Empatia com quem sofre na guerra

2025-06-23 IDOPRESS

Incêndio em depósito de combustível no norte de Teerã,provocado por bombardeio israelense — Foto: ATTA KENARE / AFP

RESUMO

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GERADO EM: 20/06/2025 - 17:23

Empatia e Dilemas Morais: Vidas Sob Bombardeio em Teerã e Tel Aviv

O artigo aborda a empatia em tempos de guerra,destacando o sofrimento das populações em Teerã e Tel Aviv sob bombardeios. Reflete sobre a incapacidade de fuga,o caos das evacuações e a escassez de recursos,enquanto explora os dilemas morais enfrentados por Israel e o Mossad em sua história de conflitos. A narrativa mescla experiências pessoais e relatos de violência,questionando a perda da visão humanitária frente ao perigo existencial.

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Escritores têm uma característica comum: o impulso irresistível de se colocar no lugar do outro. Logo,não importa onde estoura uma guerra,a tendência é estar mentalmente no teatro de operações. Sofri muito com o frio e a bruma sobre o oceano na Guerra das Malvinas. O desconforto voltou na madrugada em que Israel iniciou uma série de bombardeios em Teerã,e alguns mísseis foram disparados contra Tel Aviv. Fui ao banheiro e lembrei-me da guerra começando. Acendi a luz,abri a torneira e tive certo alívio: a água corria,havia eletricidade.

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Pensei em Teerã e Tel Aviv. Será que,com esses bombardeios,tudo está funcionando? Tel Aviv dispõe de abrigos subterrâneos; logo,as pessoas têm para onde ir. E Teerã,uma cidade com 10 milhões de habitantes,sem nenhum abrigo? Não há saída,exceto deixar a capital.

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Milhões se deslocando criam enormes engarrafamentos nas estradas. Os postos de gasolina fecham ou reduzem suas vendas a 10 litros. Lembrei-me de uma reportagem no Jornal do Brasil na década de 1960: Copacabana pode morrer de susto. Se todos saíssem de carro ao mesmo tempo,seria um desastre no bairro. Imaginei-me vizinho de um cientista nuclear. Minha garganta estaria em fogo,os olhos ardendo pela fumaça das explosões. E a fuga? Para onde ir de repente?

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Leio o relato de um poeta iraniano. Ele foi para uma cidade do interior,onde moram parentes. Mas a pequena cidade já estava cheia; os mercados esgotados com tanta procura. Já que tinha perdido o sono,imaginei-me em Tel Aviv. Sirenes tocando,corrida para os abrigos. Passei a tarde lendo um livro sobre o Mossad,“Rise and kill first”,de Ronen Bergman. É sobre o serviço secreto israelense,cuja história se confunde,a partir de certo momento,com a própria História do país.

Leio que existia uma discussão interna sobre o que fazer com o programa nuclear iraniano. Bombardear ou matar seletivamente os cientistas? Matar era mais fácil. No princípio,seis cientistas foram mortos,e o método era relativamente simples: motociclistas armavam as bombas nos carros deles. Imaginar-se em Tel Aviv significa conviver com algo que nem todos os países têm: a sensação de perigo existencial.

Foi ela que determinou os passos do Mossad e o transformou,parcialmente,num órgão especializado em matar. No princípio,era preciso matar cientistas alemães,ex-nazistas que foram ao Egito ajudar a produzir mísseis. Depois,foi necessário matar alguns militares egípcios que ajudavam árabes a realizar atentados; em seguida,foi necessário matar alguns líderes palestinos; finalmente,os cientistas iranianos e alguns generais que comandam a Guarda Revolucionária.

Foi tanta necessidade de matar diante da ameaça existencial que,em certo momento,um líder político indagou: como pode uma nação tão idealista e sensível adotar tal política? Parece que as durezas do destino acabaram chegando à tese de um famoso agente do próprio Mossad,Natan Rotberg,que acabou formulando uma saída para conciliar idealismo e assassinato seletivo:

— Você precisa aprender a perdoar o inimigo. No entanto,não temos autoridade para perdoar gente como Bin Laden. Isso,apenas Deus pode fazer. Nosso trabalho é arranjar um encontro entre eles.

A ameaça existencial é um forte argumento,assim como a punição aos terroristas do Hamas que invadiram Israel. No entanto o sofrimento da população de Gaza mostra que essa longa luta arruinou a visão humanitária do jovem país. É um caminho de que não se sai incólume.

A ameaça existencial criou uma dívida de gratidão com o Marrocos. Segundo o livro de Bergman,o Mossad ajudou a matar o líder marroquino Ben Barka,em Paris,causando um grande trauma na França. O Mossad contribuiu com uma técnica que ajuda a dissolver o corpo da vítima,por meio de uma combinação química que o elimina com a chuva. O que restou de Ben Barka foi sepultado na área construída da Fundação Louis Vuitton.

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