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Desistir ou continuar criando porcos? Entenda o dilema dos suinocultores atingidos pela enchente no RS
2024-07-30 HaiPress
Eduardo Kunz,que criava suínos na cidade gaúcha de Travesseiro,diante de sua propriedade destruída pelas enchentes no Rio Grande do Sul — Foto: Marcelo Curia/Valor
RESUMO
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Enchentes no RS: Suinocultores enfrentam dilema
Suinocultores no RS enfrentam dilema após enchentes devastarem propriedades,causando prejuízos milionários e perda de milhares de animais. Famílias como os Kunz decidem abandonar a atividade devido ao alto custo de reconstrução e medo de novas inundações,enquanto outros,como Schneider,lutam para recomeçar diante de prejuízos significativos e falta de recursos. As perdas na suinocultura gaúcha chegam a R$ 80 milhões,com grande impacto no setor.O Irineu é a iniciativa do GLOBO para oferecer aplicações de inteligência artificial aos leitores. Toda a produção de conteúdo com o uso do Irineu é supervisionada por jornalistas.
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Em 1982,a família de Vernei Kunz,produtor rural do município de Travesseiro,a 140 quilômetros de Porto Alegre,iniciou um projeto para criação de suínos. Os primeiros galpões foram construídos em uma área indicada pela sua avó,que apontou para um local que seria seguro. “Se houvesse enchente,o rio nunca chegaria ali”,acreditavam,segundo ele. O negócio tornou-se uma das maiores unidades de reprodução de suínos no Rio Grande do Sul,com produção anual de 45 mil leitões e 12 funcionários.
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No dia 1º de maio de 2024,a previsão da avó de Kunz falhou. A fúria da enchente do rio Forqueta destruiu todos os galpões e a área de criação de suínos da família. Mais de 4 mil animais morreram. Das 1.300 matrizes que existiam no local,somente 700 foram salvas. Todos os 3.500 leitões foram levados pelas águas.
Segundo Eduardo Kunz,filho de Vernei,o prejuízo causado pelas chuvas na propriedade de 25 hectares chega a R$ 15 milhões. Quase três meses após as enchentes,a família ainda não sabe como fará uma retomada,mas já decidiu que vai abandonar a suinocultura. Por enquanto,o plano é limpar os escombros do terreno e preparar a área para receber lavouras de milho e soja.
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— O valor do investimento para reconstruirmos tudo o que tínhamos é muito alto. Então,vamos fazer lavoura. Agora vamos botar a cabeça no lugar e ver o que se pode fazer. Nossa área ficou inviável para instalações com suínos. A parte mais baixa da propriedade é totalmente inundável,e a mais alta tem risco de deslizamento. Além disso,o valor do investimento para reconstruir tudo o que tínhamos é muito alto,então vamos fazer lavoura afirma.
O medo de uma nova enchente é outro motivo para a decisão de não investir na atividade mais uma vez.
Eduardo Kunz perdeu 4 mil animais em sua granja com as enchentes no Rio Grande do Sul — Foto: Marcelo Curia/Valor
— No Rio Taquari houve três enchentes em oito meses. Não temos como saber se a próxima inundação aqui vai acontecer em 80 anos ou oito meses. Quem sabe se no ano que vem vamos estar falando de enchente de novo? — disse.
As perdas na suinocultura do Rio Grande do Sul causadas pelas enchentes de maio e abril chegam a R$ 80 milhões,de acordo com o Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do Rio Grande do Sul (Sips). A Associação Riograndense de Empreendimentos de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-RS) informa que as chuvas mataram quase 15 mil porcos no estado e causaram danos a 932 criações.
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Se a decisão dos Kunz é abandonar a atividade,há quem queira recomeçar mas não sabe como. Em Cruzeiro do Sul,município que fica na beira do rio Taquari,o suinocultor Paulo Schneider viveu momentos de terror durante a enchente.
Junto com sua esposa,um funcionário de sua granja e dois cachorros,ele ficou preso dois dias e duas noites no sótão da casa em sua propriedade de cinco hectares.
— Nas outras duas enchentes,no ano passado,somente o andar térreo tinha sido afetado. Mas,nessa última,a água chegou no segundo andar. A cada barulho dos cachorros eu achava que era um estralo da casa caindo — comenta.
Os três conseguiram ser resgatados com uma retroescavadeira,suspensos pela pá do equipamento.
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Em sua propriedade,680 suínos foram levados pelas águas do rio Taquari. Apenas 10 animais foram encontrados vivos.
— O mato aqui ao lado está cheio de porcos mortos — comenta Schneider,que calcula seu prejuízo em R$ 200 mil e diz que para recomeçar seriam necessários ao menos R$ 45 mil,mas falta dinheiro para a retomada.
De acordo com entidades do estado,as perdas na suinocultura gaúcha chegam a R$ 80 milhões,com quase 15 mil porcos mortos e 932 criações afetadas.