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Pronunciamento na TV não pode ser propaganda
2025-02-26
IDOPRESS
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva em pronunciamento na TV — Foto: Reprodução/24-02-2025
O pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV do presidente Luiz Inácio Lula da Silva,na noite de segunda-feira — o primeiro do ano — não trouxe nenhuma novidade,a não ser o tom informal adotado sob a orientação do marqueteiro Sidônio Palmeira,secretário de Comunicação que assumiu em janeiro. Em pouco mais de dois minutos,Lula anunciou,em meio a expressões coloquiais e metáforas,dois programas que já haviam sido anunciados: o Pé-de-Meia,que cria uma poupança para incentivar a permanência de jovens na escola,e o Farmácia Popular,que fornece medicamentos gratuitamente.
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“Venho aqui para falar de dois assuntos muito importantes. Uma dupla que não é sertaneja,mas que está mexendo com o Brasil: O Pé-de-Meia e o novo Farmácia Popular”,disse Lula. “É para os jovens brasileiros que trago a primeira boa notícia. O pagamento da poupança de R$ 1 mil do programa Pé-de-Meia entra amanhã na conta e rendendo.” A iniciativa já havia sido anunciada,até porque o programa está em evidência desde que foi questionado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) por não ter sido incluído no Orçamento (valores chegaram a ser bloqueados). Sobre o Farmácia Popular,Lula afirmou que os beneficiários poderão ter acesso gratuito a todos os 41 itens (antes eram 39),que agora incluem fraldas geriátricas. A “novidade” também já havia sido anunciada.
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Sem disfarce,Lula usou o pronunciamento para exaltar programas de áreas sensíveis,como educação e saúde,e a própria administração. “Depois de dois anos de reconstrução de um país que estava destruído,estamos trabalhando muito para trazer prosperidade para todo o Brasil”,afirmou. De acordo com reportagem do GLOBO,seus pronunciamentos se tornarão mais frequentes,com o intuito de conter a acentuada queda de popularidade. Pelo último Datafolha,a avaliação positiva do governo caiu 11 pontos em apenas dois meses,de 35% para 24%. A negativa subiu de 34% para 41% — pior desempenho de Lula em seus três mandatos.
A economia,em especial a alta de preços,tem sido apontada como o principal fator para a queda. O governo erra ao pensar que tudo se resume a falha de comunicação e que basta Lula falar mais no rádio e na TV. Por mais que haja problemas na comunicação do Planalto,é difícil divulgar um governo que não tem muito o que mostrar. Ao chegar à metade do mandato,o governo Lula ainda busca uma marca. Até agora,o que tem a apresentar são programas reciclados de administrações anteriores,quase sempre defasados para os tempos atuais. Os erros do governo têm sido percebidos claramente pela população. A popularidade de Lula caiu até entre seus eleitores mais fiéis.
Embora o pronunciamento em cadeia nacional não viole as leis eleitorais neste momento do mandato,está errado Lula reivindicar tempo de TV para reprisar seus programas e exaltar sua administração. Essa modalidade de comunicação não existe para veicular peças de propaganda de olho na reeleição,mas para o chefe de Estado transmitir mensagens de relevo para a nação (até agora,seus pronunciamentos se davam em datas comemorativas). Lula deveria ir à TV quando realmente tivesse algo a falar. A julgar pelas pesquisas,os brasileiros não estão interessados em anúncios de fundo eleitoreiro,mas em resultados concretos. Dois anos e dois meses já são tempo suficiente para ter algo a mostrar.