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'Jazz toca no corredor da morte': prisioneiro condenado usa música para defender sua inocência nos EUA; veja vídeo
2024-11-14 HaiPress
Uma fotografia tirada em 12 de novembro de 2024 mostra produtos relacionados ao concerto realizado pelo pianista espanhol Albert Marques e pelo saxofonista americano Jean Toussaint em conjunto com o americano Keith LaMar,um condenado à morte na Penitenciária Estadual de Ohio,no Old Bailey Grand Hall do Tribunal Criminal Central,— Foto: Adrian DENNIS / AFP
RESUMO
Sem tempo? Ferramenta de IA resume para vocêGERADO EM: 13/11/2024 - 11:25
"Prisioneiro e músico unem-se em shows de jazz para provar inocência"
Músico espanhol e prisioneiro nos EUA unem-se em shows de jazz para provar inocência de condenado à morte. LaMar,preso há 36 anos,recebe apoio de Albert Marquès. A música é usada como forma de defesa em meio à batalha judicial. LaMar teve execução adiada para 2027 por falta de injeções letais. Projeto ganha prêmios e livro relata a experiência. Novo disco é esperado para maio de 2025.O Irineu é a iniciativa do GLOBO para oferecer aplicações de inteligência artificial aos leitores. Toda a produção de conteúdo com o uso do Irineu é supervisionada por jornalistas.
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O jazz pode ajudar um condenado à morte. Assim pensam o músico espanhol Albert Marquès e Keith LaMar,condenado à pena de morte nos Estados Unidos. Na última terça-feira (12),eles proclamaram a inocência do prisioneiro em um show em Londres.
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LaMar,de 55 anos,que nega as acusações contra ele,e está há 36 anos preso,leu suas rimas por telefone,de seu celular em Youngstown,Ohio,enquanto Marquès tocava seu piano,em um concerto no Old Bailey,o Tribunal Penal Central da Inglaterra e do País de Gales.
"Os concertos criam uma empatia que às vezes leva certas pessoas a se envolverem. E este é o poder da música,que não é maior do que o de um juiz,mas cria caminhos”,disse Marquès à AFP.
Assista ao vídeo de uma das apresentações abaixo
O músico catalão de jazz,de 38 anos,que vive em Nova York desde 2011,conheceu a história de LaMar graças a um livro que ele escreveu em 2014,"Condemned" (Condenado,em tradução livre).
"Tudo começou em 2020,em plena pandemia. Conversando com um vizinho,ele mencionou o livro e me chamou a atenção que Keith LaMar disse que John Coltrane,o músico de jazz,o mantinha são. E eu tive a ideia de fazer shows-manifestações”,explica Marquès.
Deste então,o músico se juntou a uma organização chamada "Justice for Keith LaMar" (Justiça por Keith LaMar,em português),que luta por sua liberdade.
O pianista de jazz espanhol Albert Marques (D) olha para um vídeo do americano Keith LaMar tocando por meio de um telefone amplificado da Penitenciária Estadual de Ohio,nos EUA,onde ele é condenado à morte,— Foto: Adrian DENNIS / AFP
LaMar foi condenado à morte desde 1995,acusado de cumprir um papel determinante na morte de outros presos em um motím em 1993.
“Tenho certeza de que ele é inocente. Acredito que tudo o que estamos fazendo levará à sua libertação,o que fará com que casos semelhantes também sejam esclarecidos. É por isso que eles são tão resistentes. É um castelo de cartas e,se ele for solto,tudo vem abaixo”,diz o pianista.
Execução adiada
Em 16 de novembro de 2023,LaMar devia ser executado,no entanto,a pena foi adiada para janeiro de 2027 por falta de injeções letais,dizem as autoridades de Ohio.
“Se você perder o controle de uma prisão,você falhou. Alguém tem que pagar. Dez pessoas morreram,nove prisioneiros e um guarda branco,e isso teve um grande impacto na mídia. O Estado diz que Keith organizou o motim e matou cinco pessoas”,diz o músico.
O pianista de jazz espanhol Albert Marques (C) fala ao telefone com o condenado à morte Keith LaMar,que se apresentará por meio de um telefone amplificado da Penitenciária Estadual de Ohio,— Foto: Adrian DENNIS / AFP
"Não há provas materiais,somente acusações de outros presos contra ele em troca de reduções de pena",acrescenta.
LaMar estava na prisão desde os 19 anos de idade pelo assassinato de um velho amigo em uma disputa por drogas na década de 1980 em sua cidade natal,Cleveland.
“Dizem que qualquer advogado decente poderia ter dito que ele havia lutado em legítima defesa”,diz o músico.
Em agosto de 2020,na Grand Army Plaza,no meio da rua,no bairro nova-iorquino do Brooklyn,onde mora o pianista,aconteceu o primeiro concerto dos dois,um com a música e o outro recitando textos de sua prisão em Ohio.
“Lendo seu livro,vi um poema e disse a ele: por que você não o recita comigo tocando piano? Ensaiamos e fizemos um concerto na rua”,explica Marquès. As apresentações também aconteceram em outros lugares como universidades nos EUA,América Latina e Europa.
“Dos meus melhores amigos”
“Tudo isso não funcionaria se Keith e eu não fôssemos muito amigos. Meus filhos o conheceram e minha esposa conversa com ele com frequência. Ele é um dos meus melhores amigos”,diz Marquès,que o visitou várias vezes,apesar dos 630 quilômetros que separam Nova York de Youngstown (Ohio).
Marquès e LaMar chamaram os shows de “Freedom first”,que também é o nome de seu primeiro álbum,lançado em 2022.
No concerto de terça-feira,em Londres,eles foram acompanhados por Jean Toussaint,saxofonista americano ganhador do Grammy,convidados pela organização britânica Amicus,que luta contra a pena de morte nos Estados Unidos,para tocar em uma cerimônia.
O projeto de Marquès e LaMar lhes rendeu dois prêmios,um do Conselho Municipal de Berlim e outro da revista Time Out. Além disso,o músico escreveu um livro sobre a experiência,chamado "O Jazz toca no corredor da morte".
Em maio de 2025 sairá o segundo disco de ambos.