Aposta de Lula em fundos de pensão e sindicatos é solução do passado para o Brasil de 2024

2024-08-29 HaiPress

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante cerimônia de celebração dos 25 anos do Ministério da Defesa,em Brasília,na última quarta-feira (28) — Foto: Cristiano Mariz/O Globo

Uma parte do Brasil está vidrada no fenômeno Pablo Marçal,outra parte preocupada com o fogo que se alastra por florestas e plantações. A força da extrema direita e a emergência ambiental são desafios dos anos 2020 para os quais Lula terá de encontrar uma resposta. No dia a dia do governo,porém,os esforços estão mais voltados para prioridades que parecem ter saído de uma agenda dos anos 2000.

Leia também: Governo Lula dá aval para sindicatos usarem recursos de fundo bilionário e emendasNas redes sociais: Pablo Marçal de 2024 já supera fenômeno de Jair Bolsonaro em 2018

Uma delas,anunciada pelo presidente em reunião com os presidentes dos fundos de pensão na semana passada,envolve mudar a regulação dessas entidades para que Previ (dos funcionários do Banco do Brasil),Petros (Petrobras),Funcef (Caixa Econômica Federal) e Postalis (Correios) possam injetar dinheiro nas obras do PAC.

Juntos,esses fundos têm mais de R$ 500 bilhões para investir. Mas deixaram de poder aplicar em empreendimentos imobiliários e de infraestrutura,focos de escândalos que provocaram rombo estimado em R$ 50 bilhões com investimentos movidos a propina durante os governos Lula e Dilma Rousseff.

São Paulo: Depois de racha com Bolsonaro,Joice Hasselmann decide apoiar Marçal e abandona NunesBastidor: Canal de Marçal no Discord vira fábrica de conteúdos pagos para impulsionar sua campanha

Para poder usar esse dinheiro,Lula pretende aprovar na Secretaria de Previdência Complementar uma autorização para que eles voltem a comprar títulos imobiliários e de infraestrutura.

O governo Lula em imagens

1 de 10


Com a ausência do antecessor,Lula subiu a rampa e recebeu a faixa das mãos do povo — Foto: Hermes de Paula/Agencia O Globo

2 de 10


Lula se emocionou ao discursar contra a fome,que prometeu erradicar novamente — Foto: Evaristo Sa/AFP

Pular

X de 10


Publicidade 10 fotos

3 de 10


Presidente Lula,a primeira-dama Janja,em cerimônia de posse de Anielle Franco e Sônia Guajajara como ministras — Foto: Sergio Lima / AFP

4 de 10


De volta ao mundo. Presidente Lula recebe o chanceler alemão Olaf Scholz no primeiro mês de governo — Foto: Cristiano Mariz/O Globo

Pular

X de 10


Publicidade

5 de 10


No dia seguinte à tentativa frustrada de golpe de estado,Lula desce rampa do Palácio do Planalto com governadores e representantes dos Três Poderes — Foto: Cristiano Mariz/Agência O Globo/09-01-2023

6 de 10


Lula acompanha a situação dos Yanomami,povo que vive grave crise sanitária. — Foto: Ricardo Stuckert

Pular

X de 10


Publicidade

7 de 10


Lula,segundo à esquerda,entrega habitações do Minha Casa,Minha Vida na Bahia com o ministro das Cidades,Jader Filho (à direita da placa): disputa no MDB gera impasse em secretaria — Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

8 de 10


Boa vizinhança. O presidente da Argentina,Alberto Fernández,recebe Lula na Casa Rosada — Foto: Ricardo Stuckert/Divulgação

Pular

X de 10


Publicidade

9 de 10


Lula aproveitou visita ao Uruguai para se encontrar com o ex-presidente Pepe Mujica — Foto: Ricardo Stuckert/Divulgação

10 de 10


Biden recebeu Lula e a primeira-dama Janja na Casa Branca na sexta-feira — Foto: ANDREW CABALLERO-REYNOLDS/AFP

Pular

X de 10


Publicidade  

Só que os gestores dos fundos já avisaram que só aceitam o novo modelo se ele derrubar também o decreto presidencial que pune os responsáveis por “erros de gestão”,com inabilitação de até dez anos e multa de até R$ 1 milhão.

Leia também: Cármen Lúcia destrava ação que pode derrubar candidatura de Pablo Marçal no TSEE mais: Pablo Marçal tem recorde de doações de pessoas físicas entre candidatos nas capitais

Segundo esses dirigentes,manter as sanções seria a “criminalização” do setor. Curioso como esse termo,“criminalização”,tem sido usado ultimamente como sinônimo de injustiça contra pessoas que… cometeram crimes.

