Mais recentes
-
Pacote fiscal gera crise interna na bancada do PT e desgasta relação do governo com PSOL
-
Ciência do Chope: pesquisa sobre copo ideal para cerveja surgiu em ida à piscina, conta professor
-
Protagonista da série 'Sutura', Humberto Morais fará nova novela de Rosane Svartman
-
Exoneração expõe insatisfação com esforços do governo Lula para frear crise sanitária em reservas indígenas
Por sua luta pelo reconhecimento dos sem pátria, Maha Mamo recebe o Faz Diferença 2023 na categoria Mundo
2024-06-20 HaiPress
Maha Mamo,premiada com o Faz Diferença na categoria Mundo,não pôde ir à premiação,mas agradeceu em vídeo — Foto: Alexandre Cassiano
Nascida em Beirute,no Líbano,mas sem a nacionalidade libanesa,Maha Mamo veio para o Brasil como refugiada. Aqui,iniciou uma luta para que a imigração reconhecesse os sem pátria como ela. Conseguiu seu objetivo em 2017,quando a Lei de Imigração foi mudada. Em 2018,ela finalmente se tornou brasileira. Desde então,vem inspirando outras pessoas em diversos países a lutarem pelo direito à cidadania. São quatro milhões de apátridas ao redor do mundo,e esse número pode ser maior devido à subnotificação.
FAZ DIFERENÇA 2023: Veja como foi a premiação de todas as categorias
Por essa jornada,Maha foi premiada com o Faz Diferença 2023 na categoria Mundo,na noite desta quarta-feira. Atualmente nos Estados Unidos,Maha não pôde comparecer à cerimônia,na Casa Firjan,no Rio,mas enviou um vídeo,que foi exibido aos convidados.
"Esse prêmio não é só meu,é de cada refugiado,apátrida e imigrante em situação de vulnerabilidade. Cada pessoa afetada pela discriminação,por guerra,por catástrofes naturais. A minha luta segue mais forte,há muito mais trabalho a ser feito e esse é só o começo. Agradeço muito o reconhecimento e o apoio de todos. O apoio da minha família,dos meus amigos,das pessoas que trabalham comigo,dos meus parceiros e a cada um de vocês. Vocês fazem a diferença. Muito obrigada!",afirmou ela.
Os pais de Maha fugiram da Síria para ficarem juntos,já que o país não permite o casamento interreligioso — a mãe é muçulmana e o pai,cristão — e estabeleceram-se no Líbano. Embora os filhos tenham nascido em território libanês,não puderam ser registrados como libaneses,uma vez que o país apenas permite que o pai transmita a sua nacionalidade. E também não poderiam ser sírios,já que o Estado não reconhece os filhos de casamentos interreligiosos.
Antes mesmo de entender sua condição,Maha Mamo já sentia na pele as consequências de ser apátrida. Aos 3 anos,foi barrada em diversas escolas até conseguir se matricular em uma. E foi assim nos 27 anos seguintes: sem uma nacionalidade,direitos básicos e coisas simples eram quase sempre negados ou demandavam um esforço tremendo. Foram 30 anos sob a invisibilidade até sua história inspirar uma mudança histórica na legislação brasileira e a formulação de políticas públicas em mais de 20 países.
O Prêmio Faz Diferença é uma realização do jornal O GLOBO,com patrocínio da Firjan SESI e apoio da Naturgy.