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Alterações no Atlântico Tropical Norte e queimadas: Entenda as causas da seca na Amazônia
2024-09-05 HaiPress
Rio Solimões. Imagem da seca perto da comunidade Santa Terezinha,em São Paulo de Olivença,onde vive o povo Kambemba,no Amazonas,obrigado a lidar com dificuldades de transporte,falta de energia e escassez de água para consumo — Foto: Eronilde Kambeba/Acervo pessoal
RESUMO
Sem tempo? Ferramenta de IA resume para vocêGERADO EM: 05/09/2024 - 04:31
Impacto das Mudanças Climáticas na Amazônia: Alerta de Seca e Queimadas
Alterações climáticas no Atlântico Norte afetam Amazônia,causando seca antecipada e risco de queimadas. Estudo indica redução de chuvas devido ao aquecimento do oceano,impactando os rios. Cientistas alertam para ciclo de tragédias e possibilidade de transformação da floresta em savana se desmatamento não for contido.O Irineu é a iniciativa do GLOBO para oferecer aplicações de inteligência artificial aos leitores. Toda a produção de conteúdo com o uso do Irineu é supervisionada por jornalistas.
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Os rios da Amazônia não subiram como deveriam na estação chuvosa. A consequência da escassez de precipitação é uma seca antecipada,afetando o cronograma da população local,que ainda se recuperava da estiagem histórica de 2023. E,quanto mais duradoura é a seca,mais intensos os impactos.
Seca: quatro trechos de rios do Pantanal e da Amazônia atingem seus menores níveis na história; veja quaisEntenda: Um ano após seca histórica na Amazônia,rios não retomam o nível esperado e sinal de alerta para nova estiagem grave se acendeMais: Entenda o fenômeno que aumenta a seca na Amazônia e leva a chuva ao deserto do Saara
Um estudo do Instituto de Ciência e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em parceria com o Centro de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) mostrou que,em 2023,a queda acentuada nos níveis dos rios amazônicos foi causada pela crise climática.
Segundo pesquisadores,devido a alterações no processo de evaporação da água no Oceano Atlântico,principal fonte de umidade da Bacia Amazônica,está chovendo menos na região.
— Em condições normais,a água quente do Atlântico evapora para a atmosfera,e esse vapor de água é levado para a Amazônia pelos ventos alíseos — explica o cientista Jochen Schöngart,doutor em Ciências Florestais e pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). — Mas,quando o Atlântico Tropical Norte fica aquecido demais,ocorre um desequilíbrio,e todo aquele vapor de água gerado não entra mais aqui na Amazônia.
O Índice Integrado de Secas (IIS) do Cemaden verificou que a condição de seca moderada a severa desde o segundo semestre de 2023 e a volta do problema este ano em vários municípios elevam o risco de propagação do fogo. Queimadas,por sua vez,suprimem a vegetação nativa,contribuindo para a queda de umidade do ar. É um ciclo de tragédias.
De acordo com Jochen Schöngart,a seca este ano não é tão grave quanto a de 2023,quando a anormalidade foi observada em quase todo o bioma,em grande parte devido à ocorrência do fenômeno El Niño. Este ano,os quadros mais severos se limitam à parte sul da Amazônia.
De acordo com a ONG MapBiomas,62% da superfície de água no Brasil fica na Bacia Amazônica,mas,o bioma passou mais de seis meses abaixo da média histórica,atingindo nove milhões de hectares da superfície média mensal de água. A região apresenta média acima dos dez milhões desde o início da medição,em 1985.
Vazantes severas estão se tornando mais comuns na Amazônia,e,por isso,a ciência já discute se chegamos ao “ponto de não retorno”,a partir do qual a maior floresta tropical do mundo vai começar a virar uma savana.
— Se frearmos o desmatamento e recuperarmos os ecossistemas,podemos restabelecer o ciclo hidrológico — pondera Schöngart. — Caso contrário,vamos nos aproximar ainda mais do ponto sem retorno,que afeta o ciclo hidrológico na região,mas também prejudica os rios voadores,que fornecem água para outras regiões no Brasil e na América do Sul.
Veja fotos do Rio Madeira,em Rondônia,que enfrenta seca histórica em 2024
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Nível do Rio Madeira,alcançou a marca de 1,98 metro nesta quinta-feira (22) — Foto: Evaristo/AFP
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Desde 1967,quando os níveis do Madeira começaram a ser monitorados pelo Serviço Geológico do Brasil,o rio nunca tinha atingido uma marca tão baixa no mês de agosto — Foto: Evaristo Sá/AFP
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Um dos principais rios do Brasil,Madeira não recebe montantes significativos de chuva há dois meses — Foto: Evaristo Sá/AFP
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A seca é o principal motivo dos baixos níveis do rio que corta Porto Velho,e também banha a Bolívia e o Peru — Foto: Evaristo Sá/AFP
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Bancos de areia dificultam a navegação no rio e prejudicam a circulação de mercadorias por meio fluvial — Foto: Evaristo Sá/AFP
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Em Porto Velho,capital do estado,o tráfego noturno no Rio Madeira foi proibido pela prefeitura — Foto: Evaristo Sá/AFP
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Publicidade Com níveis dois metros abaixo do usual para esta época do ano,um dos principais rios do Brasil não recebe níveis significativos de chuva há dois meses