Os funcionários e pensionistas da Caixa,da Petrobras e dos Correios que pagam taxas extras ou sofrem descontos mensais no contracheque dificilmente encontrariam termo melhor que crime para descrever as negociatas praticadas com a poupança que eles fizeram durante uma vida para poder se aposentar com tranquilidade.

Eleições na Venezuela: Itamaraty impõe sigilo de 5 anos em documentos enviados ao TSECorrida eleitoral: Com Lula na defensiva,crise na Venezuela pauta oposição nas eleições municipais

Foi à custa de propina que Joesley e Wesley Batista confessaram ter obtido mais de R$ 500 milhões de Funcef e Petros para financiar a fusão de empresas de celulose e um fundo de investimento em florestas de eucalipto.

Foi assim,também,que Marcelo Odebrecht contou à Justiça ter convencido a Previ a comprar dois prédios de R$ 800 milhões em São Paulo. O mesmo modus operandi deu origem à Sete Brasil,que só da Petros levou R$ 1,7 bilhão e afundou sem ter entregado os navios-sonda prometidos.

Justiça Eleitoral: Pablo Marçal é alvo de ação de Tabata que pede cassação de registro e quebra de sigilo

A solução do governo Lula para diminuir a resistência ao uso dos fundos é usar o caixa das empresas para ajudar a cobrir o rombo. Os Correios já se comprometeram a colocar R$ 7,6 bilhões no Postalis. Mas o buraco é de R$ 15 bi,portanto ainda sobrará metade para funcionários e aposentados pagarem.

Na Petrobras,discute-se aporte parecido,além do fechamento de um acordo para pagar cerca de R$ 1 bilhão de compensação à massa falida da Sete Brasil — como se a petroleira,em vez de vítima,fosse culpada pelo prejuízo.

Bastidores: Os episódios que fizeram os Bolsonaro partir para cima de Pablo MarçalE mais: Candidatos armam 'frente ampla' para barrar Pablo Marçal dos debates na TV em São Paulo

Influência de Vaccari

Na cúpula da companhia,não é segredo que um dos maiores interessados nesse acordo é João Vaccari Neto,ex-tesoureiro do PT e ex-presidente do Sindicato dos Bancários. Com a volta de Lula ao poder,ele retomou a influência que tinha no passado,inclusive sobre os fundos de pensão.

É justamente na seara de Vaccari que o governo acaba de aprovar outra inovação com cheiro de naftalina. Esta permite aos sindicatos receber parte dos recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador,o FAT,para usar em projetos de qualificação e oferta de emprego.

Emendas Pix: Estados e DF copiam Congresso e distribuem R$ 8 bilhões sem transparênciaLeia também: Suspensas pelo STF,emendas Pix já foram usadas por Lira,que enviou R$ 16 mi a aliados

Como se não bastasse,deputados e senadores também poderão destinar emendas para projetos com o dinheiro do fundo — inclusive os administrados pelos sindicatos.

O objetivo é socorrer entidades que mergulharam na penúria depois que a reforma trabalhista extinguiu o imposto sindical obrigatório. O fundo,que tem R$ 107 bilhões para aplicar em projetos de emprego e qualificação,é fonte de escândalos desde bem antes da era petista.

Análise: Disputa por emendas reforça que,transparência só é bom no quintal do vizinhoE mais: Ordem de Dino fará TCU fiscalizar emendas Pix que seu governo recebeu no Maranhão

Não consta,que tenha havido algum aperto nos controles sobre a gestão do dinheiro que agora será usado por deputados e sindicalistas.

A agenda ultrapassada de que Lula faz tanta questão já tirou o PT do poder nos anos 2010 e continua a pesar sobre o partido (e a esquerda em geral).

Por isso mesmo,em tempos de Marçais e de emergência ambiental,conviria buscar novas formas de impulsionar o desenvolvimento e gerir os recursos públicos. Mas,pelo jeito,não existe no entorno de Lula criatividade ou habilidade para enfrentar os problemas do presente sem depender da volta ao passado.

Declaração: Este artigo é reproduzido em outras mídias. O objetivo da reimpressão é transmitir mais informações. Isso não significa que este site concorda com suas opiniões e é responsável por sua autenticidade, e não tem nenhuma responsabilidade legal. Todos os recursos deste site são coletados na Internet. O objetivo do compartilhamento é apenas para o aprendizado e a referência de todos. Se houver violação de direitos autorais ou propriedade intelectual, deixe uma mensagem.
©direito autoral2009-2020European Financial Journal      Contate-nos   SiteMap