Caso Marielle: cochichos, mãos escondendo lábios para evitar sua leitura; como Brazão se comunica com advogado

2024-08-16 HaiPress

Conselheiro Domingos Brazão cochicha com o advogado Roberto Brzezinski,na penitenciária federal de Porto Velho,em Rondônia,em audiência transmitida por videoconferência — Foto: Reprodução

RESUMO

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GERADO EM: 16/08/2024 - 04:00

Julgamento do Caso Marielle: Estratégias e Emoções no STF.

Durante a audiência do caso Marielle no STF,Domingos Brazão se destaca por sua defesa ativa. Cochichos estratégicos com advogados e perda de peso dos réus marcam o julgamento. A família Brazão interage virtualmente; defesa alega mudança na investigação do crime. Emoções e estratégias se entrelaçam em um cenário de tensão e preocupação.

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A perda de peso,a olhos vistos,dos réus dos homicídios da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes não é a única imagem que chama a atenção durante a audiência de instrução e julgamento do caso no Supremo Tribunal Federal (STF). Nos quatro dias de sessão — iniciada na segunda-feira (12/08) —,por videoconferência,é possível ver o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE),Domingos Brazão,muito atuante em sua defesa,comparado aos demais acusados.

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A todo instante,principalmente quando seus advogados arguiam a testemunha Guilhermo de Paula Catramby — delegado da Polícia Federal responsável pelo inquérito desde fevereiro do ano passado —,era possível ver o conselheiro cochichando com seu defensor. As conversas ao pé do ouvido eram constantes,com os envolvidos escondendo a boca para evitar a leitura labial,prática muito comum no mundo esportivo,como quando um técnico orienta os jogadores durante uma partida de futebol sobre como será o ataque ao time adversário.

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Houve momentos em que foi possível ouvir a voz do conselheiro soprando o que o advogado Roberto Brzezinski deveria perguntar. Nesta quinta-feira (15/08),Catramby,parecendo incomodado,perguntou o que Domingos estava questionando. Quando encerrou a sabatina,Brzezinski voltou-se na direção do cliente,que estava sentado ao seu lado na sala de videoconferência da Penitenciária de Porto Velho,para saber se Domingos teria mais alguma pergunta. Conforme o blog Segredos do Crime informou,na entrevista de Alice Brazão,o conselheiro tem usado boa parte de seu tempo na prisão para estudar o processo. Ele chegou a decorar as páginas dos trechos mais importantes para a sua defesa.

Deputado federal Chiquinho Brazão ouve depoimentos de testemunha por meio de videoconferência — Foto: Reprodução

A tese de defesa dos advogados de Domingos tem sido que a Polícia Federal abandonou a linha de investigação que apontava que Marielle foi assassinada a mando do ex-bombeiro Cristiano Girão,optando por acusar os irmãos Brazão como autores do duplo homicídio. Durante a audiência,um dos advogados do conselheiro chegou a destacar as ligações do ex-sargento da PM Ronnie Lessa,assassino confesso da vereadora e de seu motorista,com o policial civil Wallace de Almeida Pires,conhecido como Robocop,vítima de homicídio. Este último era o braço direito de Girão,preso sob suspeita da morte de um rival na Gardênia Azul,na Zona Oeste. Catramby destacou que as investigações e a delação premiada de Lessa fizeram a PF abandonar tal versão.

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Os quatro dias de audiência por videoconferência também foram uma maneira de o clã Brazão se reunir de forma virtual. Ao fim da sessão de quarta-feira (14/08),Domingos perguntou por que Chiquinho não aparecia na sua tela,demonstrando preocupação com a saúde debilitada do irmão mais velho. Gentilmente,o desembargador Airton Vieira,que conduz a audiência com muita tranquilidade,autorizou que os irmãos se vissem. A assessoria técnica do STF orientou a direção da unidade prisional,onde Domingos se encontra,que ajustasse o modo de visualização do painel do vídeo,permitindo,assim,a exibição das pessoas presentes à audiência.

Ex-chefe de Polícia Civil,delegado Rivaldo Barbosa,ao lado do advogado Marcelo Ferreira,durante audiência de instrução e julgamento do STF — Foto: Reprodução

Entusiasmado com a pergunta do conselheiro,Chiquinho sorriu e acenou incessantemente para o conselheiro,que demonstrou alívio. Domingos retribuiu,ao tomar conhecimento de que o irmão o cumprimentava,mesmo sem vê-lo no vídeo.

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No dia seguinte,quinta-feira (15/08),as esposas dos irmãos Brazão,a irmã deles,assim como filhos e sobrinhos dos presos,estavam em peso na audiência. Ao fim da sessão,a mulher e a filha de Chiquinho acenaram e mandaram beijos para ele. O gesto foi copiado por Erika Andrade de Almeida Araujo,mulher do ex-chefe de Polícia Civil,delegado Rivaldo Barbosa.

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Erika foi alvo da operação Murder Inc. da Polícia Federal,no dia 24 de março deste ano,quando foram presos Rivaldo e os irmãos Brazão acusados de serem os mandantes do homicídio de Marielle. A PF cumpriu mandando de busca e apreensão no apartamento onde Erika vivia com o delegado,na Zona Oeste. Segundo a Polícia Federal,as investigações apontaram que ela seria testa de ferro das empresas criadas por Rivaldo,a partir de 2015,quando o delegado fica à frente da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC). Os investigadores acreditam que há crime de lavagem de dinheiro. O delegado passou boa parte da sessão de cabeça baixa,algumas vezes,cruzava as mãos diante do peito e fechava os olhos,como se estivesse rezando. No fim dos debates,sorriu,após sua mulher liberar o microfone para desejar boa noite.

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A audiência de instrução e julgamento foi conduzida pelo desembargador Airton Vieira,nesta quinta-feira,pelo quarto dia consecutivo. Participaram ainda da sessão o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE),Domingos Brazão; seu irmão,o deputado federal Chiquinho Brazão; o delegado Rivaldo Barbosa; o policial reformado Robson Calixto Fonseca,o Peixe; e o major da PM Ronald Paulo Alves Pereira,com suas defesas.

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Pela acusação,estavam o procurador Olavo Evangelista Pezzotti,da Procuradoria-Geral da República,e as assistentes de acusação de Fernanda Chaves,sobrevivente do atentado que vitimou Marielle e Anderson. Ronnie Lessa e o ex-PM Élcio de Queiroz ficaram numa sala de espera virtual,enquanto suas defesas,assistiam os depoimentos.

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Os réus,que estão presos,puderam assistir das penitenciárias federais onde se encontram: Domingos,na de Porto Velho (RO); Chiquinho,na de Campo Grande (MS); Rivaldo,no presídio de Brasília. Ronald e Peixe também viram de suas unidades federais.

O conselheiro Domingos Brazão depõe na audiência de instrução e julgamento do STF — Foto: Reprodução

A audiência prossegue nesta sexta-feira (16/08) com o término do depoimento do agente federal Marcelo Pasqualetti,que irá responder os advogados de defesa. A previsão é de que mais uma ou duas testemunhas sejam ouvidas. Ainda não foi decidido pelo desembargador Airton Vieira se as sessões continuarão na próxima semana.

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