Mais recentes
-
Alta nos acidentes com moto no Rio demanda mais ação da Prefeitura
-
Sob a sombra de Trump: oposição de centro-direita vence eleições na Groenlândia, e nacionalistas avançam, segundo a mídia estatal
-
Spotify distribuiu US$ 10 bilhões em pagamentos em 2024, o maior da história da indústria musical; entenda
-
Carminha, Perpétua, Nazaré e outras vilãs de volta: atrizes vão reviver personagens em comemoração dos 60 anos da Globo
O riso em resposta ao desmando
2025-02-20
HaiPress
Bill Irwin (no centro) com os atores (a partir da esq.) Amber Gray,Chelsea Yakura-Kurtz and Jessica Hecht na peça 'Eureka Day' — Foto: Sara Krulwich/NYT
RESUMO
Sem tempo? Ferramenta de IA resume para vocêGERADO EM: 19/02/2025 - 18:09
Comédias Teatrais: Humor como Resistência
O humor é arma contra o desmando em peças teatrais em NY e no Brasil. Comédias como "Eureka Day" e "Cult of Love" fazem rir em situações dramáticas. Em "O céu da língua",Gregório Duvivier explora a língua portuguesa de forma hilária. No cabaré,"Oh,Mary" diverte com Mary Todd Lincoln. O riso inteligente responde aos tempos turbulentos.O Irineu é a iniciativa do GLOBO para oferecer aplicações de inteligência artificial aos leitores. Toda a produção de conteúdo com o uso do Irineu é supervisionada por jornalistas.
CLIQUE E LEIA AQUI O RESUMO
Quem cravou foi o New York Times: “O riso está de volta com tudo à Broadway”,escreveu o crítico Jesse Greene. Diante de um novo governo assustador,que em um mês cumpriu o que prometeu e colocou o mundo em estado de alerta,rir com inteligência tem sido a forma que artistas americanos encontraram para se manterem vivos e responderem ao desmando. A plateia faz a sua parte e comparece. Não há resposta melhor.
Joaquim Ferreira dos Santos: Fernanda Torres moderniza o conceito de sensualidade que faltou,60 anos atrás,na receita de Vinícius de MoraesAna Paula Lisboa: na próxima coluna,espero que estejamos celebrando um prêmio,mas que a gente celebre as conquistas da cultura e da arte brasileira todos os dias
Estive lá recentemente e assisti a alguns dos trabalhos que o NYT elogia. “Eureka Day” mostra pais e professores de uma escola particular,que prezam por inclusão acima de tudo. O grupo delibera apenas por consenso absoluto: ou todos concordam ou nada feito. Mas diante de um surto de caxumba que vai abatendo seus filhos,eles se veem obrigados a reconsiderar a política liberal de vacinação da escola. Depois do meteoro Covid-19,o texto ganha outras camadas,e a plateia se acaba de rir com as discussões no grupo de pais e as intolerâncias escondidas no excesso de tolerância. “Cult of love” é o reencontro de uma família padrão americana na noite de Natal. Ou não tão padrão assim: a filha mais velha acaba de se casar com outra mulher e esperam um bebê,um dos filhos é um advogado frustrado,o outro é um irresponsável bon vivant e a caçula é uma cristã evangélica conservadora. Um prato cheio para o caos. Em comum,“Eureka Day” e “Cult of love” fazem rir a partir de situações absolutamente dramáticas. Sério não precisa ser sisudo. Ao contrário,pode ser hilário.
Elenco da peça 'Cult of Love',em cartaz na Broadway: a partir da esquerda,achary Quinto,Molly Bernard,Shailene Woodley e Mare Winningham — Foto: Sara Krulwich/The New York Times
Numa linha de teatro de cabaré,o fenômeno “Oh,Mary” brinca com a personalidade de Mary Todd Lincoln,esposa de Abraham Lincoln. Mais interessada em encher a cara e estudar teatro,alheia ao caos em que está inserida,ela chega a perguntar “o que é Sul?”,em plena Guerra Civil Americana. O deboche da peça caiu no gosto do público: a plateia dá gargalhadas histéricas e o que era pra ter durado poucas semanas já está há quase um ano em cartaz. Mary é interpretada por Cole Escola,um jovem e endiabrado ator,com peruca e vestido de época,com referências que vão da Scarlett de “E o vento levou...” às irmãs malvadas de “Cinderela”,e que em muito lembra Marco Nanini e Ney Latorraca em “O Mistério de Irma Vap”. Quem viu não esquece.
Por aqui,também temos ótimas comédias. Uma pequena joia está em cartaz na cidade neste momento. Em “O céu da língua”,Gregório Duvivier roça a sua língua na língua de Luís de Camões. O ator aceita o desafio de Drummond e penetra surdamente no reino das palavras,propondo uma viagem particular e hilária pela etimologia sentimental dos nossos vocábulos. Muxoxo,sapato,luar,fetiche,baderna,borocoxô: toda a riqueza e graça da língua portuguesa,explorada com delicadeza e inteligência na direção de Luciana Paes. A plateia vai ao delírio (delírio,que bela palavra,hein Gregório? Parece que já vem com um LSD embutido). A temporada acaba domingo (23) no Teatro Carlos Gomes,mas a peça volta ao Rio de 20 a 23 de março,no Teatro Riachuelo,e é imperdível.