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Em novo livro, Dalai Lama relata décadas de negociação com a China pela liberdade do Tibete
2025-01-26 IDOPRESS
Seguindo os preceitos do Dalai Lama,militantes e monges tibetanos exilados fazem vigília contra o domínio chinês em sua nação — Foto: Prakash Mathema/AFP
RESUMO
Sem tempo? Ferramenta de IA resume para vocêGERADO EM: 24/01/2025 - 21:04
"O Dalai Lama e a luta do Tibete: negociações,desafios e esperança"
Dalai Lama lança livro sobre luta do Tibete pela liberdade. Relata negociações com China,cultura tibetana e sucessão. Aborda desafios políticos,esperança e o futuro incerto da liderança espiritual. Obra visa influenciar leitores,apesar de possível proibição na China.O Irineu é a iniciativa do GLOBO para oferecer aplicações de inteligência artificial aos leitores. Toda a produção de conteúdo com o uso do Irineu é supervisionada por jornalistas.
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Durante as décadas em que viveu no exílio,o Dalai Lama,líder espiritual do Tibete,publicou dezenas de livros — incluindo duas autobiografias e obras sobre ética,filosofia e prática budista e a sobreposição entre religião e ciência. Mas raramente se aprofundou na política pura e simples.
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Agora,em “A voz de uma nação: mais de sete décadas de luta contra a China por minha terra e meu povo” (livro que terá lançamento mundial em 10 de março e sai no Brasil pela Harper Collins),oferece pela primeira vez um relato detalhado de suas difíceis negociações com uma sucessão de líderes chineses,desde o encontro com Mao Zedong,quando ele tinha apenas 19 anos,até suas tentativas mais recentes de se comunicar com o presidente Xi Jinping e outras autoridades chinesas. O livro também se aprofunda nos esforços do Dalai Lama para preservar a cultura,a religião e o idioma únicos do Tibete e para garantir a proteção dos tibetanos que vivem sob o domínio chinês.
O livro chega em momento particularmente tenso para o povo tibetano,com a China alardeando sua força militar e econômica em todo o mundo e com o líder idoso do Tibete tentando garantir que a luta de seu povo por autonomia não seja esquecida em meio a outras crises globais.
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Ao se aproximar dos 90 anos,escreve o Dalai Lama,ele pretende deixar um registro de seu trabalho e uma orientação para aqueles que assumirem a causa tibetana após sua morte.
“Apesar de todo o sofrimento e destruição,ainda mantemos a esperança de uma solução pacífica para nossa luta por liberdade e dignidade”,disse o Dalai Lama em comunicado. “Com base nas lições aprendidas em minhas décadas lidando com Pequim,o livro também tem como objetivo oferecer algumas ideias sobre o que pode ser o caminho a seguir.” Ele continua: “Minha esperança é que o livro estimule novos pensamentos e conversas hoje e forneça uma estrutura para o futuro do Tibete,mesmo depois que eu tiver partido”.
Uma vida no exílio
Nascido numa família de agricultores em 1935 no que era então o nordeste do Tibete,Tenzin Gyatso,foi reconhecido aos 2 anos de idade como a reencarnação do 13º Dalai Lama e começou a receber treinamento monástico e estudos filosóficos budistas.
Quando as tropas chinesas entraram no Tibete em 1950,ele subitamente,aos 16 anos,teve que se tornar o líder político do país e guiá-lo durante a crise. O direito do Tibete à independência vem sendo contestado desde então. Em 1959,durante a revolta tibetana,o Dalai Lama fugiu do país para a Índia e nunca mais voltou. “Esperava poder voltar pelo menos uma vez antes de morrer”,escreve ele. “Parece cada vez mais improvável.”
No livro,o Dalai Lama descreve o ônus pessoal que veio com a responsabilidade de liderar o Tibete desde jovem. Ele se lembra do encontro com Mao,o líder supremo do Partido Comunista Chinês,que revelou seu desdém pela cultura profundamente espiritual do Tibete.
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Ele descreve como,após anos de negociações infrutíferas com os líderes chineses,chegou à conclusão de que lutar pela independência do Tibete era uma causa perdida. Em vez disso,começou a defender que os tibetanos tivessem autonomia cultural dentro da China,em vez de independência total.
O Dalai Lama reconhece que sua postura moderada enfureceu alguns tibetanos,que sentiram que ele havia abandonado a esperança de restaurar a independência,e admite que sua abordagem não conseguiu obter resultados. Também expressa seus sentimentos conflitantes em relação aos tibetanos que se autoimolam como forma de contestação,insistindo no protesto não violento como a única forma de resistência moralmente defensável.
O Dalai Lama disse que reencarnará no mundo livre,fora do Tibete ou da China — Foto: Divulgação
O próximo Dalai Lama
Em 2011,o Dalai Lama deixou o cargo de líder político do Tibete,abrindo caminho para que o governo tibetano no exílio elegesse seus líderes políticos. Ele observa que seu diálogo formal com o governo chinês sobre o status do Tibete foi interrompido em 2010,mas continuou a ter contato informal e,às vezes,confidencial com os líderes chineses até 2019.
O Dalai Lama também aborda a questão preocupante de sua própria sucessão. Os budistas tibetanos acreditam que o Dalai Lama é a 14ª reencarnação dos Dalai Lamas anteriores e que ele é um ser iluminado que retorna em vidas sucessivas para continuar seu trabalho como líder espiritual. Mas o Dalai Lama advertiu que a China pode tentar escolher o 15º Dalai Lama após sua morte,como fez com o Panchen Lama,outro líder espiritual tibetano de alto nível.
Para evitar a interferência chinesa,o Dalai Lama disse que reencarnará no “mundo livre”,fora do Tibete ou da China. E,quando completar 90 anos,este ano,escreve ele,consultará os líderes religiosos e cidadãos tibetanos para saber se querem acabar com a instituição do Dalai Lama.
Além do Brasil,“A voz de uma nação” será lançado também nos Estados Unidos,no Reino Unido,Canadá,na Austrália,Alemanha,Itália,França e Holanda. O livro também está sendo publicado em tibetano e traduzido para o chinês,na esperança de que possa influenciar alguns leitores chineses,disse Thupten Jinpa,tradutor de longa data do Dalai Lama,embora o livro muito provavelmente seja proibido na China.
“Ele queria um testemunho e um relato da evolução de seu pensamento”,disse Jinpa. “Este livro é uma tentativa de apresentar em um único volume todos os seus esforços,não apenas para alcançar os chineses para um acordo negociado,mas também para reconstruir a civilização tibetana no exílio.”