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Discriminação com base na idade sentida por 1/3 dos trabalhadores
2024-08-13 HaiPress
O estudo "Compreender o idadismo em relação aos trabalhadores mais jovens e mais velhos",da Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS),refere que os preconceitos em função da idade foram apontados por 33,5% dos trabalhadores em Portugal.
No caso dos mais jovens (18-35 anos) a percentagem atingiu os 42,3%,sendo de 28,6% nos trabalhadores de meia-idade e de 25,6% nos trabalhadores mais velhos.
"As decisões de recursos humanos e de pessoal que envolvem trabalhadores mais jovens e mais velhos são frequentemente enviesadas em função da idade - está provado que o idadismo afeta estas decisões",diz o comunicado da FFMS de divulgação do trabalho,que foi coordenado por David Patient,professor catedrático de Liderança na Vlerick Business School (Bélgica).
Segundo a investigação,o idadismo,especialmente em relação aos trabalhadores mais jovens,está "pouco estudado,apesar de ser um fenómeno mais frequente do que o sexismo e o racismo,e de acarretar profundas implicações negativas para os indivíduos,as organizações e as sociedades".
No caso das pessoas,"está associado a níveis mais baixos de bem-estar psicológico",quer dos alvos quer dos que possuem "crenças idadistas",sendo igualmente prejudicial para as organizações,ao diminuir a satisfação no trabalho e a intenção de lá permanecer.
Os resultados do estudo mostram ainda que "os enviesamentos idadistas podem afetar negativamente a saúde mental de todos" os envolvidos,contribuindo para "um maior absentismo (...),uma diminuição da criatividade,da inovação e da colaboração nas equipas" e para "provavelmente sobrecarregar o sistema de saúde".
Mais de um quarto dos trabalhadores mais jovens denunciou ter sido discriminado devido à idade,desde a fase de recrutamento,à promoção e ao despedimento. Os mais novos "tendem também a ser relativamente mal pagos,não se sentem valorizados,recebem comentários depreciativos,são vistos como menos competentes e têm menos oportunidades de desenvolvimento do que os colegas mais velhos".
Por outro lado,são dos mais jovens as opiniões,preconceitos e atitudes mais negativas contra os trabalhadores mais velhos,que são mais bem aceites "nas organizações mais modernas e flexíveis (por oposição às mais tradicionais e rígidas) e nas regiões da Área Metropolitana de Lisboa e sul do país".
A crença de que os mais velhos devem retirar-se e dar lugar aos mais novos tem maior peso nas empresas privadas do que na administração pública.
"Encontraram-se poucos fatores sociodemográficos preditores de estereótipos idadistas contra trabalhadores mais jovens",refere o estudo,adiantando que,em Portugal,os preconceitos "eram aceites em níveis moderados a elevados,embora de forma mais acentuada por indivíduos mais velhos e com menor escolaridade,assim como pelos que tinham perspetivas de direita/conservadoras em questões económicas e,em especial,sociais".
"Pessoas pouco empenhadas,com pouca ética de trabalho,arrogantes e argumentativas" fazem parte das descrições estereotipadas dos mais jovens,que muitos consideram que "devem aceitar um estatuto inferior na organização e não desafiar a hierarquia ou o 'status quo'".
A discriminação com base na idade não está relacionada com o setor de atividade ou a dimensão e localização das organizações,concluíram os investigadores,que classificam de curioso o facto de nem o género nem o nível de educação afetarem significativamente o sentimento de idadismo.
O estudo diz ser urgente compreender o papel da discriminação com base na idade e as relações intergeracionais ao nível do trabalho,tendo em conta o envelhecimento da população em todo o mundo e a tendência em muitos países de adiamento da reforma,considerando que "o idadismo pode constituir um obstáculo à retenção de talento,(...) criar mais conflitos interpessoais",assim como aumentar os níveis de 'stress' e piorar a saúde mental.
Defende assim que combatê-lo "é fundamental para promover a igualdade,fomentar ambientes inclusivos e maximizar os potenciais contributos de indivíduos de todos os grupos etários".
Os investigadores recomendam assim a aprovação de "políticas e leis que combatam" esses preconceitos "em relação a todos os grupos etários",além do governo,as iniciativas podem envolver associações não-governamentais,empresas e universidades.
Aconselham ainda que sejam criadas "oportunidades de contacto intergeracional e partilha de experiências através de atividades de formação ou programas de mentoria e de mentoria inversa",quando são os mais novos a ajudar quem tem mais experiência.
Pode também "organizar-se eventos e campanhas de combate ao idadismo usando os meios tradicionais,como a publicidade televisiva,os cartazes e a imprensa,ou os novos meios,como a publicidade no Facebook e no YouTube".