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Com ‘caso USAid’, direita brasileira pega carona em Trump para tentar anistiar Bolsonaro
2025-02-13
HaiPress
Jair Bolsonaro no aeroporto de Brasília com o boné 'Make America Great Again',marca do trumpismo e das campanhas eleitorais de Donald Trump — Foto: Brenno Carvalho/O Globo
Esqueça a guerra de tarifas que avança sobre o aço brasileiro,a proposta de transformar a Faixa de Gaza num resort ou a possibilidade de a guerra na Ucrânia acabar com a entrega de parte do território do país à Rússia de Vladimir Putin. De todas as mirabolâncias perpetradas por Donald Trump neste início do mandato,a que mais reverbera na direita brasileira é a ofensiva sobre a Usaid,a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional.
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Mais conhecida pela ajuda humanitária que presta em regiões pobres,como a África Subsaariana,a América Central e a Ásia,a Usaid financia de iniciativas de aleitamento materno e prevenção da Aids a programas anticorrupção e debates sobre transição de gênero.
Criada por John Kennedy nos anos 1960,para aumentar a influência americana contra a potencial expansão da revolução cubana ou do comunismo russo,a Usaid já colaborou com a ditadura brasileira e foi usada pelo governo Bush para financiar a reconstrução do Iraque depois da queda de Saddam Hussein. Atua ao gosto do freguês. Seu orçamento,de US$ 40 bilhões por ano,é apenas 0,6% do total de US$ 6,75 trilhões. Mas,para Trump,a Usaid é um dreno de dinheiro que só serve para pagar a “mídias de notícias falsas” e promover “boas histórias sobre os democratas”.
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Por isso o que mais se vê nas redes trumpistas são assessores e apoiadores pinçando exemplos de conveniência para justificar o desmantelamento da agência,que foi incorporada pelo Departamento de Estado. Um deles,Michael Benz,que ocupou um cargo de baixo escalão no primeiro governo Trump,declarou que a Usaid financiou a aprovação de leis contra a desinformação em vários países e que programas de combate às fake news do TSE serviram para derrubar publicações de Jair Bolsonaro e aliados.
“Se a Usaid não existisse,Bolsonaro ainda seria presidente do Brasil”,postou.
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Daí a disseminar a versão de que Joe Biden “comprou a vitória de Lula contra Bolsonaro” em 2022 foi um pulo. Até agora,não se produziu nada de concreto além da informação,já conhecida há tempos,segundo a qual a Usaid,em parceria com uma entidade internacional,convidou o TSE para um evento e para participar de um estudo sobre o combate a desinformação e fake news no ano anterior à eleição.
Veja quem são os indiciados pela Polícia Federal
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Jair Messias Bolsonaro,ex-presidente da Repúblic — Foto: MAURO PIMENTEL / AFP
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Alexandre Rodrigues Ramagem,policial federal,ex-diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) — Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo
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Angelo Martins Denicoli,ex-diretor no Ministério da Saúde e ex-assessor na Petrobras — Foto: Reprodução
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José Eduardo de Oliveira e Silva,padre — Foto: Reprodução
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Almir Garnier Santos,ex-comandante da Marinha do Brasil — Foto: Reprodução
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Ailton Gonçalves Barros,ex-militar e advogado — Foto: Reprodução
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Alexandre Castilho Bitencourt da Silva — Foto: Reprodução
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Amauri Feres Saad,advogado — Foto: Reprodução
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Anderson Gustavo Torres,ex-ministro da Justiça e Segurança Pública — Foto: Reprodução
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Augusto Heleno Ribeiro Pereira,ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência — Foto: Agência Brasil
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Bernardo Romão Corrêa Netto — Foto: Reprodução
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Carlos Cesar Moretzsohn Rocha,Dono do Instituto Voto Legal (IVL) — Foto: Reprodução
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Cleverson Ney Magalhães,militar — Foto: Reprodução
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Filipe Garcia Martins Pereira,ex-assessor de Bolsonaro — Foto: Reprodução
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Guilherme Marques Almeida,ex-chefe da seção de Operações Psicológicas no Comando de Operações Terrestres — Foto: Divulgação
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Laércio Vergílio — Foto: Reprodução
