morto durante uma incursão da PM no Morro de São Bento,em Santos. O próprio porta-voz da PM admitiu que a hipótese mais provável era de que a criança tivesse sido atingida pelos policiais durante um confronto com traficantes.

Para especialistas em segurança pública,os PMs envolvidos na morte de Acosta quebraram protocolos de abordagem e fizeram uso excessivo de força. Eles ligaram o episódio a um discurso mais enérgico para a segurança pública adotado pela gestão Tarcísio de Freitas.

Ex-secretário nacional de segurança pública e coronel da reserva da PM,José Vicente lembra que os policiais são treinados com um método para realizar as abordagens em que são usados todos os recursos para evitar a morte do suspeito.

— Mas existe um problema,(a falta de) retreinamento —ressalva.

Em nota,a SSP afirma que as mortes em intervenção policial são “rigorosamente apuradas com acompanhamento das Corregedorias,Ministério Público e Poder Judiciário”. A pasta diz ainda que os policiais recebem formação e atualização constantes,com “disciplinas voltadas a direitos humanos,igualdade social,diversidade de gênero e ações antirracistas”.

De janeiro a setembro,o Estado de São Paulo registrou 496 mortes decorrentes de intervenções policiais,de acordo com a SSP. O número representa um aumento de 75% em relação ao mesmo período do ano passado. Somente na Baixada Santista,onde a polícia realizou seguidas operações ao longo do ano,foram 109 mortes.

— São Paulo apresenta oscilações (na letalidade) ao longo das últimas décadas e isso reflete a linha política do governo. Temos um retrocesso em um estado que é pioneiro na produção de dados de segurança pública — diz Cristina Neme,coordenadora de projetos do Instituto Sou da Paz

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