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2025-05-30
IDOPRESS
Paulo Cupertino,acusado de matar o ator Rafael Miguel e seus pais em 2019 — Foto: Reprodução
RESUMO
Sem tempo? Ferramenta de IA resume para vocêGERADO EM: 29/05/2025 - 22:45
Julgamento de Paulo Cupertino por assassinato de ator é retomado amanhã
O julgamento de Paulo Cupertino,acusado pelo assassinato de Rafael Miguel e seus pais em 2019,teve sua primeira sessão encerrada após 11 horas no Fórum Criminal da Barra Funda. O julgamento será retomado na sexta-feira,com debates entre defesa e acusação. Cupertino,preso desde 2022,nega o crime e alega que a sentença é influenciada pelo clamor popular. O caso chocou o país,especialmente pela brutalidade e pelas complexidades familiares envolvidas.O Irineu é a iniciativa do GLOBO para oferecer aplicações de inteligência artificial aos leitores. Toda a produção de conteúdo com o uso do Irineu é supervisionada por jornalistas.
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A primeira sessão do julgamento do empresário Paulo Cupertino Matias,acusado de ter matado o ator Rafael Miguel e os pais dele em 2019,foi encerrada após mais de 11 horas de discussões. O julgamento será retomado no Fórum Criminal da Barra Funda,em São Paulo,às 10h desta sexta-feira,quando estão previstos os debates entre acusação e defesa e a leitura da sentença.
Caso Chiquititas: Réu nega ter matado ator e diz que 'sentença está programada por clamor popular'Caso Chiquititas: 'Apanhei a vida inteira',diz ex-companheira de acusado de matar ator em julgamento
Preso desde maio de 2022,Cupertino é pai de Isabela Tibcherani,que à época do crime tinha 18 anos e namorava com Rafael,ator que interpretou a personagem “Paçoca” na novela “Chiquititas”. Rafael morreu aos 22 anos,em frente à casa da então namorada,quando estava acompanhado pelo pai,João Alcisio Miguel,de 52 anos,e pela mãe,Miriam Selma Miguel,50. João e Miriam também foram assassinados no local,na Zona Sul da capital paulista.
Cupertino é acusado pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP) de triplo homicídio duplamente qualificado por motivo torpe e recurso que impossibilitou a defesa das vítimas. Também são réus no processo Eduardo José Machado e Wanderley Antunes Ribeiro,amigos do empresário acusados de terem ajudado em sua fuga.
Na sessão desta quinta-feira,Cupertino falou por mais de duas horas. Ele negou o crime,reclamou do rito processual,da atuação do Ministério Público e criticou a mídia — chegou também a ter desentendimentos com as próprias advogadas. Disse que “podia ter evitado” os assassinatos,atribuídos por ele a um “vagabundo” que apareceu quando ele estava diante de Rafael e seus pais.
— Impossível eu ter cometido esse crime. Eu nunca na minha vida tive conhecimento do Rafael,da dona Miriam,do João. Não tinha motivo. Nunca existiu crime premeditado. Em nenhum momento da minha vida eu tive acesso ao Rafael. (...) Mostra eu atirando no Rafael? Mostra eu atirando na dona Miriam? Eu seria capaz de coisas piores para defender um filho meu. Eu sei que minha sentença já está ali programada. Pelo clamor público. (...) Eu fui covarde,mas não fui covarde por ter matado. Eu fui covarde porque eu podia ter evitado. Quando eu vi a cena,o vagabundo,eu tinha força suficiente. (...) Se eu tivesse metido a mão no peito do vagabundo e falado ‘aqui não,aqui é a milha família’,eu tinha força. Só que não. Eu fui omisso. Simplesmente desviei o olho,saí andando. Só que nisso eu errei,porque tava ali um pai,uma mãe e um filho — disse o réu.
Cupertino respondeu apenas às perguntas feitas pela própria defesa. Não quis falar mais sobre o suposto "vagabundo" por ter vindo de uma região periférica da cidade onde,segundo ele,impera a "lei do silêncio",o que poderia oferecer riscos aos seus familiares.
O réu disse não sentir culpa ou remorso pelo caso:
— Não tenho que pedir perdão. Não tenho pesadelo,não sonho,não tenho arrependimento. Quando eu durmo,não vem a imagem de eu matando o Rafael. Vem a imagem de eu perdendo os meus filhos. Eu perdendo a Isabela. Querendo ou não,é a minha filha — falou.
Cupertino negou que fosse controlador em relação à vida de Isabela,e disse que não teria problemas em conversar a respeito das intenções de Rafael com sua filha. O réu afirmou que “em nenhum momento iria tomar esse tipo de atitude”,classificando o crime como “barbárie”.
