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O que pode ter causado o tornado que fez naufragar o superiate Bayesian, do magnata britânico Mike Lynch
2024-08-20 HaiPress
Navios da Guarda Costeira italiana e helicópteros dos bombeiros seguem as buscas pelos desaparecidos próximo ao porto de Porticello,onde o iate de luxo afundou — Foto: Igor Petyx /ANSA/AFP
RESUMO
Sem tempo? Ferramenta de IA resume para vocêGERADO EM: 20/08/2024 - 04:30
Magnata britânico desaparece em naufrágio na Itália: possível influência das mudanças climáticas.
Magnata britânico Mike Lynch desaparece em naufrágio de superiate na Itália. Tornado súbito e mau tempo causam acidente. Mudanças climáticas no Mediterrâneo podem ter contribuído. Estrutura do veleiro e ventos intensos podem ter agravado a situação. Operação de resgate em andamento.O Irineu é a iniciativa do GLOBO para oferecer aplicações de inteligência artificial aos leitores. Toda a produção de conteúdo com o uso do Irineu é supervisionada por jornalistas.
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Enquanto seguem as buscas pelos desaparecidos no naufrágio do veleiro de luxo Bayesian,na costa de Palermo,a capital da Sicília,na manhã desta segunda-feira (19),um mistério para sobre o tornado que atingiu a embarcação e o que pode ter causado a mudança repentina nas condições de navegação.
Saiba quem é: Magnata britânico da tecnologia Mike Lynch está entre os desaparecidos em naufrágio de superiate de luxo na ItáliaVídeos: Incêndio destrói 5 mil hectares de vegetação na Ilha da Madeira,em Portugal
O superiate de propriedade do magnata britânico de tecnologia Mike Lynch,de 59 anos,que está entre os desaparecidos após o naufrágio,tinha 22 pessoas a bordo (10 tripulantes e 12 passageiros) e foi atingido por um tornado que se formou rapidamente no local. Embora o mau tempo tenha sido previsto,não era esperado que as condições marítimas sofreriam uma mudança tão severa,e provavelmente a tromba d'água tenha surpreendido a tripulação.
Um tornado como afundou o Bayesian atinge velocidades de vento entre 120 e 320 km por hora,mas pode chegar a mais de 480 km por hora. Em entrevista à Sky News,Matthew Schanck,presidente da ONG Maritime Search and Rescue Council (Conselho de Busca e Resgate Marítimo,em tradução direta),disse que o superiate estava "ancorado em um ponto conhecido",perto do porto de Porticello:
— Dependendo da direção do vento e do estado do mar,o capitão tem informações para decidir se é uma área segura para ancorar ou não. Não havia nada que fosse muito preocupante,para mim. No geral,o capitão usou as informações que tinha para tomar uma decisão segura — comentou Schanck.
Última imagem do navio antes de afundar — Foto: Reprodução
É possível que uma mudança tão brusca nas condições metereológicas estejam associadas às mudanças climáticas,que têm contribuído para o tempo instável e às vezes violento do Mar Mediterrâneo neste verão europeu.
Segundo o Financial Times,o Mediterrâneo é um local de cruzeiro que atrai superiates durante o verão do hemisfério Norte porque o clima é tipicamente quente e ensolarado,e tempestades são raras. Na última quinta-feira,o Mediterrâneo atingiu uma temperatura média de 28,9 °C — sua maior temperatura de superfície já registrada — e recordes semelhantes estão sendo quebrados em outros mares. Junho foi o 15º mês consecutivo em que as temperaturas globais do mar atingiram um recorde e os meteorologistas preveem que as águas mais quentes podem alimentar uma intensa temporada de furacões no Atlântico.
Outro fator que pode ter causado o naufrágio está ligado à própria estrutura do Bayesian. O veleiro de luxo de 184 pés tem um mastro de 75 metros — o mastro de alumínio mais alto do mundo,de acordo com a Perini Navi,fabricante da embarcação — que pode ter ampliado o efeito dos fortes ventos. Mesmo sem velas levantadas,um barco com mastro alto tem muito "windage",termo usado na aerodinâmica para descrever a área de superfície exposta ao vento. O barco pode ter adernado tanto que a água pode ter entrado através de janelas abertas,escotilhas ou escadas de convés.
Como foi o naufrágio
À Reuters,Karsten Borner,o capitão de um barco próximo,disse que estava usando seu motor para manter o controle de sua própria embarcação e evitar uma colisão com o Bayesian quando o tempo piorou. Ele disse que o Bayesian "ficou plano (com o mastro) na água e então afundou".
Até o momento sabe-se que ao menos uma pessoa morreu e seis ficaram desaparecidas após o naufrágio do Bayesian. O corpo de um homem foi encontrado ao lado da embarcação,anunciou a Guarda Costeira italiana em comunicado. A vítima seria um cozinheiro de bordo com dupla cidadania,canadense e antiguano.
O superiate com a bandeira do Reino Unido navegava no início da manhã pela costa de Palermo,quando foi atingido por uma tempestade repentina e violenta. A embarcação aparece em sites de locação com valores de até US$ 215 mil (R$ 1,1 milhão) por semana.
— Eles estavam no lugar errado na hora errada — disse à AP Salvo Cocina,da agência de proteção civil da Sicília,observando que outro superiate próximo não foi tão danificado e chegou a conseguir resgatar alguns dos 15 sobreviventes do Bayesian.
Tornado atinge superiate de luxo na em Palermo,na Itália,e deixa um morto e seis desaparecidos
O Corpo de Bombeiros da Itália informou que seus mergulhadores começaram a realizar a missão de busca e resgate ao amanhecer. Porta-voz da instituição,Luca Cari disse à imprensa internacional que a embarcação estava a cerca de 50 metros de profundidade — e que,por isso,a operação era "complicada" e exigia profissionais especializados.
Oito dos 15 passageiros resgatados foram levados para hospitais em Palermo. A passageira mais jovem a bordo,uma menina de 1 ano chamada Sophie,foi levada ao hospital Di Cristina com sua mãe,que apresentava alguns arranhões e cortes,segundo relato de Domenico Cipolla,diretor da sala de emergência pediátrica do hospital,à imprensa local. O pai da bebê estava na sala de emergência para adultos do hospital e manteve contato com sua esposa e filha por telefone.
— Todos estão em boas condições,exceto pelo grande estresse emocional — disse Cipolla ao jornal italiano Corriere della Sera. — Conseguimos fazer os pais conversarem por telefone,entre médicos e enfermeiros todos comovidos,também porque a menina está bem,os parâmetros estão bons e estamos realizando exames apenas por precaução.
À agência de notícias italianas ANSA,a mãe da menina,identificada apenas como Charlotte,disse que chegou a perder momentaneamente o contato com Sophie na água,mas que conseguiu mantê-la acima das ondas até serem retiradas por um bote salva-vidas. Segundo ela,o barco naufragou na madrugada,quando as pessoas dormiam. Por isso,disse,os passageiros acordaram já dentro da água. As operações de resgate envolveram helicópteros e barcos da Guarda Costeira e da proteção civil.
O iate,construído em 2008 pela empresa italiana Perini Navi,podia acomodar 12 passageiros em quatro cabines duplas,uma tripla e a suíte principal,além das acomodações da tripulação,segundo o Charter World e o Yacht Charters. O navio,que se chamava Salute quando navegava sob bandeira holandesa,apresentava um interior minimalista em madeira clara com acentos japoneses,projetado pelo designer francês Remi Tessier,de acordo com descrições e fotos nos sites de aluguel.
(Com New York Times)