"Os problemas do SNS são problemas que a semana de 4 dias pode resolver"

2024-09-20 HaiPress

"Os problemas do SNS são problemas que a semana de quatro dias pode resolver",nomeadamente no que toca ao absentismo e à insatisfação dos trabalhadores do setor público pela elevada carga laboral,afirmou Pedro Gomes,que esteve hoje a ser ouvido na comissão de Trabalho,Segurança Social e Inclusão,na Assembleia da República,para apresentação das conclusões do relatório final sobre o projeto-piloto da Semana de quatro dias,na sequência de um requerimento do Bloco de Esquerda (BE) e do Livre.

 

O responsável admitiu que para "um hospital passar à semana de quatro dias,com esta visão de reorganização do trabalho" [...] "seria necessário contratar mais trabalhadores" e adotar inteligência artificial.

A posição foi também defendida por Rita Fontinha,que ainda assim prefere que a experiência arranque pelos centros de saúde. Segundo a investigadora e também coordenadora do estudo houve "muitos" centros de saúde que chegaram a contactá-los para participar no projeto-piloto da semana de quatro dias.

Para já,os coordenadores do projeto-piloto consideram "cedo" para fazer alterações na legislação laboral para incorporar esta possibilidade,defendendo que se deve continuar a testar em diferentes setores. E antecipam que possa chegar à Administração Pública. "O que sabemos é que começaram a avançar na preparação",disse Pedro Gomes,sublinhando "que é uma possibilidade",se houver o aval do novo Governo.

Pedro Gomes defendeu ainda que,na semana de quatro dias a "redução do tempo de trabalho é essencial",mas,por outro lado,tem que haver "uma reorganização do trabalho",dado que é isso que "dá viabilidade económica" à medida. O coordenador do projeto-piloto aponta que "há outras formas de reduzir o tempo de trabalho",nomeadamente a implementação das 35 horas semanais para todos os setores ou mais dias de férias,mas a ideia da "semana de quatro dias é concentrar essa redução em mais dias livres que são regulares",o que não acontece com os exemplos mencionados.

Em causa está uma modalidade de trabalho em que há lugar à redução do horário semanal de trabalho,sem que haja redução do salário e que foi aplicada na prática,ao longo de seis meses em Portugal por 41 empresas (das quais 21 empresas a coordenarem o começo do teste através do projeto-piloto em junho de 2023).

"A vantagem do piloto foi dar às empresas um quadro branco para encontrarem uma solução",tendo em conta estas "duas dimensões",notou o professor de Economia,referindo que nos últimos 30 anos houve "mudanças estruturais" na economia,nomeadamente ao nível da tecnologia ou a nível demográfico,mas ainda assim "continuamos a trabalhar da mesma forma".

Já Rita Fontinha realçou que "a mudança organizacional é difícil e as pessoas tendem a ser resistentes" às mesmas,mas sublinhou que "diferentes modelos de coordenação podem coexistir dentro da mesma empresa".

A também professora associada de Gestão Estratégica de Recursos Humanos na Henley Business School destacou ainda que o desempenho dos trabalhadores era uma das principais preocupações e notou que mais de 80% das empresas registaram um aumento das receitas e 70% viram os lucros aumentar.

Por outro lado,houve avanços "muito significativos" a nível da saúde mental e foi observado que "as mulheres valorizam muito mais do que os homens" a semana de quatro dias,assim como "as pessoas com filhos ou enteados" e as "pessoas que auferem menos de mil euros".

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