Wanderley,um dos amigos de Cupertino acusados de tê-lo ajudado a fugir,disse que encontrou o amigo na rodoviária de Sorocaba (SP) na noite do crime. Relatou que Cupertino estava “muito alterado” e exigiu uma carona para levá-lo à casa de um amigo em outra cidade,o que ele se negava a fazer.
— Chegando na minha casa eu insisti perguntando o que ele fez. Aí ele falou: ‘Eu dei uns tiros’. Fiquei com medo por mim e pela minha mãe. Em nenhum momento no carro ele falou nada. Nervoso ele tava e eu também tava,porque não sabia o que tinha acontecido. No dia seguinte que vi na televisão — declarou.
Eduardo,o outro réu do processo,afirmou que Cupertino disse a ele apenas que “fez uma merda”. Ele confirmou que recebeu pedido de ajuda para contratar um advogado criminalista,e que por isso transferiu R$ 5 mil para Wanderley porque imaginou que o amigo em comum deles pretendia se entregar à polícia.
Mais cedo,Isabela e a mãe dela,Vanessa Tibcherani de Camargo,também deram seus depoimentos ao júri. Vanessa,que era companheira de Cupertino à época do crime,disse de imediato acreditar que o réu foi o autor dos disparos que mataram Rafael,Miriam e João Alcisio.
— Riqueza de detalhes eu não posso oferecer,porque todos os dias a gente tenta esquecer. O que eu posso dizer é que ele assassinou as três pessoas a sangue frio. Se ele estava armado naquele momento eu não sei,porque não estava vendo,mas sei que ele seria capaz. Eu apanhei a vida inteira. Se comigo ele fazia,imagina com estranhos — disse Vanessa.
Isabela,que estava com as vítimas quando elas chegaram na casa dela no momento em que foram assassinadas,disse que teve um “pressentimento ruim” no dia.
— Decidi sair de casa sem comunicar qualquer pessoa porque precisava tomar um ar. Comuniquei apenas o Rafael dizendo para ele me encontrar na praça porque eu queria vê-lo. Ele me acudiu,acolheu,eu estava muito chorosa. Estava com um pressentimento ruim. Quando minha mãe percebeu que eu não estava em casa,ela começou a me ligar. Mas eu não queria atender. Em um determinado momento,a mãe do Rafael ligou,eu passei para ele. Ela falou que ia mandar o pai do Rafael buscar a gente lá — narrou Isabela.
Segundo a jovem,ela foi com o namorado e os sogros de volta para casa,mas “imaginava o que a aguardava”,prevendo que haveria confusão. A partir deste ponto,passou a descrever os episódios que antecederam o crime.
— Chegando lá,eu ainda estava bastante nervosa. Lembro de ver que não foi minha mãe que veio abrir a porta. Não imaginava que viria o meu pai porque o carro dele não estava na porta. Ele abriu a porta muito nervoso,com muita agressividade. E aí ele me puxou pelo braço,me jogou para o corredor. E foi no momento em que ele fechou a porta agressivamente. Eu ouvi a mãe do Rafael perguntar: ‘Você que é o pai da Isabela?’ E ele respondeu: ‘Não,eu sou a mãe’. Eu ouvi o Rafael falar: ‘Vamos conversar’. E meu pai falou: ‘Conversar nada’. Após essa fala foi o momento que eu ouvi os disparos. Até então,eu nunca tinha ouvido barulho de tiros. Eu agachei no chão,tapei os ouvidos e falava ‘não’,‘não’,‘não’. Depois saí e foi quando me deparei com a cena dos corpos. Foi tudo tão rápido que não deu nem tempo de o pai do Rafael fazer o trajeto do carro até o portão da casa — contou Isabela.
Isabela disse ainda que torceu pela prisão do pai,que "nunca sentiu afeto" paterno. Relatou episódios de violência de Cupertino contra a mãe durante sua infância e afirmou que,conforme foi crescendo,concluiu “que ele não era uma boa pessoa”.
Também foram ouvidos nesta quinta-feira a tia de Rafael,Maria Gorete Silva Carvalho (irmã da mãe do ator); a ex-mulher de Cupertino,Maria Quitéria de Oliveira; a irmã de Rafael Miguel,Camila Patrícia Miguel; e o tio do ator,José Vitor Silva (irmão de Miriam).
A sentença do caso será anunciada pelo juiz Antonio Carlos Pontes de Souza após a análise de sete pessoas que foram sorteadas para o júri. São quatro homens e três mulheres que decidirão se os réus são culpados ou inocentes.