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Denúncia implode campanha por anistia a Bolsonaro e golpistas
2025-02-19
HaiPress
Jair Bolsonaro visita Senado Federal — Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo
RESUMO
Sem tempo? Ferramenta de IA resume para vocêGERADO EM: 18/02/2025 - 22:28
Denúncia de Procurador Revela Conexão Golpista de Bolsonaro em 2023
A denúncia do procurador-geral da República,Paulo Gonet,expõe a conexão entre a trama golpista liderada por Bolsonaro e a tentativa de golpe em 2023. Detalha envolvimento de militares e civis,desmonta estratégia bolsonarista de minimizar os eventos e destaca a busca do ex-presidente por anistia. Gonet reforça a gravidade dos atos e a participação de Bolsonaro em todas as etapas da articulação.O Irineu é a iniciativa do GLOBO para oferecer aplicações de inteligência artificial aos leitores. Toda a produção de conteúdo com o uso do Irineu é supervisionada por jornalistas.
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O capítulo mais relevante do ponto de vista da estruturação da denúncia de 276 páginas do procurador-geral da República Paulo Gonet é justamente a sua introdução. Não por acaso,o PGR o chamou de "uma introdução necessária". É nele que Gonet diz que uma democracia que não se protege não resiste às tentativas de suprimi-la e lista as incumbências constitucionais de cada uma das instituições de zelar por ela.
É a partir desse arrazoado legal e teórico que Gonet mostra como a trama golpista,cujo início ele situa em junho de 2021,foi comandada por Jair Bolsonaro e pela cúpula militar e policial de seu governo (dos oito principais denunciados,6 são militares e os 2 únicos civis são delegados da Polícia Federal) e se estendeu até o 8 de Janeiro de 2023 --o que já joga por terra a estratégia que se intensificou nas últimas semanas de tentar minimizar os acontecimentos daquele dia e creditá-los a mera baderna desorganizada.
Gonet acolheu integralmente o relatório da Polícia Federal que trouxe o indiciamento de 40 pessoas. A discrepância entre o número de indiciados e dos denunciados é apenas residual: dos excluídos por Gonet,os únicos nomes notáveis são o do presidente nacional do PL,Valdemar Costa Neto,e o do ex-assessor do Palácio do Planalto Tércio Arnaud,um dos integrantes,segundo as investigações da PF,do chamado "gabinete do ódio" voltado a difundir desinformação contra inimigos de Bolsonaro e também o sistema eleitoral.
O PGR descreve minuciosamente eventos que integraram a trama golpista e pormenoriza e individualiza as condutas de cada um dos denunciados.
O retrato traçado na denúncia não é nada lisonjeiro para as Forças Armadas. A expectativa silenciosa das tropas,de que o grande número de militares indiciados fosse notavelmente reduzido por Gonet não se confirmou. Ele de fato excluiu alguns militares,entre eles três coronéis da ativa e um general da reserva,mas os nomes mais destacados estão lá,entre eles os ex-ministros e generais Walter Braga Netto,Augusto Heleno e Paulo Sérgio Oliveira,o almirante e ex-comandante da Marinha Almir Garnier e o general da reserva Mário Fernandes.
O comando de Jair Bolsonaro em todas as etapas da articulação foi cuidadosamente detalhado por Gonet,o que faz um grande contraste com a movimentação algo desesperada do próprio ex-presidente nesta mesma terça-feira em busca de apoio da sua bancada para anistia ou qualquer outra clemência que possa livrá-lo não só da inelegibilidade,mas do temor de uma prisão num horizonte não tão distante.
Ao insistir na anistia,Bolsonaro quer minar justamente a caracterização de que o que aconteceu em 8 de Janeiro foi sim uma tentativa de golpe,o que Gonet trata de desmontar. Depois de elencar todos os outros atos golpistas,todos eles ordenados por Bolsonaro e a ele informados,ele chama a invasão das sedes dos Três Poderes de última tentativa desesperada de evitar a perda do poder.