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Marcelo Costa Câmara,ex-ajudante de ordens de Bolsonaro — Foto: Reprodução
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Fernando Cerimedo,influencer dono do canal La Derecha Diario — Foto: Reprodução
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General Estevam Theophilo Gaspar de Oliveira — Foto: Divulgação/Exército
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General Mario Fernandes — Foto: Reprodução/Youtube
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Mauro Cesar Barbosa Cid,ex-ajudante de ordens de Bolsonaro — Foto: Cristiano Mariz/Agência O Globo
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Nilton Diniz Rodrigues,comandante da 2ª Brigada de Infantaria de Selva — Foto: Reprodução
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Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho,empresário,neto de João Baptista Figueiredo,último presidente da ditadura — Foto: Reprodução
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Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira,ex-ministro da Defesa e ex-comandante do Exército — Foto: Agencia Brasil
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Rafael Martins de Oliveira,tenente-coronel do Exército — Foto: Reprodução
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Tércio Arnaud Tomaz,ex-assessor especial de Bolsonaro — Foto: Reprodução
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Valdemar Costa Neto,presidente do PL (partido de Bolsonaro) — Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo
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Walter Souza Braga Netto,ex-ministro da Casa Civil e da Defesa — Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo / Arquivo
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Wladimir Matos Soares,policial federal — Foto: Reprodução
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Fabrício Moreira de Bastos,ex-chefe da Secretaria de Comunicação Social de Bolsonaro e do 52° Batalhão de Infantaria de Selva do Exército,em Marabá (PA) — Foto: Reprodução
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Publicidade PF reuniu indícios que conectam o ex-presidente Bolsonaro às articulações com teor golpista de impedir a posse do presidente Lula
Difícil acreditar que debates on-line transmitidos em circuito fechado tenham tido mais impacto sobre o eleitorado que as imagens de Carla Zambelli (PL-SP) correndo armada na véspera da eleição para atirar num sujeito que a provocou na rua. Ou impressionado mais que o ex-deputado federal Roberto Jefferson atirando granadas contra a viatura de policiais que tinham ido prendê-lo uma semana antes do segundo turno.
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O próprio Jair Bolsonaro já admitiu em privado que esses casos fizeram a diferença numa disputa apertada,vencida afinal por Lula com 1,8 ponto percentual de vantagem — 2,1 milhões de votos.
Ainda assim,o “escândalo da Usaid” é pauta obrigatória no bolsonarismo,quase tão popular quanto o projeto que anistia os presos pelos ataques golpistas do 8 de Janeiro em Brasília.
No início da semana,o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) desembarcou em Washington para reuniões com parlamentares republicanos sobre o assunto. Um deles,o senador republicano Mike Lee,perguntou no X: “Se o governo dos EUA tivesse financiado a derrota de Bolsonaro por Lula,isso te incomodaria? Eu ficaria lívido. Quem está comigo nessa?”
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Elon Musk,o dono do X,respondeu: “Bem,o ‘deep state’ (algo como “o Estado paralelo”) dos Estados Unidos fez exatamente isso”.
Reforçar a narrativa de que a eleição de 2022 foi “roubada” para Lula pelo TSE é fundamental para facilitar a aceitação no Congresso do projeto que anistia os golpistas do 8 de janeiro — e,lá na frente,do próprio Bolsonaro. Sob essa régua,a movimentação do filho Zero Três do ex-presidente é um sucesso.
Enquanto isso,no governo Lula,o máximo que se ouviu sobre os despautérios de Trump é que estão todos à disposição para o diálogo. No Itamaraty,a ordem é ter “cautela” e “jogar parado”. O único que abriu a boca,o ministro da Defesa,José Múcio Monteiro,deu razão aos bolsonaristas ao defender a revisão das penas aplicadas aos condenados pelo 8 de Janeiro.
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A única “estratégia” dos governistas é esperar que a denúncia do procurador-geral da República sobre a trama golpista transforme Bolsonaro em réu no Supremo Tribunal Federal (STF) e enfraqueça a onda pró-anistia. É pouco.
Ao pegar carona na “operação Usaid”,os bolsonaristas se antecipam justamente a esse cenário e transformam o ex-presidente na maior vítima de uma grande perseguição. Quem conhece a história recente do Brasil sabe que esse argumento pode funcionar. Só depende dos ventos da política (nacional e internacional).