Para onde o vento sopra?

2025-03-11 IDOPRESS

Ministra da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República,Gleisi Hoffmann — Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo

RESUMO

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GERADO EM: 11/03/2025 - 04:30

Nomeação de Gleisi Hoffmann gera tensão interna no PT e questiona direção política de Lula

A nomeação de Gleisi Hoffmann como ministra da Secretaria de Relações Institucionais por Lula gera tensões internas no PT,refletindo uma disputa entre facções. Gleisi é vista como negociadora dura,o que pode complicar a ampliação da base política do governo. Enquanto isso,Edinho Silva enfrenta resistência em sua indicação para presidir o PT. A situação levanta dúvidas sobre a direção política do governo,especialmente em relação à política econômica de Haddad.

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Escolher Gleisi Hoffmann como ministra da Secretaria de Relações Institucionais,a esta altura do campeonato,é decisão de posicionamento do presidente Lula. Escolher Edinho Silva para assumir a presidência do PT em lugar de Gleisi indica o oposto. Por isso as diversas facções internas do petismo estão em guerra. Embora garanta que foi escolhida porque pode negociar com os demais partidos,ela não é conhecida pela habilidade de negociadora.

Ao contrário,é uma negociadora dura,inflexível,que pode ser considerada boa para o PT,mas não para um governo de amplo espectro político. É difícil ver a nomeação de Gleisi como avanço para um governo mais amplo,de coalizão nacional. Se o grupo de Gleisi não aceita a indicação de Edinho para a presidência do PT,ele sim,considerado um negociador moderado,por que ela seria avaliada como negociadora capaz de unir em torno de Lula facções partidárias distintas,ampliando a base política do governo?

O ministro da Fazenda,Fernando Haddad,deve estar preocupado,pois foi alvo de críticas de Gleisi quando mais precisava de apoio político. Provavelmente ela não falará mais em público contra ele,mas não pode ter mudado de opinião só porque foi nomeada ministra. Dentro do governo,trabalhará contra suas ideias econômicas. Não precisa ser nada de pessoal,mas é uma pedra no sapato do ministro que pode vir a ser um substituto de Lula na campanha presidencial de 2026. Talvez por isso mesmo.

É uma situação delicada para o governo mantê-la como principal negociadora,tendo as posições que tem. Interessante que Alexandre Padilha,sendo,ele também,um negociador flexível,não teve vida boa com o Centrão,especialmente quando o presidente da Câmara era Arthur Lira. Foi para a Saúde,de onde viera,sem demonstrar habilidade para superar os obstáculos que a maioria oposicionista colocou no caminho do governo. Saberá Gleisi enfrentar um Congresso hostil sem aumentar o grau de fricção com a oposição?

Há indicações de que o PT só conseguiu apoio parlamentar nos dois primeiros governos Lula comprando literalmente esse apoio. Hoje,as emendas,que já foram moeda de troca eficiente,são impositivas,e o Congresso não precisa mais de governo nenhum para pôr a mão nos R$ 50 bilhões que lhe são de direito devido a manobras legislativas que escantearam o Executivo da intermediação.

A briga dentro do PT ainda está grande. Edinho,escolhido de Lula para presidir o partido,sofre pressão interna do grupo de Gleisi contra ele. A escolha de Lula pela ala mais dura e agressiva do PT para a negociação política indica algo. Não dá para entender de outra maneira,que não seja como fritura de Haddad para mudança na economia. Está demonstrado que o governo partirá para uma política desenvolvimentista,na tentativa de que o crescimento do PIB amorteça a inflação. Mas todos temem que aconteça o contrário.

A briga interna do PT foi revelada pelo vazamento de conversas entre as diversas facções na casa de Gleisi,para supostamente acertar os ponteiros. Soube-se depois,para desgosto de Edinho,que a reunião marcou a dissidência da maior facção petista,a Construindo um Novo Brasil. Edinho considerou que ele e Lula foram levados a uma armadilha pelos adversários da sua indicação,mas Lula não tentou apaziguar os ânimos. Só ouviu. Aguarda-se o que acontecerá,pois historicamente as decisões de Lula dentro do PT nunca foram questionadas.

O enigma do momento é entender se a escolha de Gleisi por Lula significa a guinada à esquerda que muitos temem,ou se ele imporá o nome de Edinho,bloqueando a ala mais radical que não quer o ex-prefeito dirigindo a legenda. A posse de Gleisi ontem teve discursos moderados e a indicação por parte dela de apoio às prioridades do ministro da Fazenda. Daí à realidade do cotidiano,no entanto,vai uma diferença que determinará o lado para onde os ventos lulistas soprarão.

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